Neste texto, demonstro que o
bem que Lula pode ter feito ao Brasil foi sem querer — a
institucionalidade que herdou o fez em seu lugar. Já o mal que faz é
deliberado, consciente, por querer. Sabem por quê? O Lula que governou
não pôde ser plenamente petista. Já o ex-presidente o é em sua
plenitude. Se gostarem, passem adiante.
*
Luis Inácio ApeDELTA da Silva recebeu ontem à noite, na Câmara Municipal de São Paulo, o título de “Cidadão Paulistano”. O combinado é que seria a primeira de uma série de solenidades para alavancar o nome de Fernando Haddad, o candidato à Prefeitura que ele impôs na base do dedaço. Parece que a coisa não saiu como o esperado. No discurso, o ex-presidente se referiu uma única vez a Haddad, que estava na plateia (”o maior ministro da Educação que este país já teve”, claro, claro…), e preferiu usar seu tempo para atacar as elites… A cascata de sempre. Presente, a senadora Marta Suplicy (PT-SP), que teve a sua pré-candidatura cassada por Lula, discursou. Disse que o novo pelo novo (leia-se: Haddad), por si, não significa nada; o importante é um “programa novo”. Para o ungido do Babalorixá, foi um anticlímax… E não se tinha ali o melhor… quero dizer, o pior da noite.
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Luis Inácio ApeDELTA da Silva recebeu ontem à noite, na Câmara Municipal de São Paulo, o título de “Cidadão Paulistano”. O combinado é que seria a primeira de uma série de solenidades para alavancar o nome de Fernando Haddad, o candidato à Prefeitura que ele impôs na base do dedaço. Parece que a coisa não saiu como o esperado. No discurso, o ex-presidente se referiu uma única vez a Haddad, que estava na plateia (”o maior ministro da Educação que este país já teve”, claro, claro…), e preferiu usar seu tempo para atacar as elites… A cascata de sempre. Presente, a senadora Marta Suplicy (PT-SP), que teve a sua pré-candidatura cassada por Lula, discursou. Disse que o novo pelo novo (leia-se: Haddad), por si, não significa nada; o importante é um “programa novo”. Para o ungido do Babalorixá, foi um anticlímax… E não se tinha ali o melhor… quero dizer, o pior da noite.
Lula voltou a
se referir ao mensalão e ressuscitou a tese vigarista, obviamente
falsa, de que aquilo tudo não passou de uma mancomunação da oposição com
a imprensa para derrubá-lo. Uma tentativa de “golpe”, disse de novo.
Deve-se entender, assim, que tanto a Procuradoria-Geral da República,
que apresentou a denúncia, como o Supremo Tribunal Federal, que a
recebeu, são partícipes dessa conspirata. Relembrando as próprias
palavras, o ApeDELTA afirmou que a oposição só não deu prosseguimento ao
impeachment — nunca houve movimentação efetiva nesse sentido; é
mentira! — porque ficou com medo a mobilização popular. Isso também é
falso. A aprovação de Lula, naqueles dias, estava pouco acima dos 50%.
Ademais, entre aprovar e sair às ruas fazendo barricadas, há uma grande
diferença.
Mas o recado
é claro! Lula acredita dever a manutenção de seu mandato apenas ao
“povo”, entendido, na sua visão perturbada, como o outro lado das
“instituições”. Afinal, se oposição, imprensa, Ministério Público e
Supremo participaram de uma conspiração, só restou mesmo uma instância
de verdade no país: o PT — e, obviamente, os que se aliaram ao partido.
O
ex-presidente comanda, de maneira nem tão clandestina e com pressões
nada sutis, o esforço para cassar moralmente o direito de o Supremo
julgar com isenção os mensaleiros. A fala de ontem, repetindo boçalidade
antiga sobre um golpismo que nunca existiu, é parte da pressão. Até o
seu discurso de agradecimento, que volta a fazer a velha clivagem
vigarista entre “povo” e “elite” é fração desse esforço. Lula quer que o
país acredite que condenar José Dirceu por “formação de quadrilha” é um
atentado aos interesses populares…
Incrível
este senhor! Contrariando mais uma promessa solene que fez — e ele é o
rei do descumprimento de promessas (já me estendo a respeito) — está
sendo muito pior como ex-presidente do que foi como presidente.
