Josias de Souza
Estava
combinado que o deputado mineiro Bonifácio de Andrada eliminaria a
denúncia contra Michel Temer, preparando-a para o enterro. Mas o relator
tucano entregou
mais do que o presidente encomendara. Ele abateu a peça da
Procuradoria-Geral da Repúclica com requintes de crueldade. Tratou Temer
e os ministros palacianos Eliseu Padilha e Moreira Franco como
inocentes criaturas, como se nada tivesse sido descoberto sobre eles. E
criticou vorazmente a Polícia Federal, o Ministério Público e até o
Judiciário. Mal comparando, Bonifácio comportou-se como uma espécie de
São Jorge às avessas. Em vez de salvar a donzela, casou-se com o dragão.
Para Bonifácio, o Ministério Público ''comanda'' a Polícia Federal e, ''mancomunado com o Judiciário'', causa um desequilíbrio entre os Poderes. O deputado avalia que agentes federais, procuradores e magistrados têm poder demais. E utilizam todo seu poderio para se sobrepor ao Legislativo e ao Executivo. ''Basta verificar que, nesses autos, a Presidência da República não é tratada com a devida reverência'', queixou-se o relator, abstendo-se de reprovar a irreverência com que os acusados tratam a chamada “coisa pública”.
O destino foi caprichoso com Bonifácio. Em 1989, o deputado foi candidato a vice-presidente da República na chapa de um personagem notório: Paulo Maluf. Nesta terça-feira, duas horas antes do início da leitura do relatório do salvador de Temer na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal indeferiu um recurso de Maluf, condenado em maio passado a 7 anos e 9 meses por lavagem de dinheiro desviado de obras públicas. Foi como se o acaso quisesse recordar a Bonifácio que suas parcerias pretéritas não o recomendam como um analista da ética alheia.
Alguém que carrega na biografia uma parceria eleitoral com Paulo Maluf e se dispõe a relatar uma denúncia por formação de organização criminosa ou é um cínico ou um tolo. Em nenhuma das duas hipóteses será o relator que a conjuntura exige. Embriago de satisfação, o advogado de Temer, Eduardo Carnelós, nem precisava ter gastado o seu latim. Na avaliação do próprio doutor, Bonifácio já acabara de ler um ''brilhante voto''.
Para Bonifácio, o Ministério Público ''comanda'' a Polícia Federal e, ''mancomunado com o Judiciário'', causa um desequilíbrio entre os Poderes. O deputado avalia que agentes federais, procuradores e magistrados têm poder demais. E utilizam todo seu poderio para se sobrepor ao Legislativo e ao Executivo. ''Basta verificar que, nesses autos, a Presidência da República não é tratada com a devida reverência'', queixou-se o relator, abstendo-se de reprovar a irreverência com que os acusados tratam a chamada “coisa pública”.
O destino foi caprichoso com Bonifácio. Em 1989, o deputado foi candidato a vice-presidente da República na chapa de um personagem notório: Paulo Maluf. Nesta terça-feira, duas horas antes do início da leitura do relatório do salvador de Temer na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal indeferiu um recurso de Maluf, condenado em maio passado a 7 anos e 9 meses por lavagem de dinheiro desviado de obras públicas. Foi como se o acaso quisesse recordar a Bonifácio que suas parcerias pretéritas não o recomendam como um analista da ética alheia.
Alguém que carrega na biografia uma parceria eleitoral com Paulo Maluf e se dispõe a relatar uma denúncia por formação de organização criminosa ou é um cínico ou um tolo. Em nenhuma das duas hipóteses será o relator que a conjuntura exige. Embriago de satisfação, o advogado de Temer, Eduardo Carnelós, nem precisava ter gastado o seu latim. Na avaliação do próprio doutor, Bonifácio já acabara de ler um ''brilhante voto''.
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