terça-feira, 29 de novembro de 2011

Estão bravos comigo porque defendo que sejam vencidos no voto; eles são diferentes: pregam que eu seja vencido na porrada!

É preciso que algumas coisas fiquem claras. Eu não conheço o professor Marcelo Barra, que foi agredido dentro da sala de aula, na USP. Portanto, eu não o estou defendendo como indivíduo — o que ele pode fazer por sua própria conta.
Eu defendo a instituição.
Eu defendo a USP.
Eu defendo a autonomia universitária.
Ainda que ele próprio viesse a público para declarar: “Esse Reinaldo que se dane! Não quero a sua defesa”, eu não arredaria pé do meu ponto de vista. Eu defendo A LIBERDADE DE PENSAMENTO E A LIBERDADE DE ESCOLHA, valores maiores do que Reinaldo, Barra ou qualquer outro. EU DEFENDO PRINCÍPIOS!
Dizem os extremistas, inclusive alguns professores, que a USP foi “militarizada”, o que é um delírio; que a universidade não pode conviver com a presença de PMs, homens do povo que lá estão para coibir crimes contra a pessoa e o patrimônio, não para patrulhar o pensamento. Há polícias ideológicas na universidade, sim, mas não são os homens de farda.
Digam-me cá:
- Um soldado que intimida ladrões impede um professor da FFLCH de pensar o que quer que seja?
- Um soldado que intimida potenciais homicidas impede um professor da FFLCH de elaborar a teoria a mais revolucionária?
- Um soldado que intimida eventuais molestadores de mulheres impede um professor da FFLCH de arrebatar multidões com o seu biscoito fino para as massas?
Digam-me cá ainda:
- A produção intelectual na FFLCH vivia seus dias fervilhantes e sofreu uma queda abrupta depois que os pensadores começaram a se sentir constrangidos pela presença, no campus, dos filhos da dona Maria, do seu José, do seu Cícero, da dona Sebastiana? ORA, A PRESENÇA DOS PMs NO CAMPUS REPRESENTA UMA CHANCE DE OURO QUE TÊM MUITOS PROFESSORES DA FFLCH DE CONHECER O POVO DE VERDADE! E PELA PRIMEIRA VEZ! NÃO TENHAM DÚVIDA: soldados da PM no campus contribuem para diminuir o PIB per capta da universidade!
Ofendem-me, atacam-me, demonizam-me, pregam que eu seja linchado porque não conseguem responder a uma questão simples, elementar, básica: “O que faria um, digamos, livre-prensador numa USP sem PM que ela não consiga fazer numa USP com PM?”
Um soldado jamais atravessaria o umbral do templo de um professor, ainda que a lei lhe faculte isso se estiver coibindo um crime. Não atravessaria mesmo assim — o que quer dizer que prefere não ir ao limite das prerrogativas legais e constitucionais de que dispõe. Mas os vândalos da USP invadem salas de aula, ignoram e constrangem professores, intimidam seus colegas, impõem-se.
SAIBAM: MESMO NOS PIORES PERÍODOS DA DITADURA, SOB O AI-5, RARAMENTE UMA SALA FOI INVADIDA OU UM PROFESSOR FOI IMPEDIDO DE DAR A SUA AULA, COMO ACONTECE HOJE NA FFLCH.
Ora, quem, hoje em dia, está violando a autonomia universitária?
Não, senhores! Eu não estou defendendo este ou aquele em particular.
- Eu estou defendendo uma instituição!
- Eu estou defendendo o direito de ir e vir!
- Eu estou defendendo que a democracia se faz sob o império da lei!
Não vou parar! Não vou parar, inclusive, em homenagem a alguns verdadeiros mestres que resistem na universidade, que se dedicam ao ensino e à pesquisa e que sabem que o verdadeiro trabalho de um professor estimula a inteligência, a tolerância, a civilidade.
Essa gente faz o contrário: demoniza o adversário, acusa-o de autoritário, transforma-o em inimigo da democracia para que possa, então, incitar as falanges do ódio. Alguma dúvida de que essa gente mandaria me executar sem nem mesmo o direito a um julgamento?
EU COMETO, A SEU JUÍZO, O PIOR DE TODOS OS CRIMES: NÃO CONCORDO COM ELES!

Estão bravos comigo porque defendo que sejam vencidos no voto.
Eles são diferentes de mim! Acham que tenho de ser vencido na porrada!
Por Reinaldo Azevedo
REV VEJA

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