segunda-feira, 15 de agosto de 2011

ONG diz que recebeu proposta de deputada para virar "laranja" em fraude do Ministério

Wladimir Furtado, dono da Conectur, entidade investigada por fraudes com verbas do Ministério do Turismo no Amapá, revelou no último domingo (14) que recebeu uma proposta da deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP) para ser "laranja" num convênio de R$ 2,5 milhões com o governo federal.
-A deputada queria pegar a Conectur para servir de laranja. Ela gostaria que a Conectur entrasse só com o nome [...] Ela queria fazer o serviço do jeito dela, que ela tomasse conta, deixasse contador, advogados e técnicos por conta dela.
Furtado afirmou ainda que preferiu não entregar a responsabilidade da execução do convênio para Fátima.
- Eu disse: deputada, não vou assinar cheque em branco. Depois sou eu que vou prestar contas.
Apesar do suposto cuidado na relação com a deputada, a Conectur, como mostra a investigação da Polícia Federal, integrou o esquema de desvio de dinheiro do Ministério do Turismo. A entidade foi usada para subcontratar as mesmas empresas de fachada envolvidas no esquema do Ibrasil (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável), entidade pivô da Operação Voucher.
Além dos R$ 2,5 milhões recebidos do ministério em 2009, a Conectur recebeu depois R$ 250 mil do Ibrasi a título de "subcontratação". De acordo com as investigações, a Conectur é o embrião do esquema de desvios de recursos do ministério no Amapá.
A entidade é registrada numa igreja evangélica - onde Furtado mora. Os R$ 2,5 milhões deveriam ser usados para "Realização de Estudos e Pesquisas sobre Logística no Turismo no Estado do Amapá, levando em conta a situação das redes estabelecidas ao redor dos serviços turísticos". Mas, segundo o TCU (Tribunal de Contas da União) e o Ministério Público Federal, o contrato não foi executado, além de ter sido palco de desvios para empresas de fachada.Wladimir Furtado foi preso pela Operação Voucher, e solto na madrugada de sábado (13). É a primeira vez que ele admite o envolvimento da deputada no esquema que levou 36 pessoas à prisão na terça-feira (9).
Em nota divulgada na quinta-feira (11), Fátima nega que tenha recebido dinheiro de empresas ou instituições ou qualquer esquema fraudulento e diz que tomará as medidas cabíveis contra as "calúnias": "Meus sigilos bancário, fiscal e telefônico estão à disposição".
A parlamentar afirmou que solicitou "uma rigorosa análise técnica e jurídica e o que ainda couber" para apurar suposto desvio de recursos do Turismo. "Estou acompanhando o desenrolar da investigação dos órgãos competentes com a expectativa de que todos os fatos sejam esclarecidos e, na identificação dos culpados, que sejam punidos."
Justiça
O advogado de Furtado, Maurício Pereira, disse que vai requisitar que todo o inquérito da Operação Voucher seja enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal), onde Fátima Pelaes tem foro privilegiado. Na opinião dele, seu cliente não pode mais nem ser denunciado na primeira instância, como planeja o Ministério Público Federal.
- Se há indícios de participação da deputada Fátima, a competência é do STF. Tem que subir tudo para lá.
FONTE: R7

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