quarta-feira, 13 de abril de 2011

Mantega está perdidaço


Brasil Econômico -  Poucos políticos são tão próximos de José Serra quanto o Senador tucano Aloysio Nunes Ferreira. Com o capital político ampliado depois das eleições do ano passado, quando mostrou que também é bom de voto, ele se tornou uma referência obrigatória nos momentos de crise do PSDB. Ao BRASIL ECONÔMICO, ele falou abertamente sobre o embate do partido em São Paulo e se posicionou sobre a reforma política. se colocando contra o financiamento público de campanha.
Como avalia o embate interno entre vereadores e dirigentes do PSDB em São Paulo?
Acho que excluir os vereadores (do comando do partido na capital) é um erro grave do grupo majoritário. A bancada de vereadores é o seguimento mais próximo do eleitorado da capital.
Os vereadores tucanos são muito próximos ao prefeito Gilberto Kassab. Acha que esse racha pode ter sido influenciado por ele?
Não houve influencia do Kassab no racha. A bancada dos vereadores está unificada e afinada como projeto do PSDB. A pretensão dos vereadores (de participar do comando da legenda) é legítima.
José Serra será candidato a prefeito em São Paulo
Não existe essa hipótese.
O sr. pretende ser candidato?
Não há debate ainda, só ambições. Mas eu não serei…
Qual será então o papel de Serra no PSDB?
Dentro do PSDB, o Serra é o político com maior capital eleitoral. Ele terá um papel importante na preparação do partido para os embates futuros.
Como a saída de Gilberto Kassab do DEM pode prejudicar o PSDB?
Ele deixou o DEM, mas espero que continuemos aliados ao Kassab em seu novo partido. Acho importante a manutençãode uma frente semelhante a que tivemos em 2010 em São Paulo.
O Senador Aécio Neves é o líder natural da oposição?
É um dos líderes mais expressivos, mas nem ele pretende ter esse papel (de liderar a oposição).
Vamos falar sobre reforma política. Defende o financiamento público de campanha?
Sou contra. Já há muito dinheiro público financiando atividades partidárias. O dinheiro público não deve ser canalizado para campanhas individuais. Isso só teria sentido com o voto em lista, que tambémsou contra.
Não acha que uma comissão mista entre Senado e Câmara tornaria o debate mais ágil?
Uma comissão mista teria sido mais produtiva,mas esse não é o problema. O que me parece excessivo é o prazo da Câmara (180 dias para formular um projeto). Alguns deputados da comissão da Câmara criticam justamente a pressa do Senado… Ninguémvai inventar a roda. As propostas já estão sedimentadas há muito tempo. O voto majoritário para eleições proporcionais, o distritão, é a única novidade. E, na minha opinião, é uma ideia nefasta.
Por que nefasta?
Porque ele só exacerba os defeitos do sistema atual: personalismo, precariedade dos vínculos entre eleitores e eleitos, fim dos partidos políticos e custo elevadíssimo das eleições parlamentares. Não há um grande interesse popular pela reforma. A própria Presidente da República, ao apresentar sua mensagem ao Congresso no começo do ano, colocou a reforma política como prioridade urgente. Mas até hoje o governo não deu sinal sobre quais são suas ideias.
O que acha da lista fechada?
A lista fechada caça o direito de voto do eleitor e deixa a escolha de quem será deputado e vereador a cargo da burocracia partidária. O problema do sistema político brasileiro é o esgarçamento da relação do eleitos com eleitores. Proponho sistema distrital, que aproxima eleitor do eleito. É uma idéia revolucionária. Misto para deputados e puro para vereadores nas cidades com mais de 200 mil. Não é consenso no PSDB, mas é bem aceita. Já apresentei e esta tramitando uma PEC e um Projeto de Lei. Tem chance de passar porque não exige reforma constitucional.
Defende que a reforma política inclua a janela da transferência de partido no fim de mandato (ou janela da traição)?
Radicalmente contra. Sou a favor do entendimento do STF, mandato pertence ao partido.
Quais pontos da reforma terão mais aceitação no plenário do Senado?
A ideia com maior aceitação e que conta com uma maioria expressiva é o fim da coligação em eleições proporcionais. Outros temas mais irrelevantes, como a mudança da data da posse para governador e presidente, também ser aprovados com tranqüilidade. Não contribui em nada para aperfeiçoar o sistema político. Posse no dia 1 é ruim para quem perde, para quem ganha é otimo.
Acredita que as mudanças da reforma política serão válidas para 2012?
Não creio. Se a Câmara arrastar isso para o segundo semestre, acho muito difícil qualquer proposta valer para 2012.
Como avalia a política econômica de Dilma nos 100 dias de governo?
O Guido Mantega está perdidaço e andando de um lado para outro como peru em véspera de natal que ingeriu cachaça. Está preso em dilemas que não consegue resolver. Os cortes são para valer? Dilma anunciou desoneração tributária da folha de pagamento há três meses como a primeira fatia do projeto de reforma tributária. Cadê o projeto? Estou esperando a primeira fatia do salame até agora.
Acha necessária a criação de um ministério pare micro e pequena empresa?
É um exagero. Vão criar um ministério só para acomodar o (José Eduardo Dutra) no senado.

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