Casas fechadas, placas de “vende-se” e terrenos abandonados.
Enfrentando aquela que já é considerada, na Bahia, a pior seca dos
últimos 47 anos, o semiárido nordestino voltou a viver uma era de êxodo e
fuga do campo, com a saída da população da zona rural para as cidades
em busca de água. Somente na Bahia, mais de 230 municípios estão em
situação de emergência; em todo o Nordeste, mais de 4 milhões de pessoas
estariam em áreas diretamente afetadas pela estiagem.
A reportagem do UOL visitou cidades em quatro Estados da região durante uma semana e ouviu diversos relatos de moradores que saíram da região ou que viram vizinhos abandonarem seus sítios em direção a zonas urbanas ou locais com grandes obras.
A diferença do atual êxodo rural em relação ao ocorrido com mais intensidade nas décadas de 70 e 80, é que em vez de Rio de Janeiro e São Paulo, o destino dos nordestinos está mais próximo: muitas vezes é o próprio Nordeste e a região Norte.
Em Glória (BA), a reportagem encontrou moradores que estão desistindo da vida no campo e abandonando as casas em busca de uma “vida com água”. Na comunidade Porto da Serra, o último a fugir da seca foi “seu Manu”, um dos moradores mais antigos da comunidade e que deixou o casebre onde vivia para ir morar em Paulo Afonso.
“Ele arrumou as coisas ontem [terça-feira, 8] e foi embora. Vai fazer o quê aqui? Só passar sede e fome sem assistência de ninguém? Aqui não temos nem energia, nem água. É um sofrimento muito grande”, contou um vizinho.
Em Santa Brígida (BA), o êxodo rural é uma realidade que preocupa as
autoridades. “Tem muita gente indo para Paulo Afonso [cidade vizinha e
referência na região do médio São Francisco], ou Salvador, ou outra
cidade grande. Outra parte está indo para o Pará, onde estão sendo
realizadas obras. A situação é complicada aqui por conta da falta de
chuva e de perspectiva. A situação é ainda mais difícil para os jovens”,
disse o secretário municipal de Infraestrutura, Alfredo Ribeiro Neto.
Durante a visita do UOL ao município, foi comum encontrar casas fechadas e com placa de “vende-se.” “Aqui só se fala na seca. O pessoal vem para cá tentar esquecer os problemas, mas esse é o assunto. Todo mundo quer saber quando é que vai chover”, disse a dona de um pequeno bar na comunidade Caixa Cobrir, Ronilda Marques dos Santos, 33.
A situação da Bahia não é diferente a de outros Estados visitados. O funcionário público alagoano Osvaldo Nascimento, 49, conta que não suportou a falta de água no povoado Araticum e foi morar na zona urbana de Pariconha (AL).
“E olhe que lá eu tenho casa própria e aqui pago R$ 120 de aluguel, que é um valor alto para mim. Mas não tinha alternativa. Ou vinha para cá, ou ia viver sem água, que era bem pior”, relatou o servidor, que trabalha como motorista de transporte escolar e diz que vai “pensar seriamente” se voltará a viver na zona rural quando a chuva voltar a cair. “Lá o sofrimento é maior.”
Em Poço Redondo (SE), os moradores também relatam que sertanejos deixaram suas casas para tentar a vida na cidade. “Quem tem uma casa para ficar está indo passar um tempo na cidade e só vem aqui ver como as coisas estão. Ficar aqui sem água é ruim demais, só sabe quem passa”, conta Pedro Alexandre, 61. Leia mais
A reportagem do UOL visitou cidades em quatro Estados da região durante uma semana e ouviu diversos relatos de moradores que saíram da região ou que viram vizinhos abandonarem seus sítios em direção a zonas urbanas ou locais com grandes obras.
A diferença do atual êxodo rural em relação ao ocorrido com mais intensidade nas décadas de 70 e 80, é que em vez de Rio de Janeiro e São Paulo, o destino dos nordestinos está mais próximo: muitas vezes é o próprio Nordeste e a região Norte.
Em Glória (BA), a reportagem encontrou moradores que estão desistindo da vida no campo e abandonando as casas em busca de uma “vida com água”. Na comunidade Porto da Serra, o último a fugir da seca foi “seu Manu”, um dos moradores mais antigos da comunidade e que deixou o casebre onde vivia para ir morar em Paulo Afonso.
“Ele arrumou as coisas ontem [terça-feira, 8] e foi embora. Vai fazer o quê aqui? Só passar sede e fome sem assistência de ninguém? Aqui não temos nem energia, nem água. É um sofrimento muito grande”, contou um vizinho.
Mapa mostra as cidades visitadas pelo UOL em quatro Estados
Durante a visita do UOL ao município, foi comum encontrar casas fechadas e com placa de “vende-se.” “Aqui só se fala na seca. O pessoal vem para cá tentar esquecer os problemas, mas esse é o assunto. Todo mundo quer saber quando é que vai chover”, disse a dona de um pequeno bar na comunidade Caixa Cobrir, Ronilda Marques dos Santos, 33.
A situação da Bahia não é diferente a de outros Estados visitados. O funcionário público alagoano Osvaldo Nascimento, 49, conta que não suportou a falta de água no povoado Araticum e foi morar na zona urbana de Pariconha (AL).
“E olhe que lá eu tenho casa própria e aqui pago R$ 120 de aluguel, que é um valor alto para mim. Mas não tinha alternativa. Ou vinha para cá, ou ia viver sem água, que era bem pior”, relatou o servidor, que trabalha como motorista de transporte escolar e diz que vai “pensar seriamente” se voltará a viver na zona rural quando a chuva voltar a cair. “Lá o sofrimento é maior.”
Em Poço Redondo (SE), os moradores também relatam que sertanejos deixaram suas casas para tentar a vida na cidade. “Quem tem uma casa para ficar está indo passar um tempo na cidade e só vem aqui ver como as coisas estão. Ficar aqui sem água é ruim demais, só sabe quem passa”, conta Pedro Alexandre, 61. Leia mais
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