quinta-feira, 6 de julho de 2017

Aliados discutem se vale a pena manter Temer



Josias de Souza


A defesa que o advogado de Michel Temer, Antonio Claudio Mariz, entregou à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara não traz novidades nas suas quase 100 folhas. O criminalista repisa argumentos que o próprio Temer, sob sua orientação, vem despejando a esmo sobre o noticiário. Em essência, Mariz alega que o áudio que o delator Joesley Batista gravou às escondidas é duvidoso e ilegal. Mas ainda que fosse válido, não provaria que Temer cometeu crime.
A situação é espantosamente inusitada. Num instante em que os órgãos de controle do Estado travam uma guerra contra a corrupção, o presidente da República desqualifica, por meio do seu advogado, o trabalho da Polícia Federal. Pior: o presidente faz isso porque a investigação policial escora a denúncia em que ele é acusado de corrupto, destinatário da propina de R$ 500 mil que a JBS enfiou numa mala e entregou para seu preposto Rodrigo Rocha Loures.
Na coreografia que se desenrola em Brasília, a movimentação do advogado de Temer é o que menos interessa aos deputados. No momento, eles fazem uma análise do tipo custo-benefício. Perguntam aos seus botões: Vale a pena manter Temer na Presidência? Começa a se disseminar no Legislativo a tese de que o bloco governista não perde por esperar —ao contrário, só ganha!— se Temer for substituído por Rodrigo Maia, o presidente da Câmara. Se prevalecer o entendimento de que é possível mudar o status sem mexer no quo, o fisiologismo deixa de uma arma útil para Temer. A munição dos cargos e das verbas troca de mãos.

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