Está
criada a CPI do Cachoeira. Que investigue tudo, tendo como norte a
defesa do interesse público e a preservação do patrimônio que pertence a
todos os brasileiros, cotidianamente dilapidado por larápios! No
Brasil, boa parte do trabalho de depuração da política, distinguindo os
maus dos bons, tem sido feito pela imprensa séria, responsável, que não
se subordina a nenhum outro interesse que não a defesa dos valores
democráticos, consolidados na Constituição e em códigos
infraconstitucionais. Estes não são estanques e preveem rituais para a
sua própria mudança, que precisam ser cumpridos.
Um país não
consolida seus avanços econômicos e sociais fora das regras do estado de
direito. Leio que brasileiros de diversas partes do país já pensam em
se mobilizar para cobrar que o STF julgue, finalmente, os mensaleiros. É
o caminho! E igual mobilização deve ser feita para que esta nova CPI
seja instrumento de justiça dos homens de bem — a esmagadora maioria dos
brasileiros que trabalham e se esforçam para ter uma vida digna —
contra as quadrilhas organizadas para assaltar os cofres públicos. É
preciso deixar claro que o país repudia que a CPI seja palco de chicanas
e de mesquinhas vinganças partidárias, como alguns anunciam por aí.
Este é o
primeiro texto de uma série que pretendo fazer pondo, como se diz por
aí, os pingos nos “is”. Fiquem atentos! Lobos estão vestindo pele de
cordeiro para tentar dar um golpe nas instituições. Este é o primeiro
texto de uma série, em que pretendo debater algumas questões que dizem
respeito à imprensa e à sua missão. O mal não seduziria ninguém se
exibisse a sua cara horrível. Se a imagem a muitos pareceu demasiado
religiosa, então recorro a outra mais ao gosto laico, de apelo
histórico. Os dois grandes totalitarismos do século passado, o comunismo
e os vários fascismos, só se impuseram porque foram bem-sucedidos na
trapaça, no engodo, da manipulação dos sentimentos de justiça de amplas
camadas da população, que não percebiam que estavam tendo solapados seus
direitos, suas liberdades, seus anseios.
Não por
acaso, a primeira providência tomada pelos tiranos dos dois modelos, uma
vez no poder, foi censurar a imprensa, acusá-la de manipulação, de
estar a serviço ou dos “inimigos do estado” ou dos “inimigos do
partido”. Já publiquei aqui um post
com o discurso de Goebbels no primeiro grande comício nazista,
realizado no dia 10 de fevereiro de 1933, depois de Hitler ter-se
tornado chanceler da Alemanha. Seu principal alvo era a “imprensa dos
judeus insolentes”. O resto da história é conhecida.
Criminosos
das mais variadas estirpes, das quadrilhas as mais diversas, muitas
vezes inimigas entre si porque suas fontes financiadoras também são
adversárias, se unem hoje numa espécie de conjuração contra a imprensa
livre — ou o que se chamava antigamente “grande imprensa”. Financiadas
ora pelo poder público, ora por estatais, ora por gângsteres, alimentam o
sonho vão de destruir a reputação do jornalismo independente para que
possam, então, como direi?, “dividir Chicago” em zonas de influência.
Mas não vão! Porque haverá sempre, sim, a grande imprensa no meio do
caminho, para obstar a ambição de chicaneiros, de bucaneiros, de
mafiosos. Vamos lá.
Jornalismo não é ciência exata, mas é uma ciência moral e ética
Nestes dias, muito por conta da mobilização dessas quadrilhas, o jornalismo tem sido alvo de questionamentos. E começo hoje a escrever uma série de textos para demonstrar, como sabem as pessoas que estudam a área, que jornalismo não é uma ciência exata, mas pode ser uma ciência moral e ética no sentido de que reúne um conjunto de saberes e de experiências que indicam escolhas: estamos sempre, ou deveríamos estar, respondendo em que mundo queremos viver e com quais valores, tendo como instrumento a verdade dos fatos e como norte a defesa do interesse público.
Nestes dias, muito por conta da mobilização dessas quadrilhas, o jornalismo tem sido alvo de questionamentos. E começo hoje a escrever uma série de textos para demonstrar, como sabem as pessoas que estudam a área, que jornalismo não é uma ciência exata, mas pode ser uma ciência moral e ética no sentido de que reúne um conjunto de saberes e de experiências que indicam escolhas: estamos sempre, ou deveríamos estar, respondendo em que mundo queremos viver e com quais valores, tendo como instrumento a verdade dos fatos e como norte a defesa do interesse público.
As fontes, as barganhas, a madre e o corrupto
Um jornalista que se preza — e é assim na VEJA, por exemplo — sabe que a INDEPENDÊNCIA é seu maior valor. Por isso não aceita qualquer barganha editorial com as fontes em troca de informações. Em nosso cotidiano, sempre avaliamos as informações que recebemos das fontes tendo como único metro o já referido interesse público.
