Fábio Motta/AE - 25/01/2007
"Segundo o general Figueiredo, 'a declaração de Pinheiro compromete a isenção dos trabalhos'"
BRASÍLIA
- O foco de trabalho da Comissão da Verdade e as declarações dadas
naterça-feira, 15, ao Estado pelo diplomata Paulo Sérgio Pinheiro, um
dos sete integrantes do grupo, desencadearam ontem reações no meio
militar.
O
general da reserva Marco Antônio Felício da Silva defendeu que 'nenhum
militar' se apresente para prestar depoimento à Comissão da Verdade,
mesmo se convocado. Felício foi o autor do manifesto assinado contra a
criação da comissão que foi endossado por 1.568 militares da reserva,
sendo 130 generais, além de 1.382 civis.
Segundo
o general Felício, a comissão 'buscará de forma unilateral e sem a
devida isenção, como prioridade primeira, o que chamam de verdade'.
Para
ele, a comissão - que será oficialmente instalada nesta quarta - busca
comprovar uma nova história, 'colocando-os como democratas e defensores
da liberdade e dos direitos humanos quando, no passado, desejavam a
derrubada do governo e a instalação de uma ditadura do proletariado por
meio da luta armada, usando do terrorismo, assassinatos, roubos,
sequestros e justiçamentos'.
Marco
Felício, depois de salientar que os militares não aprovam os nomes
indicados pela presidente Dilma Rousseff, afirmou ainda que os
representantes das Forças Armadas não devem comparecer à comissão para
'evitar que o militar seja incriminado pelo que disser, seja execrado
publicamente, desmoralizado, segundo ato de revanchismo explícito'.
Ele
criticou ainda as declarações do diplomata Paulo Sérgio Pinheiro ao
Estado, que afirmou que 'nenhuma comissão da verdade teve ou tem essa
bobagem de dois lados, de representantes dos perpetradores dos crimes e
das vítimas'.
Outras
reações. Os ex-presidentes do Clube Militar, general Gilberto
Figueiredo e Luiz Gonzaga Shroeder Lessa, também reagiram às declarações
dos recém-nomeados integrantes da comissão da verdade.
Lessa
disse ao Estado que, 'se a comissão só tem um lado, como diz Paulo
Sérgio Pinheiro, é porque ele é tendencioso e a avaliação dele será
parcial, o que compromete seu trabalho, que deveria ser isento'. O
general Lessa questionou ainda: 'E os que foram assassinados por eles
(militantes de esquerda), não conta?'
Já
o general Figueiredo disse que 'se ele (Paulo Sérgio Pinheiro) acha que
não existem dois lados, mas apenas um, significa que os integrantes da
comissão não vão investigar os justiçamentos feitos por suspeita de
traição pela esquerda'. E emendou: 'Esta declaração compromete a isenção
dele para a realização dos seus trabalhos, que é um pressuposto da
comissão'.
Ambos
defendem ainda o acompanhamento dos trabalhos da Comissão da Verdade,
por uma comissão paralela conjunta dos três clubes militares (Naval,
Militar e Aeronáutica).
MSN-ESTADÃO
Nenhum comentário:
Postar um comentário