segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Conflito com Aécio distancia Alckmin de Temer


A sucessão presidencial colocou um deserto entre Geraldo Alckmin e Aécio Neves. Incomodado com a proximidade de Aécio com o PMDB, Alckmin começa a tomar distância do governo de Michel Temer. Em privado, o governador de São Paulo chama de “erro” a decisão do PSDB de ocupar posições estratégicas no ministério.
Alckmin critica o acordo firmado por Aécio para que Temer entregue ao deputado tucano Antonio Imbassahy (BA) a pasta da coordenação política, sediada no quarto andar do Planalto. Faz ressalvas também à pretensão da cúpula do PSDB de colocar um pé na área econômica do governo, apossando-se do Ministério do Planejamento.
O grupo político de Alckmin enxerga na movimentação o esboço de uma aliança para 2018. E avalia que Aécio, no afã de se cacifar para obter o tempo de propaganda televisiva do PMDB numa futura campanha presidencial, amarra o PSDB a um governo em crise, que flerta com o desastre.
Hoje, o PSDB já ocupa três ministérios: Cidades (Bruno Araújo), Itamaraty (José Serra) e Justiça (Alexandre Moraes). Ironicamente, Moraes, egresso do secretariado do governador paulista, é catalogado no Planalto como ministro da cota de Alckmin. Que não contesta. Acha até natural que o PSDB, depois de ajudar a aprovar o impeachment de Dilma Rousseff, auxilie o governo-tampão de Temer.
O que deixa Alckmin incomodado, alegam seus aliados, é o fato de Aécio patrocinar uma migração do PSDB da periferia da máquina federal para a vitrine do Planalto ou da área econômica. Algo que submete o tucanato ao risco de se tornar cúmplice de um eventual fiasco.
As divergências afloram nas pegadas da decisão da Executiva Nacional do PSDB de esticar o mandato de Aécio no comando da legenda até maio do ano eleitoral de 2018. Alckmin recebeu a novidade como um “golpe”, já que a presidência de Aécio terminaria em maio de 2017, quando um substituto seria eleito em convenção.
Dias antes da reunião da Executiva, almoçaram com Alckmin no Palácio dos Bandeirantes Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati e o próprio Aécio. Durante o repasto, Alckmin foi sondado sobre a hipótese de prorrogação do mandato de Aécio. Soou contra a ideia. Ignorado, abespinhou-se.
Agora, Alckmin se move como se estivesse convencido de que só existe um amigo verdadeiramente sincero dentro do PSDB: o amigo do alheio. Embora seus correligionários não admitam diante das câmeras, o governador de São Paulo passou a considerar a sério a alternativa de bater asas para outro partido. DO JDESOUZA

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