Circula
pelo Jornalismo da Esgotosfera Governista (JEG) o conteúdo de um
relatório da Polícia Federal — que integra o inquérito que está no STF
que apura as relações entre o senador Demóstenes Torres e Carlinhos
Cachoeira — apontando as supostas relações entre o bicheiro e
jornalistas.
Muito bem!
Há o que escreve a PF, já recheado de fantasias (explico daqui a pouco),
e há o que escreve a esgotosfera. Lembram-se do chefe de quadrilha
(segundo a PGR) José Dirceu se esgueirando num quarto de hotel,
recebendo autoridades da República, como se comandasse um governo
paralelo? Os inimigos da imprensa livre acusam a VEJA de ter invadido o
hotel e instalado câmeras para espionar o petista. O engraçado é que o
próprio relatório da PF informa que as imagens são do circuito interno
do hotel e que foram utilizadas para “reforçar uma reportagem envolvendo
o ministro”.
Aí a PF
chuta: os vídeos “teriam” sido repassados pela turma do Cachoeira. Não
saio por aí violando a Constituição e indagando o nome das fontes dos
jornalistas. Negá-lo já seria conferir à PF um poder que a Constituição
não lhe dá. A mentira que se segue ao chute é facilmente identificável e
comprovável. A revista teria prometido publicar uma reportagem sobre
bingos online… É mesmo, é? FATO: NUNCA HOUVE NEM PROMESSA NEM PUBLICAÇÃO
DA DITA-CUJA. Mais curioso ainda: a própria PF afirma que inexiste
áudio com essa “negociação”. Claro que inexiste!
No tal
relatório, afirma-se que os dados iniciais das reportagens que VEJA
publicou sobre a roubalheira no Ministério dos Transportes teriam sido
passados por Cachoeira e sua turma porque tinham interesse em
desestabilizar a pasta e blá-blá-blá. A apuração que resultou naquelas
reportagens levou dois meses. Elas estão em arquivo. Muita gente foi
ouvida. As fontes não serão reveladas porque se trata de uma garantia
constitucional — que protege todos os jornalistas do país.
Pergunta:
Dilma seria a pomba lesa da brincadeira? Teria sido enganada? Nada havia
de errado, então, no Ministério dos Transportes e no Dnit, e todos
aqueles patriotas teriam sido demitidos em razão de uma sórdida
conspiração? Isso é de um ridículo sem par. Seis ministros foram
demitidos sob suspeita de corrupção. Vai se fazer, agora, a apuração
policial para saber as fontes de todas as reportagens que resultaram nas
demissões? Será que Dilma não se ocupou nem mesmo em saber se eram
consistentes os dados que foram levantados?
“Ah, mas quem passou a informação?”
Não estamos
na Coréia do Norte, e Kim Jong-Lula ainda não deu um golpe de estado e
mandou a democracia para a cucuia. Dirceu está bravo porque foi flagrado
comandando o seu governo paralelo. Como deixa claro a própria polícia, a
fita é do circuito interno do hotel. Como chegou às mãos da revista?
Não sei! E, se soubesse, não contaria. As reportagens sobre o Ministério
dos Transportes revelaram uma máquina criminosa e ineficiente
incrustada na pasta. Se bem se lembram, uma delas trazia um esculacho
que a própria presidente dera na equipe. Acho que Carlinhos Cachoeira
não estava na reunião com Dilma, não é mesmo? Vão querer saber também
qual foi a fonte de VEJA no Palácio do Planalto?
Isso tudo é esforço para intimidar e calar o jornalismo. Não vai dar certo.
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