quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Preocupado em não cair, Temer paralisa gestão



Josias de Souza

Michel Temer governa com prioridade única: não cair. Para alcançar o objetivo, precisa enterrar na Câmara a segunda denúncia da Procuradoria. O velório só será concluído no final do mês. Para não desviar a atenção dos deputados que fazem o papel de coveiros, Temer empurra com a barriga o envio ao Congresso de medidas econômicas prometidas há dois meses. Sem elas, o déficit fiscal de 2018, já estimado em estratosféricos R$ 159 bilhões, pode ser ainda maior.
Ao mesmo tempo que protela medidas antidéficit, Temer gasta o que o Tesouro não tem para satisfazer os apetites dos seus aliados no Congresso. O enterro da denúncia parece assegurado. Mas o presidente, receoso, não quer correr riscos. A falta de ética e o medo se encontraram no Planalto. E deram à luz um governo com paralisia administrativa.
Já não se fala em reforma da Previdência. E as medidas que Temer retarda deveriam produzir R$ 14,5 bilhões em aumento de receitas e R$ 8 bilhões em redução de despesas. Há providências antipáticas. Por exemplo: reoneração da folha de pagamentos das empresas e o adiamento do reajuste salarial de servidores. Quanto mais perto da eleição, mais difícil de aprovar. A Fazenda pede pressa. Mas do mato do Palácio do Planalto já não sai coelho. Sai jacaré, Michel Temer, cobra, Eliseu Padilha, hiena e Moreira Franco.

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