quinta-feira, 15 de junho de 2017

E se o Dória não procurar o Bolsonaro?



Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
A não ser que o doleiro de todos, Lúcio Bolonha Funaro, denuncie algo efetivamente bombástico e comprometedor contra Michel Temer, o Presidente da República seguirá, desgastado e impopular, sobrevivendo até o final do mandato até o começo de 2019. A Constituição blinda Temer, exigindo que a Câmara tem de admitir qualquer denúncia contra o titular do Palácio do Planalto, antes de o Supremo Tribunal Federal julgar se abre ou não uma ação penal contra o Presidente. Resumindo: “Pega Ratão” não funciona, porque a Câmara não é ratoeira...
Mesmo nas turbulentas condições políticas atuais – e até em função dela -, a maioria corrupta de deputados não tem a menor vontade de permitir que Michel Temer seja processado judicialmente. Se o Procurador-Geral da República deseja realmente que Temer acerte as contas com o topo supremo do Judiciário (que é fruto de indicações políticas), antes é preciso atacar, enfraquecer e derrubar aqueles 1829 candidatos de 28 partidos financiados (e delatados) pelos executivos do frigorífico JBS.
Se Janot não pegar os políticos antecipadamente, o natural corporativismo deles vai fortalecer a blindagem a favor do andar de cima da politicagem. Michel Temer tem folgada maioria na Câmara dos Deputados para impedir que haja autorização para o STF processá-lo. A correria é contra o tempo. Os estrategistas do Palácio do Planalto adorariam que tudo ficasse resolvido antes do recesso parlamentar previsto para começar em 18 de julho.
A tropa de choque governista avalia que, em 10 dias, a partir da denúncia de Janot, acelera o trâmite para barrar qualquer ação contra Temer – investigado por crimes de corrupção passiva, obstrução de justiça e organização criminosa, com base na delação de Joesley Batista. Janot gostaria de enviar sua denúncia contra Temer ao STF no dia 23 de junho – a sexta-feira véspera de São João.
O curioso é o previsível paradoxo político-jurídico que será gerado. Teremos um Presidente denunciado pela Procuradoria Geral da República ao órgão máximo do Judiciário, porém o Legislativo impedirá que a coisa siga em frente. Chegaremos ao limite da politicagem avacalhando a judicialização. O caso será a suprema desmoralização da Constituição de 1988. Também teremos a consagração da tal “normalidade institucional” tão cantada em prosa, verso e muita lorota.
Enquanto isso, os meios políticos e empresariais ficam eletrizados com alguns fenômenos. A desmoralização de Lula e o PT, a perda de hegemonia da cúpula do PSDB (sobretudo com Aécio Neves sendo pego como bode expiatório), o risco de prisão para a maioria dirigente do PMDB, e o crescimento vertiginoso da aceitação, em todas as classes, da candidatura presidencial do “mito” Jair Bolsonaro. Até Sílvio Santos, certamente baseado em pesquisas, já recomendou a João Dória que tente uma aliança com Bolsonaro, se quiser chegar ao Palácio do Planalto em 2018...
Também enquanto isso, cresce a organização dos segmentos esclarecidos da sociedade brasileira para aquela inédita discussão para formular um Projeto de Nação para o Brasil. O desgaste de imagem da politicagem, a persistência da lenta retomada econômica (com altíssimo desemprego e extinção de postos de trabalho), as explosões incontroláveis de violência e insegurança pública, junto com os efeitos das “reformas” capengas que o Congresso aprovará, formam o caldo para forçar as mudanças estruturais que o Brasil necessita, urgentemente.
É por tudo isso que a Intervenção Institucional é um processo inevitável – que pode ser retardado ou acelerado, mas que vai acontecer na hora certa, assim que as pré-condições estiverem amadurecidas.

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