O jornalista americano David Harsanyi cunhou a expressão “Estado-babá” para designar a tendência de hipertrofia do estado, que se mete em todas as searas da vida do cidadão. E há quem ainda ache pouco. Uma pessoa com tendências hiperbólicas poderia dizer, num rasgo de indignação de gosto duvidoso: “Querem mandar até nas nossas cuecas, até nas nossas calcinhas!” ‘Pois é… Chegamos lá. Leiam o que informa a Folha Online. Volto em seguida:
Etiqueta de roupa íntima terá de alertar sobre câncer
Por Larissa Guimarães:
Roupas íntimas terão de ser vendidas no Brasil com etiquetas que alertarão contra os cânceres de mama, colo de útero e próstata. O projeto de lei que prevê a nova regra foi aprovado ontem de forma conclusiva pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados. Como o projeto já havia passado pelo Senado, o texto seguirá para a sanção presidencial, caso não haja recursos no prazo de cinco dias. Pela proposta, as cuecas de tamanho adulto terão de trazer uma etiqueta com advertência sobre a importância do exame de câncer de próstata para os homens com mais de 40 anos.
Roupas íntimas terão de ser vendidas no Brasil com etiquetas que alertarão contra os cânceres de mama, colo de útero e próstata. O projeto de lei que prevê a nova regra foi aprovado ontem de forma conclusiva pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados. Como o projeto já havia passado pelo Senado, o texto seguirá para a sanção presidencial, caso não haja recursos no prazo de cinco dias. Pela proposta, as cuecas de tamanho adulto terão de trazer uma etiqueta com advertência sobre a importância do exame de câncer de próstata para os homens com mais de 40 anos.
Também será obrigatória a fixação de mensagem em calcinhas no tamanho adulto sobre “a importância do uso de preservativos como forma de prevenção do câncer de colo de útero e da realização periódica, por todas as mulheres com vida sexual ativa, de exames de detecção precoce dessa doença”. Nos sutiãs, a etiqueta deverá alertar sobre a importância do autoexame dos seios para detecção precoce de câncer de mama, além de trazer informações sobre como fazer o exame. A regra se aplica a todas as peças produzidas ou vendidas no Brasil, mesmo aquelas importadas.
O projeto prevê ainda uma série de punições para as empresas que descumprirem a regra, como apreensão do produto, suspensão da venda ou da fabricação, cancelamento de autorização de funcionamento da empresa e proibição de propaganda. O Ministério da Saúde irá definir como será a aplicação e a fiscalização da nova regra. Após a sanção presidencial, fabricantes e comerciantes terão 180 dias para se adaptar à novidade. O projeto tramita no Congresso desde março de 1999. Foi apresentado pelo ex-deputado Barbosa Neto (PMDB-GO). Ao justificar a proposta, naquela época, o ex-deputado argumentou que “a informação nas mãos do consumidor tende a alertar de modo contínuo”.
Para o mastologista do Hospital Sírio Libanês, José Luiz Bevilacqua, todas as formas de informação são importantes, mas a orientação sobre a realização do autoexame dos seios não é a recomendada pelo Inca (Instituto Nacional do Câncer). “Isso é completamente inapropriado”, diz Bevilacqua. “O certo, segundo o Inca, é fazer mamografia a partir dos 50 anos.”
Voltei
Nunca li as etiquetas das minhas cuecas e tenho a certeza de que não perdi grande coisa. Não por pudicícia, mas por pudor cívico, tenho até certa vergonha de escrever a respeito desse assunto. É impressionante que as coisas tenham chegado a esse ponto!
Nunca li as etiquetas das minhas cuecas e tenho a certeza de que não perdi grande coisa. Não por pudicícia, mas por pudor cívico, tenho até certa vergonha de escrever a respeito desse assunto. É impressionante que as coisas tenham chegado a esse ponto!
A roupa íntima é, primariamente, uma questão de higiene — eventualmente, da falta dela. Ganhou, com o tempo, um apelo erótico. Agora, cuecas, calcinhas e sutiãs podem passar por um processo de “medicalização cidadã”. No caso da mensagem sobre o câncer de seio, ademais, alerta um especialista, a orientação é inadequada. Mais um pouco, haverá Brigadas do Bem prontas a conduzi-lo, leitor, a uma exame de próstata, ainda que você não queira. Entenda: não existe propriedade privada, nem a do corpo, quando o assunto é o seu bem-estar, entendeu?
Estamos num processo progressivo de estatização dos orifícios!
É uma decisão asnal. Depois da segunda ou terceira vez — na hipótese de que alguém lerá a primeira —, ninguém nem mais vai se lembrar da etiqueta; estará lá como outra qualquer, a exemplo daquelas recomendações presentes em todas as roupas sobre como lavar, secar, passar…
Logo vão querer decidir, para usar a lingaugem de Camões, qual é o lado certo para acomodar “Adamastor, o Sacrílego Gigante”, que parece um esquerdista nato, mas, você sabem, é só uma questão cultural…
Vivemos sob a era da tutela. Resumiu um leitor deste blog em 2008:
“Vai transar? O governo dá camisinha e pílula. Já transou? O governo dá pílula do dia seguinte. Engravidou? O governo dá o aborto. Teve filho? O governo dá Bolsa Família. Tá desempregado? O governo dá Bolsa Desemprego. Vai prestar vestibular? O governo dá o Bolsa Cota. Não tem terra? O governo dá o Bolsa Invasão”.
“Vai transar? O governo dá camisinha e pílula. Já transou? O governo dá pílula do dia seguinte. Engravidou? O governo dá o aborto. Teve filho? O governo dá Bolsa Família. Tá desempregado? O governo dá Bolsa Desemprego. Vai prestar vestibular? O governo dá o Bolsa Cota. Não tem terra? O governo dá o Bolsa Invasão”.
Na pinta!
Quem diria! Eu jamais imaginei — e nem ela, vinda lá das lidas da VAR-Palmares — que Dilma Rousseff, um dia, decidiria a conformação das nossas cuecas, calcinhas e sutiãs.
REV.VEJA
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