Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
A não ser que o doleiro de todos,
Lúcio Bolonha Funaro, denuncie algo efetivamente bombástico e comprometedor
contra Michel Temer, o Presidente da República seguirá, desgastado e impopular,
sobrevivendo até o final do mandato até o começo de 2019. A Constituição blinda
Temer, exigindo que a Câmara tem de admitir qualquer denúncia contra o titular
do Palácio do Planalto, antes de o Supremo Tribunal Federal julgar se abre ou
não uma ação penal contra o Presidente. Resumindo: “Pega Ratão” não funciona,
porque a Câmara não é ratoeira...
Mesmo nas turbulentas condições políticas
atuais – e até em função dela -, a maioria corrupta de deputados não tem a
menor vontade de permitir que Michel Temer seja processado judicialmente. Se o
Procurador-Geral da República deseja realmente que Temer acerte as contas com o
topo supremo do Judiciário (que é fruto de indicações políticas), antes é
preciso atacar, enfraquecer e derrubar aqueles 1829 candidatos de 28 partidos
financiados (e delatados) pelos executivos do frigorífico JBS.
Se Janot não pegar os políticos
antecipadamente, o natural corporativismo deles vai fortalecer a blindagem a
favor do andar de cima da politicagem. Michel Temer tem folgada maioria na
Câmara dos Deputados para impedir que haja autorização para o STF processá-lo.
A correria é contra o tempo. Os estrategistas do Palácio do Planalto adorariam
que tudo ficasse resolvido antes do recesso parlamentar previsto para começar
em 18 de julho.
A tropa de choque governista avalia
que, em 10 dias, a partir da denúncia de Janot, acelera o trâmite para barrar
qualquer ação contra Temer – investigado por crimes de corrupção passiva,
obstrução de justiça e organização criminosa, com base na delação de Joesley
Batista. Janot gostaria de enviar sua denúncia contra Temer ao STF no dia 23 de
junho – a sexta-feira véspera de São João.
O curioso é o previsível paradoxo
político-jurídico que será gerado. Teremos um Presidente denunciado pela
Procuradoria Geral da República ao órgão máximo do Judiciário, porém o
Legislativo impedirá que a coisa siga em frente. Chegaremos ao limite da
politicagem avacalhando a judicialização. O caso será a suprema desmoralização
da Constituição de 1988. Também teremos a consagração da tal “normalidade
institucional” tão cantada em prosa, verso e muita lorota.
Enquanto isso, os meios políticos e
empresariais ficam eletrizados com alguns fenômenos. A desmoralização de Lula e
o PT, a perda de hegemonia da cúpula do PSDB (sobretudo com Aécio Neves sendo
pego como bode expiatório), o risco de prisão para a maioria dirigente do PMDB,
e o crescimento vertiginoso da aceitação, em todas as classes, da candidatura
presidencial do “mito” Jair Bolsonaro. Até Sílvio Santos, certamente baseado em
pesquisas, já recomendou a João Dória que tente uma aliança com Bolsonaro, se
quiser chegar ao Palácio do Planalto em 2018...
Também enquanto isso, cresce a
organização dos segmentos esclarecidos da sociedade brasileira para aquela
inédita discussão para formular um Projeto de Nação para o Brasil. O desgaste
de imagem da politicagem, a persistência da lenta retomada econômica (com
altíssimo desemprego e extinção de postos de trabalho), as explosões
incontroláveis de violência e insegurança pública, junto com os efeitos das “reformas”
capengas que o Congresso aprovará, formam o caldo para forçar as mudanças
estruturais que o Brasil necessita, urgentemente.
É por tudo isso que a Intervenção
Institucional é um processo inevitável – que pode ser retardado ou acelerado,
mas que vai acontecer na hora certa, assim que as pré-condições estiverem
amadurecidas.
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