Explico-me: na Presidência, mesmo tentando coisas novas e ruins, acabou,
felizmente, limitado pelas coisas antigas e boas. Não encontrou o país
como seus amigos Hugo Chávez, Rafael Correa, Evo Morales e o casal
Kirchner encontraram, respectivamente, a Venezuela, o Equador, a Bolívia
e a Argentina — com a institucionalidade em frangalhos. Ao contrário:
em razão da conjuntura internacional, a nossa economia não ia muito bem,
mas havia plena governabilidade. Na verdade, os oito anos do governo
FHC haviam sido um período de institucionalização de procedimentos. Em
muitos aspectos, O TUCANO INVIABILIZOU O QUE SERIA UM GOVERNO
TIPICAMENTE PETISTA. Lula teve de seguir o modelo.
Tentou
inovar na área das liberdades democráticas? Tentou, sim! Esforçou-se
para diminuí-las, propondo ou endossando, por exemplo, mecanismos de
controle da imprensa — esta mesma que ele continua a atacar ainda hoje —
e demonizando os órgãos que vigiam o governo. Mas acabou sendo
malsucedido nesses intentos. Os marcos legais que encontrou ao chegar ao
poder o obrigaram a uma gestão dentro das regras — e essa foi,
obviamente, a sua sorte. Não foi um Chávez não porque não tivesse
disposição e caráter para tanto — lembre-se de que ele é o autor de uma
frase fabulosa: “Nunca houve tanta democracia na Venezuela como agora”;
não foi um Chávez porque as leis brasileiras não lhe permitiram ser e
porque a sociedade, mesmo aprovando sua gestão, recusa expedientes
autoritários.
Sem regras
Se teve de ser um presidente segundo as regras — o que o obrigou a jogar no lixo o programa do PT, para sua glória e nossa sorte! —, pode agora ser um ex-presidente sem limites. Há dois meses, comanda um esforço brutal para tentar impedir que se investigue a fundo o esquema Delta — de que Carlinhos Cachoeira era só um operador local, do Centro-Oeste. Há dois meses, lidera a palavra de ordem para levar a imprensa para o banco dos réus, esforço malogrado porque se percebeu a tempo a pilantragem, esta sim, golpista: junto com o jornalismo, Lula queria desmoralizar o Ministério Público Federal e uma parte do Supremo.
Se teve de ser um presidente segundo as regras — o que o obrigou a jogar no lixo o programa do PT, para sua glória e nossa sorte! —, pode agora ser um ex-presidente sem limites. Há dois meses, comanda um esforço brutal para tentar impedir que se investigue a fundo o esquema Delta — de que Carlinhos Cachoeira era só um operador local, do Centro-Oeste. Há dois meses, lidera a palavra de ordem para levar a imprensa para o banco dos réus, esforço malogrado porque se percebeu a tempo a pilantragem, esta sim, golpista: junto com o jornalismo, Lula queria desmoralizar o Ministério Público Federal e uma parte do Supremo.
Ontem,
realizou-se uma reunião da casa do deputado Maurício Quintela (PR-AL),
sob o comando dos petistas, com um único propósito: impedir que a CPI
investigue a Delta nacionalmente, mantendo o foco só no Centro-Oeste e
nas relações da empresa com Carlinhos Cachoeira. O Lula que quer fraudar
o passado é o mesmo que frauda o presente para impedir que o país se
livre de alguns larápios que têm tudo para infelicitar o seu futuro. O
contraventor e suas franjas no Congresso e em governos têm, sim, de ser
investigados e, estabelecidas as culpas, punidos. MAS JÁ NÃO HÁ DÚVIDA
NENHUMA DE QUE O NOME QUE DESPERTA PÂNICO NO PT E NA BASE GOVERNISTA É
UM SÓ: DELTA!!!
Tenho
escrito alguns textos sobre a tal “Comissão da Verdade” e sua vocação
natural, desde o nome, para a mentira. Não é impressionante que se tenha
instalado algo assim em dias como esses? Não é impressionante que uma
comissão que pretende estabelecer a “verdade oficial” sobre fatos
ocorridos há quase 50 anos seja contemporânea e cria de um líder
político que nega a existência de um crime escancaradamente provado? Não
é impressionante que atue firmemente para impedir a apuração de outros
tantos crimes?
O bem que
Lula pode ter feito ao Brasil foi sem querer — a institucionalidade que
herdou o fez em seu lugar. Já o mal que faz é deliberado, consciente,
por querer. Sabem por quê? O Lula que governou não pôde ser plenamente
petista. Já o ex-presidente o é em sua plenitude.
REV VEJA
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