sexta-feira, 17 de junho de 2011

A má notícia sobre o Supremo

Ai, ai…
A turma do fumacê poderia, ao menos, queimar o seu mato e se dedicar a seus substantivos celestes, em vez de vir aqui tentar torrar a minha paciência. Digo “tentar” porque, de fato, não torra, não. À diferença deles, eu considero que o embate e a divergência são parte do jogo. Eles fumam maconha; eu fumo democracia e Hollywood também, do que não me orgulho. E, à diferença do ministro Ricardo Lewandowski, sei que café é café, tabaco é tabaco, álcool e álcool, cocaína é cocaína, crack é crack.
Cada coisa é o que é em sua natureza, e a cultura as coloca numa teia de relações, gerando, então, os valores. O raciocínio que pretende colocar café e maconha numa mesma categoria é expressão de uma leitura do mundo — um mundo que não é o meu e, por isso mesmo, reajo. Reajo porque Lewandoswski e os que pensam como ele se negam a levar até o fim a sua ilação.
Em sendo, pois, “tudo droga”, a ampla exposição dos indivíduos às substâncias entorpecentes — cigarro e tabaco não o são, é bom lembrar —, tende a provocar uma elevação brutal do consumo, como elevado é o consumo de café e tabaco. Se “é tudo igual”, como diz Lewandowski, há que se supor uma tendência à equalização do consumo. E a sociedade terá que lidar com as conseqüências dessa elevação do consumo nas escolas, nas empresas, nas ruas, no trânsito, nas estradas, no sistema de saúde.
Tenho uma má notícia. O ajuntamento do Supremo poderia ter tido um resultado virtuoso, de sorte que os bons elevassem o padrão intelectual dos ruins. Mas a experiência está sendo malsucedida: os ruins é que estão rebaixando o padrão dos bons.
Por Reinaldo Azevedo

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