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Campanha presidencial 2014200 fotos
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23.out.2014 - Manifestantes fazem ato pelo voto nulo na praça da Sé, no centro de São Paulo, na tarde desta quinta-feira (23) Cris Faga/Fox Press Photo/Estadão Conteúdo
Na noite desta sexta-feira, a
TV Globo exibirá o último
debate
presidencial da sucessão de 2014 —Dilma ‘53%’ Rousseff X Aécio ‘47’
Neves. O telespectador que não quiser fazer papel de bobo precisa
assistir antes ao debate levado ao ar pela mesma emissora em outubro de
2010. Nessa época, o tucano favorito para fazer de Dilma a próxima
presidente da República era José Serra. As cenas estão disponíveis na
internet. Nelas, soam cinco compromissos e declarações de Dilma:
Economia:
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“Sabe
por que aumentou arrecação [tributária]? A gente, que crescia 2,5%, às
vezes zero, esse ano estamos crescendo. A discussão é se é 7%, 7,5% ou
8%. Quando isso acontece, você arrecada mais sem aumentar impostos.”
Corrupção:
“Malfeito, você pode ter certeza que em qualquer lugar onde houver
impunidade ou não houver investigação ele vai ocorrer. É importante
investigar e punir doa a quem doer e atinja a quem atingir.”
Educação:
“Não há como fazer qualidade da educação sem pagar bem o professor.
[...] Por isso, farei da campanha para pagamento de salário dos
professores uma das questões fundamentais ao meu governo. Pagar bem o
professor é o grande desafio que nós temos nos próximos anos, para além
de qualquer outra coisa. A educação não irá pra frente se não remunerar o
professor.”
Segurança:
“O governo federal sempre disse: ‘Não é comigo, segurança pública é com
os Estados. Não acho isso. Eu tenho um compromisso: é tão grave o
problema da segurança pública que a União é obrigada a fazer uma
política em cooperação com os Estados e municípios. E isso significa,
primeiro, melhorar as polícias civis e militares dos Estados. [...]
Considero que também tem de dar condições para os Estados montarem
centros de referência, tanto na área da investigação quanto na área da
perícia criminal. [...] Proponho também a criação de polícias
comunitárias, principalmente nos bairros populares.”
Saúde:
“De fato, temos um problema sério de qualidade da saúde no Brasil.
Temos, sim, e se a gente não reconhecer que tem, a gente não melhora.
Assumo o compromisso de melhorar a saúde. Primeiro, jogando o peso do
governo federal na fiscalização da qualidade da prestação do serviço.
Depois que a gente aumentar os valores dos repasses para Estados e
municípios, nós vamos ter que completar a estrutura do SUS. O SUS é
incompleto.”
Costuma-se dizer que o brasileiro não tem memória.
Bobagem. O que o patrício não tem mesmo é curiosidade. Quem se preocupa
em rever a maravilha que Dilma pretendia vir a ser em 2010 percebe que
ela se tornou em 2014 uma personagem pior do que já foi. Quem vê no
tucano Aécio Neves uma opção ainda mais precária pode manter o voto na
oponente dele. Mas fará isso sem passar por bobo, consciente de que
optou por uma ex-Dilma.
Na economia, aquele crescimento chinês
superior a 7% com que Lula eletrificou sua “poste” virou estagnação. As
manchetes sobre corrupção não conseguem mudar de assunto. Mudam, no
máximo, de corrupto. Não há vestígio de campanha presidencial em defesa
dos contracheques dos professores. A segurança continua sendo feita
integralmente de insegurança. E o SUS ainda é o mais extraordinário
ponto de partida para construir algo inteiramente novo em matéria de
saúde pública. Caos não falta.
DO JOSIASDESOUSA
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