Levantamento do G1 mostra que, entre os presos, 19 foram condenados e aguardam seus recursos na cadeia. Outros oito aguardam primeiro julgamento.
Em pouco mais de três anos de Operação Lava Jato, 27 envolvidos permanecem presos por ordem da Justiça e 116 já foram condenados. É o que mostra um levantamento feito pelo G1. Entre os presos, 19 foram condenados (sendo 13apenas na primeira instância) e oito aguardam o primeiro julgamento.
O número de prisões decretadas ao longo da operação é maior, mas a
maioria foi revogada. Apenas em Curitiba, onde a Lava Jato é conduzida
pelo juiz federal Sérgio Moro, foram 94 prisões preventivas decretadas e
74 temporárias desde o início das investigações, em 2014.
De centenas de denunciados, pelo menos 279 envolvidos se tornaram réus na operação.
Dos 116 condenados, 97 respondem a seus processos em liberdade ou sob
medidas alternativas. Segundo levantamento da Justiça Federal do Paraná,
24 acusados estão com tornozeleira eletrônica. Outros réus não chegaram
a ter prisões decretadas, tiveram os decretos revogados pelo próprio
juiz Sérgio Moro, foram beneficiados por habeas corpus de outros
tribunais ou ainda foram soltos após pagar fiança ou fechar acordos de
delação premiada com o Ministério Público.
Dos mais de 130 delatores da operação, 35 foram alvo de alguma medida
restritiva de liberdade ou obtiveram redução de pena ou soltura após
fechado o acordo. Os outros 95 não foram alvo de pedido de prisão. Marcelo
Odebrecht é o único delator que permanece em um presídio após fechar
sua colaboração, considerada a mais rígida da Lava Jato.
Entre os beneficiados pelas colaborações estão o ex-diretor da
Petrobras Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava Jato; os
publicitários João Santana e Mônica Moura, soltos após a delação; o
ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, entre
outros.
Hoje o Supremo entende que o réu só pode começar a cumprir pena após
ter sido condenado em segunda instância, ou seja, por mais de um juiz.
Mas a prisão preventiva pode ser decretada por outros motivos, entre
eles o risco às investigações. No caso da Lava Jato, as prisões
preventivas decretadas antes das condenações têm sido alvo de críticas,
mas muitas delas foram mantidas por órgãos superiores ao julgarem os
recursos dos acusados.
Um exemplo é o do ex-ministro Antonio Palocci, preso e condenado
em um dos processos da Operação Lava Jato, que teve o pedido de
liberdade negado nesta quarta (5). Para sua defesa, a prisão é uma
"antecipação de pena", já que ele foi condenado apenas na primeira
instância. Mas para o desembargador João Pedro Gebran Neto, relator do
caso no TRF-4, a preventiva ainda se justifica, porque o próprio Supremo
entendeu que há risco de cometimento de novos delitos de lavagem de
dinheiro.
No caso do ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, o
Supremo concedeu o habeas corpus. Ele deixou a prisão após um ano e nove
meses preso no Paraná. Em duas sentenças de Moro, Dirceu foi condenado a
mais de 31 anos de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e
organização criminosa. O STF determinou a aplicação de medidas
alternativas que evitem o cometimento de novos crimes, mas entendeu que
esse risco já não existe. Como ainda não foi julgado em segunda
instância, sua situação poderá mudar novamente caso suas duas
condenações sejam mantidas.
Há condenados nas duas instâncias da Justiça, no entanto, que não estão presos. É o caso da doleira Nelma Kodama, que deixou a prisão no ano passado após assinar colaboração premiada. Ela cumpre domiciliar com tornozeleira eletrônica.
A Lava Jato também contabiliza decisões favoráveis aos réus. Pelo juiz
Sérgio Moro, houve 37 absolvições; na segunda instância, cinco. A mais
recente foi a do ex-tesoureiro do PT João Vaccari, que teve uma
condenação de 15 anos e 4 meses de reclusão revertida pelo TRF (Tribunal
Regional Federal) da 4ª Região.
Após a decisão, a defesa de Vaccari pediu sua libertação, mas o tribunal negou a liminar, entendendo que, em outro processo, ainda há fundamentação para ele continuar preso.
Para fazer o levantamento, o G1 fez
contato e apurou os números com a Justiça Federal, com a Polícia
Federal, com a Secretaria da Segurança Pública e Administração
Penitenciária do Paraná e com a Secretaria de Estado de Administração
Penitenciária do Rio de Janeiro.DO G1
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