Mino Pedrosa
HOJE TEM MARMELADA...
Nas últimas semanas a Capital Federal foi coberta por uma lona colorida desvendada para todo o país, mas que na realidade estava sendo montada desde a posse do governador Agnelo Queiroz em janeiro deste ano. No picadeiro, as trapalhadas criminosas da carreira política do governador Agnelo (PT). Na platéia, a população atenta de Brasília sempre pronta a responder a um grande espetáculo. No camarote VIP, o vice – governador Tadeu Filipelli ( PMDB) e também algoz nos bastidores, cobiçando a cadeira do Palácio do Buriti. No destaque do espetáculo, o malabarista e delator Daniel Tavares, ex-funcionário do Laboratório União Química. Dançando na cena, a bailarina e deputada distrital Celina Leão (PSD). No patrocínio do espetáculo o empresário Marcos Pereira Lombardi, o conhecido Marcola. Animando o show, o sempre ardiloso Gato de Botas senador Gim Argelo (PTB-DF). Na arrecadação e bilheteria Eduardo Pedrosa, irmão da deputada distrital Eliana Pedrosa (PSD) responsável por toda a direção desta cena. Na portaria, fazendo a segurança do governador Agnelo Queiroz, o sempre vigilante deputado distrital Chico (PT).
A "produção" será mostrada com exclusividade pela Revista Eletrônica Quidnovi que revela agora os bastidores deste circo.
Governador Agnelo
Um telefonema de Daniel Tavares para um ex- assessor de Gim Argelo, deu início a uma história policial envolvendo o Governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz: o ex-funcionário do Laboratório União Química tentava fazer parte do rol dos delatores dos crimes praticados pelo governador na sua trajetória política.
Daniel Tavares
Logo após a posse de Agnelo em janeiro de 2011, Daniel procurou a imprensa e revelou atos de corrupção envolvendo o governador do DF quando estava à frente da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Na ocasião, Daniel já tentava tirar proveito das informações que até a época mantinha em segredo. Ameaçava denunciar o governador com gravações de áudio, recibos de transferências bancárias e vídeos comprovando o pagamento de propina a Agnelo. Procurou a imprensa (revistas, jornais, blogs) com o mesmo discurso e pedia dinheiro para garantir sua segurança em outro Estado. Por outro lado, fazia chegar aos ouvidos do governador o contato que estava tendo com a imprensa. Assim começou o processo de chantagem.
A pressão foi forte e Agnelo então cedeu a Daniel nomeando-o ex-funcionário da União Química e a esposa, para cargos comissionados no GDF em troca do silêncio. Mas para Daniel isto era pouco. Foi quando o escândalo das ONGs no Ministério do Esporte envolvendo o soldado quatro estrelas João Dias, estourou no plano nacional e Daniel quis pegar carona, chantageando mais uma vez o Governador do DF, buscando dinheiro para garantir sua estabilidade como empresário no ramo de pizzas.
A ponte seria o amigo, ex-assessor do senador Gim Argelo (PTB) que informou ao telefone não estar mais com Gim e sim com a deputada distrital Eliana Pedrosa (PSD). Daniel gostou da idéia e achou que Eliana poderia ser a empresária a bancar seu silêncio. Para tanto, usou um oficial da PM, amigo comum, para levar a proposta de denúncia à deputada distrital.
Daniel foi então conversar com os irmãos Pedrosa, Eliana e Eduardo e pediu R$ 300 mil para abrir a boca. A deputada distrital olhando seu leque de aliados, traçou o plano a partir da conversa com o sócio oculto nos negócios da família Pedrosa: o vice-governador peemedebista Tadeu Filipelli.
Filipelli , de olho na cadeira do Buriti ainda ocupada pelo petista Agnelo, sugere aos irmãos Pedrosa que procurem o ex-governador Joaquim Roriz (PSC) , afim de dar um tom de rivalidade política às denúncias de Daniel e abafar o caso.
A deputada distrital Eliana tenta contato com o ex-governador Joaquim Roriz, sem sucesso, porque Roriz estava debilitado após uma cirurgia. O outro Pedrosa, Eduardo, investe na filha de Roriz, a deputada distrital Liliane Roriz e sugere que ela peça ao pai R$ 300 mil para arrancar Agnelo do Palácio do Buriti. Mas não revela a estratégia. Liliane não concorda e avisa que o pai está em tratamento de saúde e não deve ser incomodado.
