Pré-candidato abocanhou uma fatia de mais de 40% das interações aportadas por páginas institucionais de legendas e presidenciáveis
A repercussão do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo TRF4 pode ser considerada uma janela para antecipar um pouco do que será a disputa eleitoral de 2018 nas redes sociais – as primeiras na história brasileira, aliás, em que candidatos poderão usar verba própria ou verba pública do fundo partidário para fazer sua mensagem chegar a mais usuários do Facebook, por exemplo. Na última quarta-feira (24), o pré-candidato Jair Bolsonaro (PSL) demonstrou que tem poder de fogo para capturar o debate político e trazê-lo para dentro de suas redes. De acordo com os dados cedidos pela InterAgentes, empresa especializada em inteligência de redes, o pré-candidato abocanhou uma fatia de mais de 40% das interações aportadas por páginas institucionais de legendas e presidenciáveis. Em comparação, todas as páginas institucionais ligadas a Lula abocanharam 27,6% das interações no Facebook.
A análise considerou todas a postagens e interações diretas com as páginas de uma lista de lideranças política
que já demonstraram interesse em disputar a corrida eleitoral de 2018,
bem como suas legendas e páginas de apoio mais relevantes. Os dados
foram coletados no Facebook entre as 00h e as 23h59 do dia 24 de
janeiro, totalizando 878.198 interações que envolveram cerca de 789.661
perfis e páginas.Com apenas sete postagens, Bolsonaro conseguiu atrair fãs e críticos
– talvez com a mesma intensidade – para debater em sua página
institucional, amplificando cada vez mais seu alcance nas redes. A
página conseguiu reunir em seu entorno uma comunidade com 352.316 perfis
únicos que reagiram ou comentam suas publicações. Essa parcela
representa 44,616% do universo de perfis que se envolveu diretamente com
perfis de presidenciáveis ao longo de um dia marcado por ânimos
exaltados com o polêmico julgamento do ex-presidente Lula.
A análise considerou todas a postagens e interações diretas com as páginas de uma lista de lideranças política
que já demonstraram interesse em disputar a corrida eleitoral de 2018,
bem como suas legendas e páginas de apoio mais relevantes. Os dados
foram coletados no Facebook entre as 00h e as 23h59 do dia 24 de
janeiro, totalizando 878.198 interações que envolveram cerca de 789.661
perfis e páginas.
Todo esse poder comunicacional do candidato nas redes digitais lhe permite projetar uma sombra mais consistente com seus resultados em pesquisas de intenção de voto, onde ele aparece em segundo lugar atrás de Lula, do que com a fatia de minutos da televisão que lhe caberá uma vez iniciada a campanha eleitoral – ele concorre até agora pelo nanico PSL e deve ter quase nada na TV. Sua página no Facebook demonstrou resiliência mesmo quando os movimentos recentes da imprensa culminaram em uma enxurrada de críticas contra o ex-militar e, possivelmente, uma das semanas mais difíceis de sua pré-candidatura. Apesar do aumento da visibilidade de sua pré-campanha na imprensa, especialmente reportagens da Folha de S.Paulo, evidenciar cada vez mais as contradições de da sua relação de patrimônio e uso da verba pública, Bolsonaro segue beneficiando-se da disseminação de rumores ou fragmentos de informações a cada mensagem ou vídeo que publica, fortalecido pelas críticas indignadas deixadas por opositores que, inadvertidamente, ampliam a audiência de seus canais.
A rede de Lula Já a página oficial do ex-presidente Lula fez 14 postagens ao longo da quarta, o dia do julgamento. Cinco delas eram transmissões ao vivo das mobilizações em apoio ao ex-presidente e Porto Alegre e São Paulo. A principal delas, transmitia a chegada do presidente na Praça da República, em São Paulo, horas após a condenação do ex-presidente pelo TRF-4. O vídeo reproduzia os discursos de lideranças como Guilherme Boulos (MTST) e o ex-presidente registrou cerca de um milhão de visualizações e concentrou cerca de 49 mil comentários. Apesar da baixa qualidade das imagens, a postagem foi compartilhada mais de 14 mil vezes até a meia noite da última quarta-feira (24) e recebeu 43 mil reações, em sua ampla maioria positivas.A página institucional de Lula, entretanto, partilhou a atenção dos internautas com outras páginas, como a página institucional de sua legenda, PT - Partido dos Trabalhadores, do líder do MTST Guilherme Boulos, do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e do ex-governador da Bahia Jaques Wagner. Todos eles já foram cotados, em algum momento, para ser o plano B das forças políticas de esquerda para a disputa eleitoral deste ano. Ainda assim, a comunidade reunida pelas cinco páginas conta com cerca de 218.284 perfis únicos, que representam uma fatia de 27,643% do universo de perfis envolvidos no debate Lideranças tucanas como o prefeito de São Paulo João Doria e o governador Geraldo Alckmin permaneceram à margem do debate. Apesar de ambos terem comentado o resultado do julgamento em suas páginas oficiais, as lideranças do PSDB dividiram a atenção dos internautas com João Amoêdo (NOVO) e as páginas institucionais do partido NOVO e dos Democratas, reunindo em seu entorno uma comunidade que representa uma tímida fatia de 9,857% do universo de perfis analisado. Um desempenho surpreendente considerando a potência comunicacional do prefeito de São Paulo outrora.
ítica mais compartilhadas no Facebook, 9 repercutiam o julgamento
Um levantamento do Monitor do debate político no meio digital,
um projeto que busca mensurar e analisar o ecossistema de debate
político na Internet, mostrou, ainda, que apesar de na véspera o
julgamento de Lula pelo TRF-4 ter sido pouco comentado e compartilhado
no Facebook, o quadro se transformou no dia 24. O Monitor informou que
das 10 notícias de política mais compartilhadas no Facebook, 9
repercutiam o julgamento. Outra particularidade da repercussão da última
quarta feira apontada pelo levantamento é que os links da grande
imprensa passaram a dividir espaço com links da imprensa alternativa, de
esquerda e de direita.
No Twitter, um levantamento divulgado pelo Labic,
Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura da Universidade
Federal do Espírito Santo, identificou um total de 9.314 hashtags
utilizadas pelos internautas ao longo do julgamento em referência ao
ex-presidente. Os pesquisadores do labic também observaram que as
palavras que apareciam com maior frequência nas mensagens publicadas no
Twitter tinham conotação negativa em relação à Lula, como “ladrão”,
“bandido” e “corrupto”. O mesmo ocorre com as hashtags: do total de 134
utilizadas, 11% delas podem conter tanto tweets com conotação a favor ou
contra o julgamento e condenação do ex-presidente (como #lula, #brasil e
#trf4); 24% positiva, em apoio à Lula (#povocomlula, #cadeaprova,
#lula2018); e 65% são negativas (#molusconacadeia, #lulanacadeia,
#cadeiasemlulaéfraude). Além disso, 20 das 34 hashtags mais frequentes
expostas no gráfico são utilizadas para expressar posicionamentos
contrários ao ex-presidente. DO EL PAIS
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