terça-feira, 25 de setembro de 2018
"O regime de Nicolás Maduro mata sua população de fome ou à bala, e há
candidatos à Presidência da República no Brasil que insistem em defender
o bolivarianismo", alerta editorial da Gazeta do Povo. Que o eleitor fique atento:
"quem apoia dessa forma um regime assassino não tem credenciais democráticas e representa um verdadeiro perigo para o Brasil":
Um relatório recente
da Anistia Internacional, organização que monitora o respeito aos
direitos humanos em todo o mundo, traz mais um número estarrecedor sobre
a ditadura venezuelana inaugurada por Hugo Chávez e comandada hoje por
Nicolás Maduro: entre 2015 e junho de 2017, as forças de segurança
bolivarianas foram responsáveis por mais de 8,2 mil execuções
extrajudiciais.
De acordo com o
relatório, o poder público não foi capaz de garantir a segurança dos
cidadãos, o que levou a um aumento alarmante dos índices de violência, a
exemplo do que ocorre no Brasil. Mas a Anistia Internacional destaca
que as políticas de combate ao crime deram margem a uma série de
desrespeitos aos direitos humanos, inclusive com o uso de tortura,
especialmente contra a população mais pobre.
O relatório, no
entanto, colocou as execuções e demais abusos puramente dentro de um
contexto de repressão intensificada ao crime, ignorando que a realidade
na Venezuela é bem mais complexa. A ditadura bolivariana tem usado as
forças de segurança como ferramenta de repressão política contra
opositores do regime de Maduro – e a violência não inclui apenas as
tropas regulares, como as polícias, o Exército e a Guarda Nacional
Bolivariana, mas também os coletivos paramilitares chavistas,
corresponsáveis pelas centenas de mortes ocorridas durante os protestos
de rua no primeiro semestre de 2017, período que faz parte do
levantamento da Anistia Internacional.
Quando não é possível
matar, o regime bolivariano prende arbitrariamente, sem acusações ou
sem provas, como fez com diversos líderes da oposição política a Maduro.
É o caso de Leopoldo López, ex-prefeito de Chacao, que está em prisão
domiciliar, cumprindo pena de 13 anos por crimes que incluem terrorismo.
Daniel Ceballos, ex-prefeito de San Cristóbal, passou um ano em prisão
domiciliar e três anos nas prisões chavistas até ser liberado em junho
deste ano, mas está impedido de sair do país. Os cárceres bolivarianos
ainda abrigam dezenas de presos políticos como López e Ceballos. Mais
sorte teve o ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma, que conseguiu fugir
para a Colômbia em novembro de 2017, também enquanto cumpria prisão
domiciliar.
Enquanto mata e
prende os opositores políticos, o socialismo bolivariano também se
encarrega de destruir o restante do país. Anos do “socialismo do século
21”, com a destruição da iniciativa privada e intervenção excessiva do
Estado na economia, levaram a Venezuela ao colapso: primeiro, vieram a
hiperinflação e o desabastecimento; por fim, o país regrediu ao século
19, com a fome e a miséria generalizadas, forçando um êxodo de
venezuelanos desesperados que tentam cruzar a fronteira com o Brasil ou a
Colômbia. Apesar disso, o país recusa ajuda internacional na forma de
comida ou remédios, tudo para que não se formalize um status de “crise
humanitária” que justifique uma intervenção no país.
Urge chamar tudo pelo
nome. O que existe na Venezuela não é uma mera “crise”, como foram, por
exemplo, a crise do subprime ou a crise da zona do euro. O que existe
na Venezuela é a aplicação pura e simples do socialismo, que onde quer
que tenha sido implementado trouxe sempre os mesmos resultados:
violência política, ditadura, prisões políticas, execuções sumárias,
caos econômico, fome e miséria.
E, no Brasil, ainda
há quem apoie um regime que mata seu povo de fome ou à bala. Mesmo
candidatos e partidos que buscam a Presidência da República não escondem
seu entusiasmo com o bolivarianismo. O pedetista Ciro Gomes defende o
regime de Maduro como democrático e prefere criticar a oposição
venezuelana, classificada por ele como “fascista e neonazista”. Dentro
do PSol até existem alas críticas a Maduro, mas o candidato que o
partido escolheu para disputar o Planalto, Guilherme Boulos, já disse à
rádio Jovem Pan que “a Venezuela não é ditadura. Cuba não é ditadura. O
governo Maduro foi eleito, ao contrário do Brasil, que tem um governo
ilegítimo”.
Mas o grande
entusiasta da ditadura venezuelana é mesmo o PT. A legenda não perde a
chance de reforçar seu apoio a Nicolás Maduro, como já fazia com o
regime cubano e, agora, também faz com a ditadura nicaraguense, de
Daniel Ortega. O candidato petista, Fernando Haddad, até chegou a dizer
que a Venezuela não podia ser considerada uma democracia, mas não citou
as arbitrariedades do ditador, preferindo invocar um clima de “conflito
aberto”. Mas a presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, já fez diversas
declarações de apoio a Nicolás Maduro, isso sem falar daquele que é o
mestre e senhor de Haddad, o ex-presidente e atual presidiário Lula,
para quem a Venezuela “tem democracia em excesso” e que zombou de presos
políticos cubanos em greve de fome. Que o eleitor não se iluda: quem
apoia dessa forma um regime assassino não tem credenciais democráticas e
representa um verdadeiro perigo para o Brasil. DO O.TAMBOSI
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