"Veja só a que ponto chegamos. Já não adianta nem mesmo filmá-los batendo carteira e exibir as imagens do flagrante para todo o país. O recado que a Câmara dos Deputados deu esta semana é claríssimo: desistam de cobrar honestidade de certa classe política. Pior, inspiradas no avançadíssimo modelo socialista bolivariano do camarada Chávez, excelências já têm a solução para não serem mais incomodadas em seus afazeres por essa mídia golpista que insiste em expor as maracutaias dos companheiros revolucionários. Insuspeito, o deputado federal José Guimarães (PT-CE) — aquele cujo assessor foi flagrado num aeroporto em 2005 com R$ 200 mil numa mala e US$ 100 mil na cueca — vai defender que seja instituído no Brasil o "controle social da mídia", que nada mais é do que a volta da velha censura à imprensa.
Também, convenha, leitor: como pode tamanho desacato a um probo assessor da excelência? Não bastasse o vexame, à época, a tal da mídia golpista inundou suas páginas com a maracutaia. Não pode uma coisa dessas, não é? É por isso que o nobre deputado quer pôr fim a esses abusos. Pelo rumo inusitado dos acontecimentos, não se surpreenda se, daqui a pouco, caras-pintadas invadirem as ruas do país em defesa da corrupção e da mordaça na imprensa. Jornalista que denunciar alguma roubalheira vai ter de engolir sapo, ora bolas! Estão pensando que aqui é os EUA, onde o simples fato de um presidente mandar espionar adversários políticos e fazer campanha com recursos não contabilizados pode acabar em impeachment? Mire, veja e compare com o mensalão. Não é uma merreca, um escandalozinho, esse tal de Watergate?
No Brasil, a campanha a favor da corrupção é forte. Tão forte que ameaça puxar o tapete da presidente Dilma se ela insistir na faxina que já desalojou três ministros do governo. Certo estava Rui Barbosa quando, em profética visão do que iria se tornar o país, disse: "De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto". E olhe que em 1914, quando fez o discurso, Rui ainda não tinha visto nada!" (Artigo de Plácido Fernandes Vieira, "A volta da mordaça", publicado no Correio Braziliense)
Também, convenha, leitor: como pode tamanho desacato a um probo assessor da excelência? Não bastasse o vexame, à época, a tal da mídia golpista inundou suas páginas com a maracutaia. Não pode uma coisa dessas, não é? É por isso que o nobre deputado quer pôr fim a esses abusos. Pelo rumo inusitado dos acontecimentos, não se surpreenda se, daqui a pouco, caras-pintadas invadirem as ruas do país em defesa da corrupção e da mordaça na imprensa. Jornalista que denunciar alguma roubalheira vai ter de engolir sapo, ora bolas! Estão pensando que aqui é os EUA, onde o simples fato de um presidente mandar espionar adversários políticos e fazer campanha com recursos não contabilizados pode acabar em impeachment? Mire, veja e compare com o mensalão. Não é uma merreca, um escandalozinho, esse tal de Watergate?
No Brasil, a campanha a favor da corrupção é forte. Tão forte que ameaça puxar o tapete da presidente Dilma se ela insistir na faxina que já desalojou três ministros do governo. Certo estava Rui Barbosa quando, em profética visão do que iria se tornar o país, disse: "De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto". E olhe que em 1914, quando fez o discurso, Rui ainda não tinha visto nada!" (Artigo de Plácido Fernandes Vieira, "A volta da mordaça", publicado no Correio Braziliense)
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