Relatei aqui ontem a agressão de que foi vítima um professor do Departamento de Lingüística. Embora a história absurda circulasse nas redes sociais e nos fóruns de debates de alunos e professores — e havia gente achando que “o cara mereceu” (”o cara”, acreditem, é o professor!) —, a “mídia” (que é como os esquerdopatas chamam a imprensa) não se interessava. Mas eu me interesso. Um policial militar não pode, seguindo a lei, abordar três maconheiros no campus. Já um professor ser agredido em seu templo, a sala de aula, bem, isso, segundo alguns, é um “assunto interno”. Mas não mesmo! Não aqui! Quem sustenta a USP é o povo paulista! Enquanto eu escrever, não me conformarei que ela seja seqüestrada por meia-dúzia de delinqüentes. Adiante.
Recebi uma mensagem de uma jovem — vou preservar o seu nome; vou preservá-la de si mesma! — que me deixou realmente espantado. Fica a seu critério identificar-se ou não. Segue o texto. Volto em seguida.
Me desculpe, mas tenho que dizer que houve exagero da sua parte neste relato. Eu sou uma das pessoas que se coloca contra essa greve e estava dentro da sala fazendo a prova quando houve o ocorrido. O sujeito realmente invadiu a sala dando um pontapé violento contra a porta, quebrando-a. Ele realmente virou a mesa e foi para cima do professor Marcelo Barra. Mas no momento em que o cara ia agredi-lo, eu (sim, eu!) e mais algumas pessoas fomos pra cima do louco - não cabe adjetivo melhor - para segurá-lo. Portanto, o professor não foi jogado contra a parede em nenhum momento. Não quero defender aquela pessoa, de maneira alguma (e em outro vídeo publicado na rede, é possível me ver discutindo com ele), porém também não posso tolerar o seu sensacionalismo.
Voltei
A minha primeira tentação é tecer considerações sobre o uso indevido do “que” em locuções verbais, coisa que sempre me incomoda; sobre classe de palavras — o “louco”, no caso, é um substantivo — ou sobre essa “intimidade proclítica” com quem nem se conhece, mas deixo pra lá… O que escrevi em meu texto original? Isto:
“Um sujeito invadiu a sala do professor Marcelo Barra, virou a mesa (literalmente!), pegou-o pelo colarinho e o encostou contra a parede.”
Nem mesmo empreguei o verbo “jogar”, mas “encostar”. A moça age como uma outra que protestou porque Barra, afinal, estaria de camiseta — logo, sem “colarinho”. Ainda haverá uma geração de manetas na FFLCH. Quando alguém pedir a certos estudantes que “dêem uma mãozinha” num determinado serviço, eles decepam um dos… membros dianteiros. Minha solidariedade aos sérios e dedicados, que devem formar a maioria silenciosa. Acordem, por favor!
A minha primeira tentação é tecer considerações sobre o uso indevido do “que” em locuções verbais, coisa que sempre me incomoda; sobre classe de palavras — o “louco”, no caso, é um substantivo — ou sobre essa “intimidade proclítica” com quem nem se conhece, mas deixo pra lá… O que escrevi em meu texto original? Isto:
“Um sujeito invadiu a sala do professor Marcelo Barra, virou a mesa (literalmente!), pegou-o pelo colarinho e o encostou contra a parede.”
Nem mesmo empreguei o verbo “jogar”, mas “encostar”. A moça age como uma outra que protestou porque Barra, afinal, estaria de camiseta — logo, sem “colarinho”. Ainda haverá uma geração de manetas na FFLCH. Quando alguém pedir a certos estudantes que “dêem uma mãozinha” num determinado serviço, eles decepam um dos… membros dianteiros. Minha solidariedade aos sérios e dedicados, que devem formar a maioria silenciosa. Acordem, por favor!
Volto ao texto da jovem, Ela diz não poder “tolerar” meu “sensacionalismo”. Entendo. Segundo ela própria, o sujeito:
a) “realmente invadiu a sala dando um pontapé violento contra a porta, quebrando-a”;
b) “realmente virou a mesa e foi para cima do professor Marcelo Barra”;
c) o professor só não apanhou porque os alunos contiveram o agressor (no meu texto original: “Barra só não apanhou pra valer (…) porque os alunos intervieram”).
a) “realmente invadiu a sala dando um pontapé violento contra a porta, quebrando-a”;
b) “realmente virou a mesa e foi para cima do professor Marcelo Barra”;
c) o professor só não apanhou porque os alunos contiveram o agressor (no meu texto original: “Barra só não apanhou pra valer (…) porque os alunos intervieram”).
Perdi alguma coisa, ou o relato da jovem que me acusa de “sensacionalista” reproduz uma violência ainda maior?
O primeiro esforço para tentar negar o que de fato aconteceu no prédio das Letras partiu daqueles que tentaram caracterizar o aluno agressor apenas como um “louco”, como se a turma do CAELL, ligada ao PSTU, não estivesse lá, com seu apitaço, constrangendo professores e alunos, criando as circunstâncias favoráveis à agressão.
O segundo esforço, agora, é esse e poderia ser assim resumido: “A coisa não foi tão grave como diz esse Reinaldo aí…” Se quiserem saber, a abordagem feita por essa estudante chega a ser pior do que a do PSTU, PSOL, LER-QI, PCO, aquela gente esquisita toda. Esses não escondem o que pretendem. São golpistas e pronto! Impõem-se pela violência. Ninguém tem o direito de se enganar com eles. Já esta outra tenta naturalizar a violência e tirar a gravidade do ocorrido.
Há uma perda completa de parâmetros! Então, meus caros, que fique registrado, tá? Eu exagerei. O aluno apenas “invadiu a sala dando um pontapé violento contra a porta, quebrando-a”, “virou a mesa e foi para cima do professor Marcelo Barra” e só não o espancou porque “algumas pessoas foram pra cima do louco (…) para segurá-lo.”
Entendi! Eu sou mesmo exagerado!
REV VEJA
Nenhum comentário:
Postar um comentário