Um jornalista que se preza — e é assim na VEJA, por exemplo — sabe que a INDEPENDÊNCIA é seu maior valor. Por isso não aceita qualquer barganha editorial com as fontes em troca de informações. Em nosso cotidiano, sempre avaliamos as informações que recebemos das fontes tendo como único metro o já referido interesse público.
Informações
não caem de árvores, não circulam no vento, não se materializam do nada.
O jornalismo, especialmente o investigativo, se alimenta de fontes. Um
jornalista, é assim na VEJA e em qualquer outro veículo sério, sempre
deixa claro que não está estabelecendo com essas fontes uma relação de
troca. Elas não terão nenhum privilégio ao fornecer uma informação que
interessa ao conjunto da população — a não ser, quando solicitada, a
garantia do sigilo, UM PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL.
Interesse das fontes
Um leitor me perguntou, de boníssima fé: “Reinaldo, mas essas fontes não têm sempre algum interesse quando passam uma informação?” COMO SABE TODO JORNALISTA, desinteressadas elas nunca são! Madre Teresa de Calcutá, quando atendia jornalistas, queria ver suas obras de caridade celebradas nas páginas de jornais e revistas e nas telas das televisões. No extremo oposto no espectro das intenções, um corrupto que passa informações quer se vingar de outro corrupto ou espera atrapalhar o negócio do concorrente com o governo. Qual deve ser o papel do jornalista?
Um leitor me perguntou, de boníssima fé: “Reinaldo, mas essas fontes não têm sempre algum interesse quando passam uma informação?” COMO SABE TODO JORNALISTA, desinteressadas elas nunca são! Madre Teresa de Calcutá, quando atendia jornalistas, queria ver suas obras de caridade celebradas nas páginas de jornais e revistas e nas telas das televisões. No extremo oposto no espectro das intenções, um corrupto que passa informações quer se vingar de outro corrupto ou espera atrapalhar o negócio do concorrente com o governo. Qual deve ser o papel do jornalista?
Nos dois casos, ele precisa ter noção exata da intenção da fonte e usar a informação se a sua publicação servir mais ao interesse público do que ao do próprio informante.
Um criminoso que revele, na cadeia, um plano para assassinar o
presidente da República é possuidor de uma informação de interesse
público. Segundo o mecanismo da delação premiada, por exemplo, ele pode
ter sua pena atenuada ao contribuir para impedir um crime ainda pior do
que o cometido por ele próprio. Nesse caso, estamos diante de uma
situação em que a informação é de qualidade, embora o informante não! A
síntese que, parece-me, serve de ensinamento aos repórteres é esta: maus
cidadãos podem ser portadores de boas informações!
Como alguém chega a ser fonte? E o bê-á-bá
Olhem, minhas caras, meus caros, o que estou expondo aqui é o bê-á-bá do jornalismo que se leva a sério. La no mundo da esgotosfera a soldo, as coisas certamente transitam por outros caminhos. Sigamos. Leitores indagam também como alguém chega a ser fonte e quem escolhe quem: o jornalista escolhe a fonte ou o contrário?
Olhem, minhas caras, meus caros, o que estou expondo aqui é o bê-á-bá do jornalismo que se leva a sério. La no mundo da esgotosfera a soldo, as coisas certamente transitam por outros caminhos. Sigamos. Leitores indagam também como alguém chega a ser fonte e quem escolhe quem: o jornalista escolhe a fonte ou o contrário?
O informante
quer, obviamente, maximizar os efeitos da informação que lhe interessa
ver publicada. O mais provável, então, é que tente passá-la para um
jornalista que tenha credibilidade e trabalhe em um veículo de grande
circulação. A tarefa do jornalista é distinguir:
a) se a informação é verdadeira;
b) se a informação é relevante e de interesse público;
c) se a publicação ajudará a diminuir o raio de ações dos corruptos, incluindo o próprio informante.
a) se a informação é verdadeira;
b) se a informação é relevante e de interesse público;
c) se a publicação ajudará a diminuir o raio de ações dos corruptos, incluindo o próprio informante.
Avaliados
esses três quesitos, a informação pode ser levada a sério, a despeito,
reitero, da estatura moral do informante. Nem sempre a fonte escolhe o
jornalista. Muitas vezes, como resultado de uma apuração, o repórter se
vê diante de uma pessoa que acaba se tornando sua fonte — ou seja, esta
acaba conhecendo o jornalista porque foi procurada por ele. Às vezes,
ela escolhe, sim, o veículo e o repórter. Para isso, vale-se muitas
vezes do trabalho de assessores de imprensa. Não há uma regra, mas,
seguramente, passa pela credibilidade do veículo e do profissional. No
caso da VEJA, porque esta é uma orientação claríssima, essa fonte fica
sabendo imediatamente que sua história será ouvida sem compromisso de
publicação. E que, caso publicada (atendidos aqueles requisitos), seu
nome poderá ser mantido em sigilo.
