O futuro da política brasileira no ano de 2017 está aprisionado numa
sala-cofre no terceiro andar do prédio do Supremo Tribunal Federal. Ali
estão trancados desde a manhã desta segunda-feira os cerca de 800 depoimentos prestados por 77 delatores da Odebrecht.
A
julgar pelo pouco que vazou até aqui, sabe-se que 2017 não será um Ano
Novo. Tampouco será um ano feliz. Será um ano de mais turbulência
política, com inevitáveis reflexos na economia. Com sorte, o ano será de
estagnação econômica. Com azar, haverá recessão pelo quarto exercício
consecutivo.
A expectativa geral é de que o ministro Teori
Zavaschi, relator da Lava Jato no Supremo, homologue os acordos de
delação da turma da Odebrecht. Teori informou que seu gabinete manterá
as fornalhas acesas durante o recesso. Assim, o trabalho estará avançado
no início de fevereiro, quando terminam as férias do Judiciário.
O
Minitério Público Federal se equipa para colocar os inquéritos em
marcha até o mês de março. Aí começa a temporada de batidas policiais,
depoimentos coercitivos, prisões temporárias e preventivas.
Quando
tudo o que foi delatado vier à luz, o brasileiro se dará conta de que o
Brasil não era dirigido a partir do Palácio do Planalto. As grandes
decisões do país eram tomadas numa salinha do edifício-sede da
Odebrecht, em São Paulo. Nessa sala, funcionava o Departamento de
Operações Estruturadas da Odebrecht —departamento de propinas, para os
íntimos.
A partir desse departamento, a Odebrecht realizou o
melhor programa de governo que seu dinheiro foi capaz de comprar. E
ainda se divertiu colocando apelidos nos políticos enquanto colava neles
o código de barras. Os dirigentes ocultos do Brasil se divertiam muito
no departamento de corrupção da Odebrecht.DO J.DESOUZA
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