Após
ser qualificado, pela defesa de Dirceu, como 'pessoa de abalada
credibilidade', presidente do PTB se defende e diz que foi um 'grande
equívoco' deixar Lula fora do processo
Christiane Samarco
O Estado de S. Paulo
Antes mesmo de o Supremo Tribunal
Federal (STF) dar início ao julgamento do mensalão, o ex-deputado
Roberto Jefferson mostra que está disposto a arrastar com ele, ao banco
dos réus, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Reeleito presidente
nacional do PTB pela quarta vez consecutiva, Jefferson diz que foi "um
grande equívoco" deixar Lula fora do processo e ameaça: "Se tentarem
politizar esse julgamento, Lula vai pagar a conta. Vou à tribuna do
Supremo". O Estado de S. Paulo
Ed Ferreira/AE
Roberto Jefferson ameaça levar Lula ao banco dos réus do mensalão
O que deixou o autor da denúncia do
mensalão furioso esta semana foi a informação de que os advogados do
ex-ministro José Dirceu, apontado por Jefferson como "o chefe da
quadrilha", referem-se a ele como "pessoa de abalada credibilidade" no
memorial de defesa entregue ao STF. Tudo para desacreditar aquele que,
segundo a defesa de Dirceu, teria criado o termo "mensalão". Roberto Jefferson ameaça levar Lula ao banco dos réus do mensalão
"Qualquer ataque a mim será respondido no mesmo tom", avisa o ex-deputado. Embora tenha se surpreendido com um diagnóstico indicativo de câncer no pâncreas e já tenha agendado uma cirurgia para o próximo sábado, 28, Jefferson aposta que estará recuperado até o dia do julgamento de seu processo.
Se os demais réus fizerem uma "defesa técnica e jurídica", seu caso será conduzido pelo advogado Luiz Barbosa. Se politizarem o processo, ele faz questão de fazer pessoalmente sua defesa, como advogado que é, da tribuna do STF.
Não por acaso, Luiz Barbosa tem dito que vai usar metade da uma hora a que tem direito na sustentação oral do STF para bater na Procuradoria-Geral da República e desqualificar a denúncia, por não ter incluído o ex-presidente Lula.
Para a defesa do presidente do PTB, Lula que será apontado como comandante do esquema. A outra meia hora, Jefferson reserva para que ele mesmo possa se defender, partindo para o ataque.
O presidente do PTB lembrará que o Ministério Público sustenta a tese de que houve corrupção para favorecer o governo. E dirá que ministros são meros auxiliares, uma vez que a Constituição confere apenas ao presidente, chefe do Executivo, o poder de baixar decretos e propor projetos de lei autorizando ministros a fazer pagamentos e gastos. "O governo era o Lula, e não o Zé Dirceu", argumenta.
Ele quer rebater pessoalmente os argumentos do memorial de defesa de José Dirceu. Diz o documento que "a acusação de compra de votos é sustentada por um único e frágil pilar: Roberto Jefferson".
Em seguida, os advogados do ex-ministro afirmam que Jefferson estava "no foco de graves acusações relacionadas com a gravação de Maurício Marinho recebendo dinheiro nos Correios".
A defesa de Dirceu acrescenta, ainda, que foi esse contexto que levou Jefferson "a buscar o palanque da mídia e a inventar que parlamentares vendiam votos por uma mesada de R$ 30 mil.
Assinam o memorial entregue ao STF os advogados José Luís Oliveira Lima e Rodrigo Dall'Acqua. 20 de julho de 2012
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