Jornalista não é nem amigo nem juiz das fontes. Ou: Dos cuidados
Nunca se esqueçam: o norte do jornalismo é o interesse público. Cuidados são necessários. E o principal é ter consciência dos objetivos do informante. Essa análise vai ser da maior relevância no momento de decidir, ATENÇÃO!!!, se aquele interesse público supera o subproduto indesejável, mas inevitável, de publicar informação que interessa à fonte. Por isso, o jornalista nunca deve confundir fonte com amizade. Não pode aceitar presentes, convites para viagens ou quaisquer outros agrados materiais.
Nunca se esqueçam: o norte do jornalismo é o interesse público. Cuidados são necessários. E o principal é ter consciência dos objetivos do informante. Essa análise vai ser da maior relevância no momento de decidir, ATENÇÃO!!!, se aquele interesse público supera o subproduto indesejável, mas inevitável, de publicar informação que interessa à fonte. Por isso, o jornalista nunca deve confundir fonte com amizade. Não pode aceitar presentes, convites para viagens ou quaisquer outros agrados materiais.
A qualidade
moral da fonte, infelizmente, não qualifica, necessariamente, a
informação. Um criminoso pode ter sido testemunha de um outro crime, e
seu depoimento pode ajudar a desbaratar uma quadrilha perigosa. Não se
pode desprezar, por princípio, o que ele tem a dizer. É preciso ouvir,
analisar, pesar, checar, contextualizar. Fazendo uma caricatura, observo
que um economista respeitado pode estar tecnicamente equivocado sobre
algum fenômeno ou pode ainda estar a serviço de algum grande interesse
econômico ou comercial. Ambos valem, enfim, pelo teor, qualidade e grau
de interesse da informação verdadeira de que são detentores.
O papa e o corrupto
Há muitas coisas, minhas caras, meus caros, a tratar nessa área. De certo modo, exponho aqui o que é curiosidade de muita gente: como os jornalistas lidam com as informações e como, recorrendo a uma expressão que está nas ruas, ficam “sabendo de tanta sacanagem”. Não é nos conventos e nos seminários — ainda que os informantes fossem aqueles padres do Eça de Queirós… Responderei em outros artigos, por exemplo, a uma questão espinhosa: “Se uma fonte criminosa passa uma informação verdadeira, relevante e de interesse público, mas que é fruto de um crime — grampo, por exemplo —, isso faz do jornalista cúmplice desse crime?” Mas fica para outro artigo.
Há muitas coisas, minhas caras, meus caros, a tratar nessa área. De certo modo, exponho aqui o que é curiosidade de muita gente: como os jornalistas lidam com as informações e como, recorrendo a uma expressão que está nas ruas, ficam “sabendo de tanta sacanagem”. Não é nos conventos e nos seminários — ainda que os informantes fossem aqueles padres do Eça de Queirós… Responderei em outros artigos, por exemplo, a uma questão espinhosa: “Se uma fonte criminosa passa uma informação verdadeira, relevante e de interesse público, mas que é fruto de um crime — grampo, por exemplo —, isso faz do jornalista cúmplice desse crime?” Mas fica para outro artigo.
Neste, quero
retomar a questão da qualidade moral da fonte. Ora, mesmo que ela seja
um assassino esperando a sentença de morte (exemplo verídico, relatado
no livro “O jornalista e o Assassino”, da americana Janet Malcolm),
merece ser tratada com respeito. ATENÇÃO! Se a fonte não tem
ética, isso é problema dela. A ética do jornalista não pode variar
conforme a ética da fonte que está lhe dando informações. Ter o Papa
como informante não nos faz santos. Ter um corrupto como informante não
nos corrompe, pouco importa se falamos com ele 10 ou 10 mil vezes.
Um eventual
maledicente que chegou até aqui poderia indagar: “Ah, então você
permitiria que um criminoso escrevesse no seu blog, Reinaldo?” Não! De
jeito nenhum! Vagabundo dando opinião no meu blog sob o pretexto da
pluralidade? Nunca! Se quiser me passar uma informação que seja do
interesse público, seguirei o roteiro que estabeleci até aqui. Não terá
nada em troca. Mas também a este assunto pretendo voltar.
Os lobos em pele de cordeiro
A canalha, também aquela da esgotosfera, do subjornalismo a soldo, está fazendo o trabalho dos totalitários e dos demônios: a inversão moral, que transforma o certo em errado, o bem em mal. No post abaixo, vocês verão dois exemplos escandalosos dessa prática. Um deles apela ao discernimento da própria presidente Dilma Rousseff. Não digo que essa gente perdeu a vergonha porque não se perde o que não se tem. Lamento pelos totalitários! Lamento pelos demônios! Terão de suportar a imprensa livre e independente.
A canalha, também aquela da esgotosfera, do subjornalismo a soldo, está fazendo o trabalho dos totalitários e dos demônios: a inversão moral, que transforma o certo em errado, o bem em mal. No post abaixo, vocês verão dois exemplos escandalosos dessa prática. Um deles apela ao discernimento da própria presidente Dilma Rousseff. Não digo que essa gente perdeu a vergonha porque não se perde o que não se tem. Lamento pelos totalitários! Lamento pelos demônios! Terão de suportar a imprensa livre e independente.
EWV VEJA
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