18 Abril 2016 | 03h 00
A ameaça petista de incendiar o País – e de transformar o Palácio da Alvorada em uma cidadela para defender Dilma de um “golpe”, que nada mais é do que a decisão soberana de um Congresso legitimamente eleito – é expressão clara do espírito golpista de seus líderes.
Nenhum observador mais atento da vida nacional pode se dizer surpreso. O PT sempre demonstrou muita dificuldade em aceitar as regras do jogo democrático quando esteve na oposição. Recusou-se a dialogar com todos os governos, sabotou todos os esforços para estabilizar a economia e dificultou ao máximo a aprovação das necessárias reformas constitucionais para modernizar o Estado, tudo com o objetivo de criar uma atmosfera de confronto – sob a qual, calculou, teria mais chances eleitorais. É na confusão moral que costuma vicejar o tipo de política praticado pelo PT.
Uma vez no governo, o partido da ética, herói da democracia, não se constrangeu em incentivar a promiscuidade e a corrupção para facilitar seu trabalho de controlar o Congresso. Afinal, o PT nunca demonstrou legítima disposição para dividir o poder e fazer concessões em relação a propostas de governo, algo que está na base de qualquer democracia saudável, pela simples razão de que jamais pretendeu fazer concessões. Certo de ser o portador da verdade histórica, que, por definição, inviabiliza qualquer negociação, o PT tratou a democracia como um obstáculo, a ser superado na base do simples toma lá dá cá, encabrestando as instituições. O partido de Lula, José Dirceu et caterva jamais teve aliados; sempre teve cúmplices.
Praticamente devolvido agora à condição de opositor, o PT demonstra mais uma vez que não aprendeu nada – ao contrário, trata de reafirmar de forma clara a sua natureza autoritária. Justamente no momento em que o País clama por serenidade, para que a transição que se completará nas próximas semanas se dê da maneira mais civilizada possível, eis que os petistas ameaçam o País com a violência que resume sua índole.
Infelizmente, podemos esperar muita intranquilidade nos próximos tempos, estimulada pela tigrada. Há ameaças de greves e manifestações diárias, cujo potencial disruptivo não é desprezível. Vários dos irresponsáveis chefes de grupelhos disfarçados de “movimentos sociais”, que ganharam poder sob o lulopetismo, já expressaram sua disposição de fazer “guerra” – essa é a palavra que usaram, e não se deve ter esperança de que se trate de mera força de expressão, pois essa turma já provou muitas vezes do que é capaz.
Além disso, a expectativa é de que haja muitos problemas no Congresso, que já conhece bem o modo petista de fazer oposição. Votações cruciais para arrancar o País da grave crise em que os desastrosos governos petistas o meteram deverão ser a oportunidade que o PT espera para tentar desforrar a derrota no impeachment. Para o lulopetismo, quanto pior, melhor.
Assim, ficará claro de uma vez por todas que o PT jamais quis ajudar a construir um país moderno, decente e forte. Sua única preocupação sempre foi a de polir a biografia de Lula, construindo para seu líder messiânico a imagem de inatacável protetor dos pobres e preparando o terreno para sua perpetuação no poder, à moda dos caudilhos que marcaram tristemente a história latino-americana.
Já virtualmente fora do poder e diante da perspectiva real de ver seu grande timoneiro atrás das grades, os petistas escolheram ser oposição destrutiva – o que só vai confirmar que o PT é e será o que sempre foi: um parasita incrustado no País para exaurir suas forças com práticas facinorosas. DO ESTADÃO
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