quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Ao avalizar Cristiane Brasil, PTB rebaixa Temer


A bancada do PTB, que ameaçava puxar o tapete da deputada Cristiane Brasil, terminou fazendo o oposto. Por unanimidade, os deputados presididos por Roberto Jefferson renovaram o aval à indicação da filha dele para o cargo de ministra do Trabalho. “Não abandonamos companheiros feridos numa batalha”, disse o líder da bancada, Javair Arantes.
A solidariedade do PTB a Cristiane Brasil deixou Temer numa posição muito parecida com a da protagonista de uma história do escritor José Guimarães —uma mulher que diminuía diariamente de tamanho.
Ao criar desculpas para encobrir o processo de desmoralização do presidente da República, os auxiliares de Temer imitam, por assim dizer, o comportamento dos personagens da trama literária. Para que a mulher da ficção não notasse o próprio encolhimento, seus familiares reduziam as dimensões dos móveis. Serravam os pés da cama, das mesas, das cadeiras…
Nomeada por Temer em 4 de janeiro, a filha do ex-presidiário do mensalão está pendurada nas manchetes como uma quase-ministra há um mês e três dias. Impedida pela Justiça de tomar posse do ministério, Cristiane Brasil tornou-se um outro nome para encrenca.
Pelo menos um dos operadores políticos de Temer reza para que a ministra Cármen Lúcia, do STF, desautorize em definitivo a posse da deputada tóxica. Do contrário, a primeira-dama Marcela Temer terá que colocar o marido para dormir numa caixa de fósforos.
A essa altura, Temer já deve ter notado que sofre de uma doença cuja principal consequência é a transformação dos deputados do PTB em gigantes. Se a presidente do Supremo suspender a liminar que impede Temer de dar posse à filha de Jefferson, a autoridade do inquilino do Planalto ficará menor do que a cabeça de um alfinete. E Cristiane Brasil frequentará a Esplanada como um escândalo novo esperando para acontecer a cada dia.

PT leva Fux a dizer o óbvio: Ficha suja está fora!

Josias de Souza
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Lula e o Partido dos Trabalhadores não costumam perder a oportunidade de perder uma oportunidade. Assim, em vez de acionar um plano de contingência, o petismo transforma sua campanha presidencial numa procissão. Lula vai no andor, fazendo pose de vítima de uma inquisição. Os devotos o acompanham com suas orações. Ao tomar posse na presidência do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Luiz Fux atravessou o óbvio no cortejo companheiro: “Ficha suja está fora do jogo democrático.”
Sem mencionar o nome do santo, Fux esclareceu que a Lei da Ficha Limpa não abre brecha para milagres. O sujo não vai virar uma asséptica criatura. Com outras palavras, o que o novo presidente do TSE declarou foi o seguinte: Com um pregador talentoso e devotos crédulos, pode-se fazer uma tremenda campanha chamando corrupto de candidato. Embora ele continue sendo corrupto.
“A corrupção será severamente punida, para que os atuais problemas do Brasil, que desfilam nas manchetes de jornais e nos noticiários, representem uma visão longínqua no retrovisor da história”, discursou Fux. “Uma pessoa corrupta, uma pessoa ímproba e uma pessoa antiética na vida pregressa não conduz o país para um novo futuro. Conduz o país para o atraso e para a degradação.”
Rendido às conveniências criminais de Lula, o PT imagina que o drama de sua divindade pode, no mínimo, atrair votos para os candidatos da legenda ao Legislativo. Será? Na dúvida, o petismo continuará esbarrando no óbvio.
Novas condenações virão. Mas o PT tropeçará no óbvio fingindo não perceber que o óbvio é o óbvio. Até que a Justiça Eleitoral, lá para agosto ou setembro, aponte para o óbvio e proclame: “Ali está o óbvio: um condenado por corrupção, com sentença confirmada em tribunal de segunda instância. Pede o registro de sua candidatura. Mas trata-se, obviamente, de um personagem inelegível. Está fora do jogo democrático.”
Josias de Souza
07/02/2018 03:42

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