Eduardo então procura o milionário senador Gim Argelo e tenta o patrocínio da Operação Paraguai. Gim não coloca o dinheiro diretamente na mão de Eduardo, mas encaminha o fiel escudeiro e irmão da deputada distrital, Eliana Pedrosa, mentora da Operação, para o seu amigo de todas as horas: o empresário Marcola
Eduardo convence Marcola, mas precisa mostrar o conteúdo das denúncias. Aí, convida Daniel para um encontro em sua casa, onde sem que Daniel saiba, gravou toda a conversa narrada pelo delator, adiantando parte do pagamento para obter o recibo de transferência bancária de R$ 5 mil efetuados para Agnelo. Com uma amostra das provas nas mãos Marcola acredita na denúncia de Eduardo e banca a operação.
No dia seguinte, Eduardo chama Daniel novamente. Desta vez o encontro se deu na casa da deputada Eliana Pedrosa. Ali estava montado um estúdio de TV com toda infra estrutura de gravação. Mas havia um problema. Eliana e Eduardo não queriam aparecer e a solução foi chamar a deputada Celina Leão, presidente da Comissão de Ética da Câmara Legislativa para dar um ar de legalidade às denúncias da Operação Paraguai.
Tudo parecia caminhar bem, quando Daniel , na presença de nove pessoas, cobra o pagamento prometido em troca das denúncias e o restante das provas. Neste momento, a gravação pára. Eliana que estava durante todo o tempo em outro cômodo da casa, aparece com o DVD na mão, avisa que não tem o dinheiro e a mídia é quebrada encerrando o pacto com Daniel.
Enquanto isso, os irmãos Pedrosa convencem a deputada distrital Celina Leão a dar continuidade a Operação Paraguai montada por Eliana, mostrando o recibo de transferência bancária de R$ 5 mil de Daniel Tavares para a conta de Agnelo Queiroz no HSBC. Em paralelo, uma das nove pessoas, gravou sem ninguém saber, no telefone celular, o desabafo de Daniel dizendo que estava fazendo aquilo porque precisava de dinheiro. A esposa de Daniel acompanhou toda a gravação. Ou seja, o making off desta história toda já está na Polícia Federal hoje, 10 de novembro de 2011.
Após a reunião, Eduardo Pedrosa se aproximou de Daniel e perguntou se ele estava mesmo disposto a estourar a história. Daniel na hora de assinar o depoimento à Comissão cobrou a fatura: um emprego, três anos de aluguel de um apartamento e mais uma quantia em dinheiro. Celina Leão que não sabia de nenhum pré-acordo com o delator, informou que não haveria nada em troca e achou que o caso estava encerrado. Tudo isto aconteceu na última semana de outubro passado.
Enquanto isso, os rumores corriam na Capital Federal e circulou que existia uma gravação em vídeo na casa de Eliana Pedrosa. Celina pediu a Eliana que entregasse a gravação para ser apresentada na Comissão de Ética. Mas a distrital explicou que o vídeo estava sendo degravado.
Diante dos burburinhos que corriam na Capital da República, Celina decidiu que era chegada a hora da denúncia e resolveu convocar a imprensa, na semana passada, depois de quase um mês da gravação na casa da colega de partido. De posse do recibo de transferência bancária de R$ 5 mil de Daniel Tavares para a conta de Agnelo Queiroz no HSBC, a presidente da Comissão de Ética da Câmara Distrital denuncia o novo escândalo e cobra publicamente de Eliana Pedrosa a gravação do depoimento de Daniel feito na casa da colega. Eliana não entrega o vídeo na hora, explicando que está sendo feita a degravação, e acaba entregando o material na PF gravado e editado.
Diante da denúncia apresentada por Celina, chega a Chico Vigilante a possibilidade de um contra-ataque através uma gravação com Daniel desmentindo tudo para salvar Agnelo. A decisão de procurar Daniel foi tomada dentro do Buriti na presença do Governador, advogados, secretários e pessoas estranhas ao Governo. Na reunião, foi avaliado o risco que o interlocutor do Governo correria ao procurar Daniel. Mas a conclusão que chegaram foi de que não haveria alternativa.
Não se sabe quanto custou a Chico Vigilante convencer Daniel a desmentir o depoimento prestado à Comissão de Ética da Câmara Distrital patrocinado por Marcola. Mas, o que a cúpula reunida no Buriti não tinha avaliado foi que a ida do deputado Chico Vigilante ao plenário da Câmara Distrital e a convocação da imprensa para denunciar uma possível armação de adversários políticos fosse levar o caso para a Polícia Federal e o Ministério Público.
