Há
dois dias eu recebi um documento importantíssimo vindo da Venezuela
mas, por problemas pessoais, não pude divulgar logo, porém faço-o agora,
não apenas informando mas analisando os fatos. Tratava-se das
explosivas declarações do ex-magistrado do Tribunal Superior de Justiça
Eladio Aponte Aponte, que durante anos apoiou o ditadura de Chávez,
segundo ele, porque “acreditava na revolução, era fiel à revolução”.
E
como sempre ocorre em regimes ditatoriais comunistas, tão logo o
indivíduo perde a serventia é descartado, como um bagaço de laranja,
como um entulho imprestável. E é nessas circunstâncias que essas
criaturas, de verdugos, passam a vítimas e se dão conta da brutal
realidade. A história está repleta desses fatos, fartamente documentados
na extinta União Soviética, em Cuba, nos países do Leste Europeu e
também no Brasil. Chegou a vez da Venezuela, não que esses casos sejam
novos mas porque começam a ser revelados.
O
ex-magistrado Aponte Aponte serviu com uma fidelidade canina a Chávez,
prestando-se a ser um destacado agente de influência com poder de
decisão, considerando seu cargo naquela Alta Corte de justiça. No vídeo
que segue abaixo, ele revela haver recebido ordens diretas de Chávez
para acatar testemunhos e testemunhas falsas de modo a condenar pessoas
inocentes e deixá-las apodrecendo na prisão com longas e infames
condenações que ele sabia serem falsas. Eram julgamentos políticos,
ele confirma. Dentre suas vítimas estão a juíza María Lourdes Afiuni,
os delegados Simonovis e Forero, e muito provavelmente teve seu dedo na
prisão de Alejandro Peña Esclusa que está cumprindo uma absurda e ilegal
prisão domiciliar, cujo julgamento sequer aconteceu.
No passado 20 de
março ele foi destituído de suas funções acusado de ter vínculos com o
narco-terrorista Walid Makled, de quem falei numa entrevista e neste artigo escrito há um ano.
Ameaçado de morte por militares, cartéis de droga e funcionários do
governo, Aponte Aponte fugiu do país e diz ter sido “apunhalado pelas
costas” por antigos companheiros que antes lhe telefonavam e com quem
compartilhava trabalho e vida social. Fora da Venezuela ele revela, além
das sentenças forjadas por ordens do próprio Chávez, o envolvimento de
militares de altas patentes com o narcotráfico das FARC, cuja droga
muitas vezes foi guardada dentro dos quartéis. Dentre os citados como
partícipes desta patifaria estão o general Raúl Baduel (que foi a
primeira vítima descartada por Chávez), o ministro da Defesa Henry
Rangel Silva e o general Clíver Alcalá, que é o atual comandante da
Quarta Divisão Blindada do Exército. O general Hugo Carvajal,
entretanto, é poupado, embora saibamos que é um dos que constam dos
correios eletrônicos de Raúl Reyes e que não pode pisar em solo
norte-americano.
No vídeo ele não
nega suas relações com Makled, mas alega que são conterrâneos e que
todas as pessoas na cidade de Valencia o respeitavam como um empresário
bem sucedido e generoso, mas que não sabia, até sua prisão, que ele era
um dos maiores narco-traficantes procurado pela Interpol. Assume toda a
culpa pelas sentenças forjadas e diz que fugiu da Venezuela porque “não existem garantias de segurança ou juízo justo”, confirma que na Venezuela há presos políticos
e teme pela sua vida e de seus familiares. O DEA já está de posse da
gravação dessa entrevista, muito bem feita pela jornalista Verioska
Velasco, durante 41 minutos e creio que Aponte Aponte vai querer usar
suas denúncias em favor da delação premiada.
Essas declarações
absolutamente escandalosas causaram muitas especulações na Colômbia -
onde eu me incluo -, uma vez que assim que Santos assumiu a presidência,
uma de suas primeiras ações foi devolver Makled à Venezuela e não aos
Estados Unidos como deveria ser, pois foi o DEA que o localizou e
informou às autoridades colombianas. Na ocasião me perguntei “o quê”
havia se passado para Santos tomar essa atitude e agora parece que os
cabos soltos começam a se atar.
Esse juiz sabe de
muita coisa que pode comprometer muitos governos - inclusive ele
confirma que Wilson Antonini, hoje preso nos Estados Unidos, levou uma
maleta repleta de dólares para a eleição da presidente Cristina Kirchner
-, e Makled é uma das peças-chave da engrenagem: ele comercializava a
coca com as FARC e as armazenava nos quartéis venezuelanos. As denúncias
feitas por Uribe ao fim de seu mandato à OEA se confirmam, mais uma
vez, com as declarações deste ex-militar e ex-juiz do TSJ, peça
fundamental do regime de Chávez para executar a perseguição política,
usando os tribunais como tribunal revolucionário onde a sentença está
pronta antes mesmo de se ouvirem as testemunhas.
E esse fato
remete-nos aos tribunais de toda a América do Sul, dentre os quais os
casos mais aberrantes encontram-se atualmente na Colômbia, onde a
perseguição aos militares obedece exatamente a isto que revela o
magistrado Aponte Aponte. Os casos mais patentes, dos generais Arias
Cabrales e Uscátegui, e do coronel Plazas, além dos quase 5.000
militares presos sob acusações absolutamente falsas e kafkianas,
deixam-nos com um sentimento de que nas Cortes colombianas reinam
impunes dezenas de Apontes Apontes a serviço do narco-terrorismo
comunista, cujo único objetivo é destruir a democracia, rasgar a
Constituição e instalar uma ditadura comunista sob as ordens dos
assassinos Castro, chefes de Chávez, das FARC e de todos que odeiam a
liberdade e o respeito aos direitos mais elementares do ser humano.
Como a dicção do juiz Aponte Aponte é muito ruim, quem quiser ler as denúncias que ele faz clique aqui
e leia a entrevista na íntegra em espanhol. E como este senhor está nos
Estados Unidos e protegido pelo DEA, espero, muito sinceramente, que
ele conte tudo o que sabe com riqueza de detalhes para que as patifarias
que vêm sendo cometidas no nosso continente, por governantes e justiça,
sejam postas à execração pública e que os verdadeiros culpados ocupem o
lugar de suas vítimas: as penitenciárias. Ainda há muito cabo solto mas
aos verdade vai aparecendo. E que o presidente Santos ponha suas barbas
de molho porque quando o seu “mais novo melhor amigo” não vir nele mais
serventia alguma, seu destino será como o de Aponte Aponte. Fiquem com
Deus e até a próxima.
DO B. NOLATINA
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