A bancada do PTB, que ameaçava puxar o tapete da deputada Cristiane Brasil, terminou fazendo o oposto. Por unanimidade, os deputados presididos por Roberto Jefferson renovaram o aval à indicação da filha dele para o cargo de ministra do Trabalho. “Não abandonamos companheiros feridos numa batalha”, disse o líder da bancada, Javair Arantes.
A solidariedade do PTB a Cristiane Brasil deixou Temer numa posição muito parecida com a da protagonista de uma história do escritor José Guimarães —uma mulher que diminuía diariamente de tamanho.
Ao criar desculpas para encobrir o processo de desmoralização do presidente da República, os auxiliares de Temer imitam, por assim dizer, o comportamento dos personagens da trama literária. Para que a mulher da ficção não notasse o próprio encolhimento, seus familiares reduziam as dimensões dos móveis. Serravam os pés da cama, das mesas, das cadeiras…
Nomeada por Temer em 4 de janeiro, a filha do ex-presidiário do mensalão está pendurada nas manchetes como uma quase-ministra há um mês e três dias. Impedida pela Justiça de tomar posse do ministério, Cristiane Brasil tornou-se um outro nome para encrenca.
Pelo menos um dos operadores políticos de Temer reza para que a ministra Cármen Lúcia, do STF, desautorize em definitivo a posse da deputada tóxica. Do contrário, a primeira-dama Marcela Temer terá que colocar o marido para dormir numa caixa de fósforos.
A essa altura, Temer já deve ter notado que sofre de uma doença cuja principal consequência é a transformação dos deputados do PTB em gigantes. Se a presidente do Supremo suspender a liminar que impede Temer de dar posse à filha de Jefferson, a autoridade do inquilino do Planalto ficará menor do que a cabeça de um alfinete. E Cristiane Brasil frequentará a Esplanada como um escândalo novo esperando para acontecer a cada dia.
Josias de Souza
07/02/2018 03:42
Nenhum comentário:
Postar um comentário