Agora as investigações da Polícia vão chegar a esta história e mais uma vez será comprovado outro crime de Agnelo.
Depois da repercussão nacional, o escândalo provocou uma enxurrada de pedidos de impeachment do Governador do DF. Um dos mais consistentes é o apresentado pelo grupo de senadores que faz oposição ao governo petista, cujo conteúdo não conta somente com o crime revelado por Daniel e sim tudo que Agnelo cometeu no passado e trouxe à baila através de nomeações para dentro do GDF, comprovando que o político sempre pagou pelo silêncio usando a máquina administrativa do Governo. Isso é que caracteriza e comprova o crime continuado.
Há poucos dias, a União Química ganhou um presente. Desde 2003 a Indústria Farmacêutica solicitou um empréstimo ao GDF, mas nunca conseguiu sucesso. Agora, justamente no Governo Agnelo, ao qual doou uma quantia na campanha, e está envolvida no escândalo de pagamento de propina para o Governador, foi contemplada. O documento publicado no Portal da Transparência revela a transação.
PANO DE FUNDO
A Revista Quidnovi denunciou com exclusividade, em setembro passado, um aparelho repressor que funcionava no coração de Brasília. Alí várias pessoas foram vítimas de vilões de formação e construção de dossiês para extorquir e chantagear políticos, empresários e até jornalistas. A chamada Casa da Maldade tem até assessor de imprensa o jornalista Mateus Machado, que hoje cria dificuldades para vender facilidades em forma de consultoria.
A Casa da Maldade contou, até ser denunciada pelo Quidnovi, com a freqüência de pessoas ilustres no seu portfólio de serviços, como o vice-governador do DF Tadeu Filipelli, o governador do DF Agnelo Queiroz, o conhecido soldado 4 Estrelas João Dias, a deputada distrital Eliana Pedrosa e o irmão Eduardo Pedrosa; o deputado Alberto Fraga (DEM), o super-secretário Paulo Tadeu (PT) e alguns empresários com contratos milionários dentro do GDF.
Alguns flagrantes foram comprovados, quando o Quidnovi revelou a existência do aparelho repressor. Interesses empresariais eram discutidos e explorados dia a dia por um grupo de policiais e arapongas aposentados pela ABIN – Agência Brasileira de Informações, que usava a estrutura policial do Governo para chantagear vítimas financiadas por interesses escusos.
A Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal enviou ofícios para o Ministro da Justiça, Polícia Federal e Ministério Público solicitando a abertura de investigação contra o aparelho repressor, na QL 12, conjunto 4, casa 2, do Lago Sul, denunciado pelo Quidnovi em 25 de setembro de 2011.
O senador Eunício Oliveira (PMDB – CE) teve seu nome na Casa da Maldade. Dossiês que apontavam irregularidades em suas empresas que atuavam no DF e na Petrobrás foram explorados por concorrentes que se mostravam parceiros e por trás espalhavam os relatórios pelas redações de jornais para derrubá-lo, como o Estadão, que chegou a publicar uma matéria sobre o assunto. A empresa Confere que presta serviço nas áreas de alimentação e locação de mão de obra pra o GDF foi o alvo principal. O contratante desses dossiês foi Eduardo Pedrosa também proprietário de empresas que disputam o mercado com Eunício.
O ex deputado federal e ex-secretário de Transporte do DF, o democrata, Alberto Fraga, investigado no escândalo de cobrança de propina nos Transportes de Brasília, foi vítima do próprio veneno. Encomendou um dossiê dos Irmãos Pedrosa para a Casa da Maldade, quando descobriu que estava sendo investigado pelo aparelho. Ali prevalece quem paga mais. No período da Campanha Eleitoral de 2010, o candidato Agnelo usou a Casa como ponto de ataque para atingir os adversários. Eleito, retornou duas vezes, mas ninguém sabe o que foi encomendar.
Sabe-se que Tadeu Filipelli é freqüentador assíduo. João Dias também já colheu, usando a Casa, depoimentos de pessoas que denunciaram Agnelo no período de Campanha. Inclusive, manteve na Casa uma testemunha em cárcere privado por dois dias e "emprestou" para trabalhar no aparelho "amigos" que garante serem policiais federais.
