Josias de Souza
É
preciso reconhecer que os sinais vinham sendo emitidos há muito tempo.
Se o que acontece no Brasil da Lava Jato significa alguma coisa é que o
sistema político entrou em colapso. As versões sobre o Apocalipse são
desencontradas. Porém, nas últimas horas as coisas aconteceram diante
das câmeras.
Na manhã desta terça-feira, 11 de julho de 2017, o Senado tentava mexer na Consolidação das Leis do Trabalho quando tudo escureceu. Minutos antes, o investigado Eunício Oliveira tentara assumir a presidência da sessão. Mas três senadoras —entre elas a ré Gleisi Hoffmann, cavalgando sua pureza moral— tomaram o Poder de assalto (ops!).
Vindo do horizonte, um quarto cavaleiro, Getúlio Vargas, arrependido do suicídio, baixou nas senadoras sublevadas para anunciar: “A Era Vargas não acabou.” Horas antes, no salão de solenidades do Palácio do Planalto, Michel Temer, que há duas semanas revelara dúvidas existenciais —“Não não sei como Deus me colocou aqui!”—transbordava certezas divinas sobre a inevitabilidade da flexibilização dos direitos trabalhistas: ''Não tenho dúvidas de que continuaremos avançando. O meu governo não perdeu tempo, deixou a matéria pronta. E ela vai ser aprovada, se Deus quiser.''
Uma testemunha conta que sentiu o mámore do Planalto tremer quando Michel Temer citou a denúncia que lhe pesa sobre os ombros. ''A Câmara dos Deputados, nesta semana, tem uma importantíssima decisão a tomar”, disse o primeiro presidente da história a ser acusado de corrupção no exercício do mandato. “E eu respeitarei qualquer que seja o resultado da votação. Não é hora de dúvidas e receios. A hora é de respostas rápidas.''
Na véspera, a Comissão de Constituição e Justiça iniciara a tramitação da denúncia contra Temer. Sergio Zveiter, um relator do PMDB, leu um voto contra Temer. Sugeriu que a Câmara autorizasse o Supremo Tribunal Federal a virar o presidente do avesso. De repente, um Carlos Marun caiu-lhe sobre a cabeça. E uma nuvem negra trovejou verbas e raios que os partam sobre o plenário da CCJ. Deputados leais ao Planalto marcharam em direção aos governistas que ameaçavam votar a favor da moralidade. Um deles, apontando para os silvérios, gritou para o outro: “Eu levanto e você chuta!”. Refez-se a maioria governista.
Ao fundo, uma voz grave soou tonitruante: “Eu respeitarei, qualquer que seja o resultado”. Um deputado que caíra de joelhos para recolher as verbas espalhadas pelo chão não conseguiu conter suas pulsões: “É a voz de deus”, exclamou, reconhecendo o timbre de Temer. Levado no bico por apoiadores tucanos, o presidente sente-se fortalecido.
Entretanto, um procurador da República conta que viu três cavaleiros e uma amazonas vindo na direção da Praça dos Três Poderes. Todos têm o semblante vermelho de raiva. Os cavalheiros coçam a língua. Um deles, Rocha Loures, carrega uma mala. Um segundo, Lúcio Funaro, revisa anotações. O terceiro, Eduardo Cunha, carrega uma placa: “Juízo Final, já!” E Dilma Rousseff, a amazonas, balcucia incessantemente: “A história se repete…!”
Difícil saber como será o fim dos tempos. Mas um ministro jura que sonhou que Temer estava num dos janelões do gabinete presidencial quando viu as nuvens se repartirem sobre o Planalto. Surgiu do céu, num cavalo alado, o Rodrigo Maia. Dizia coisas desconexas. Mas Temer conseguiu decifrar uma frase antes que o chão de Brasília se abrisse: “Não sei como Deus me trouxe até aqui.” E apagão iniciado no Senado se espalhou pelo país.
Na manhã desta terça-feira, 11 de julho de 2017, o Senado tentava mexer na Consolidação das Leis do Trabalho quando tudo escureceu. Minutos antes, o investigado Eunício Oliveira tentara assumir a presidência da sessão. Mas três senadoras —entre elas a ré Gleisi Hoffmann, cavalgando sua pureza moral— tomaram o Poder de assalto (ops!).
Vindo do horizonte, um quarto cavaleiro, Getúlio Vargas, arrependido do suicídio, baixou nas senadoras sublevadas para anunciar: “A Era Vargas não acabou.” Horas antes, no salão de solenidades do Palácio do Planalto, Michel Temer, que há duas semanas revelara dúvidas existenciais —“Não não sei como Deus me colocou aqui!”—transbordava certezas divinas sobre a inevitabilidade da flexibilização dos direitos trabalhistas: ''Não tenho dúvidas de que continuaremos avançando. O meu governo não perdeu tempo, deixou a matéria pronta. E ela vai ser aprovada, se Deus quiser.''
Uma testemunha conta que sentiu o mámore do Planalto tremer quando Michel Temer citou a denúncia que lhe pesa sobre os ombros. ''A Câmara dos Deputados, nesta semana, tem uma importantíssima decisão a tomar”, disse o primeiro presidente da história a ser acusado de corrupção no exercício do mandato. “E eu respeitarei qualquer que seja o resultado da votação. Não é hora de dúvidas e receios. A hora é de respostas rápidas.''
Na véspera, a Comissão de Constituição e Justiça iniciara a tramitação da denúncia contra Temer. Sergio Zveiter, um relator do PMDB, leu um voto contra Temer. Sugeriu que a Câmara autorizasse o Supremo Tribunal Federal a virar o presidente do avesso. De repente, um Carlos Marun caiu-lhe sobre a cabeça. E uma nuvem negra trovejou verbas e raios que os partam sobre o plenário da CCJ. Deputados leais ao Planalto marcharam em direção aos governistas que ameaçavam votar a favor da moralidade. Um deles, apontando para os silvérios, gritou para o outro: “Eu levanto e você chuta!”. Refez-se a maioria governista.
Ao fundo, uma voz grave soou tonitruante: “Eu respeitarei, qualquer que seja o resultado”. Um deputado que caíra de joelhos para recolher as verbas espalhadas pelo chão não conseguiu conter suas pulsões: “É a voz de deus”, exclamou, reconhecendo o timbre de Temer. Levado no bico por apoiadores tucanos, o presidente sente-se fortalecido.
Entretanto, um procurador da República conta que viu três cavaleiros e uma amazonas vindo na direção da Praça dos Três Poderes. Todos têm o semblante vermelho de raiva. Os cavalheiros coçam a língua. Um deles, Rocha Loures, carrega uma mala. Um segundo, Lúcio Funaro, revisa anotações. O terceiro, Eduardo Cunha, carrega uma placa: “Juízo Final, já!” E Dilma Rousseff, a amazonas, balcucia incessantemente: “A história se repete…!”
Difícil saber como será o fim dos tempos. Mas um ministro jura que sonhou que Temer estava num dos janelões do gabinete presidencial quando viu as nuvens se repartirem sobre o Planalto. Surgiu do céu, num cavalo alado, o Rodrigo Maia. Dizia coisas desconexas. Mas Temer conseguiu decifrar uma frase antes que o chão de Brasília se abrisse: “Não sei como Deus me trouxe até aqui.” E apagão iniciado no Senado se espalhou pelo país.
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