Filipelli convenceu Eliana Pedrosa e juntos, formaram uma aliança velada de oposição dentro do Governo Agnelo. Em contrapartida, beneficiou as empresas da família Pedrosa formando um pool com contratos de gaveta envolvendo o Grupo Brasforte, de Robério FIlho , 1º suplente de deputado distrital do PMDB e dono de uma fatia milionária de contratos no GDF.
Eliana, Eduardo e Filipelli aliados a outro velho conhecido José Celso Gontijo atravessaram fronteiras e se instalaram no Rio de Janeiro no Governo de Sérgio Cabral. As empresas Dinâmica Facility, Elfe , Esparta e Braslav fazem parte de uma holding no eixo dos Governos do Rio e do DF. Eliana emplacou através de Filipelli uma sobrinha como secretária particular do governador Sérgio Cabral. Ali, nasce o trânsito facilitado para as empresas do Grupo Filipelli/Pedrosa. Este é um hábito político usado há muito tempo pelos governantes, que trocam empresas entre seus correligionários em outros Estados.
A Braslav faz parte do pool de empresas de Robério, Filipelli e dos Irmãos Pedrosa, com contrato milionário no GDF, e é responsável pela lavagem de roupa suja do Governo. Ao abocanhar o contrato com o GDF a Braslav saltou de uma para oito unidades espalhadas por todo o Distrito Federal, tornando-se uma das maiores redes de lavanderia da cidade.
A Dinâmica Facility atua fortemente no programa de Governo do Rio de Janeiro que faz entrega de remédios em casa, e a Elfo abocanha alguns milhões no Governo Federal através da Petrobrás.
No Rio de Janeiro está instalada também uma das empresas do Grupo Filipelli/Pedrosa que atua fortemente no mercado de remédios, sendo alvo de investigação da polícia federal.
Eunício Oliveira também tem empresas que atuam no eixo Rio/Brasília no Governo Sérgio Cabral e Petrobrás. Um ex-gerente da Confederal, do Grupo de Eunício, Raul Barbosa da Silva foi descoberto como líder de um roubo aos cofres da empresa. Foi condenado a 14 anos de prisão, mas não cumpriu um dia sequer da pena. Raul também tem em sua folha corrida, assaltos a bancos.
Há cerca de 2 meses Raul , a serviço da Casa da Maldade, contatou um dos advogados de Eunício e fez uma proposta a pedido de um empresário concorrente, no valor de R$ 1 milhão, para entregar os pontos fracos do Senador. Pediu os números de telefones usados por Eunício, documentos que estavam em posse do advogado e os pontos que poderiam ser explorados para destruir o senador. E ofereceu o dinheiro. O advogado ficou de pensar e conversou com Eunício. O senador pediu que o advogado registrasse o encontro. O advogado então filmou e gravou Raul Barbosa em serviço para Casa da Maldade.
Outra vítima da Casa da Maldade foi a procuradora geral do Tribunal de Contas do DF, Cláudia Fernanda de Oliveira Pereira , quando cuidava do caso das investigações do Instituto Candango. Cláudia foi grampeada e teve sua privacidade invadida pela Casa. A Polícia Federal investiga este caso.
A deputada distrital Eliana Pedrosa deixou o DEM, partido pelo qual foi eleita, para engrossar a base aliada do PT, no PSD. Todas as empresas da deputada estão em nome da sua família, dos filhos de Filipelli e do empresário Robério Bandeira de Negreiros, pai de Robério Filho.
Eduardo Pedrosa, irmão de Eliana Pedrosa, foi preso pela Polícia Federal durante a Operação Vampiros do Ministério da Saúde. Eduardo foi flagrado levando dinheiro que dizia ser para o então Ministro Humberto Costa. Robério Filho também já foi preso na Operação Sentinela pela Polícia Federal, num esquema de corrupção dentro do TCU – Tribunal de Contas da União. Hoje os dois estão à frente das empresas das famílias, juntamente com os filhos do vice-governador Tadeu Filipelli.
Diante de tantas investigações e invasões de privacidade, o senador Eunício fez chegar às mãos da Polícia Federal a gravação da conversa entre seu advogado e o bandido a serviço da arapongagem. A PF e o Ministério Público já investigam a True Safaty, razão social da Casa da Maldade, montada na QL 12, conjunto 4 casa 2, na Península dos Ministros no Lago Sul, em Brasília.
O Quidnovi registrou várias pessoas que freqüentavam a Casa da Maldade e revelou algumas. Outras, como policiais, políticos e empresários serão entregues diretamente à Justiça.
DO COM GENTE DECENTE
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