quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Ministra está estimulada com o trabalho, diz Gilmar Mendes

 Ministro do STF sai em defesa de Eliana Calmon após crise no CNJ
 
Daiene Cardoso, de Agência Estado
SÃO PAULO - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes saiu nesta quarta-feira, 28, em defesa da corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Eliana Calmon, e admitiu que o Judiciário, como qualquer outra instituição, enfrenta casos isolados de desvios de conduta. O ministro disse não ver más intenções nas declarações de Eliana - de que a magistratura "está com gravíssimos problemas de infiltração de bandidos que estão escondidos atrás da toga" - e atribuiu a frase ao envolvimento dela com a atuação na corregedoria. "Acredito até que a ministra está muito estimulada com seu trabalho. Quem lida com problemas concretos certamente se empolga e quer resolvê-los", afirmou Mendes, que participou de seminário sobre guerra fiscal realizado na capital paulista.
Gilmar Mendes também é ex-presidente do CNJ - Celso Junior / AE 22.09.2011
Celso Junior / AE 22.09.2011
Gilmar Mendes também é ex-presidente do CNJ
As afirmações de Eliana foram feitas em entrevista à Associação Paulista de Jornais (APJ) e causaram fortes reações, especialmente do presidente do CNJ e do STF, Cezar Peluso. Em nota divulgada ontem, o CNJ afirmou que "repudia veementemente acusações levianas e que sem identificar pessoas nem propiciar qualquer defesa lançam sem prova dúvidas sobre a honra de milhares de juízes".
"Acredito que ela se referiu a grupos, segmentos, pequenos focos distorcidos que existem em quaisquer carreiras", afirmou Mendes. "Claro que temos problemas na instituição, como temos em qualquer outra organização. Vamos encontrar problemas no Ministério Público e na polícia - e na política os senhores estão cansados de revelar", comentou, dirigindo-se aos jornalistas.
Muro das lamentações - Na tarde desta quarta está previsto no STF julgamento de ação movida pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) que questiona a competência da Corregedoria Nacional de Justiça para abrir investigações contra juízes suspeitos de irregularidades. "Acredito que não se possa restringir o trabalho da corregedoria", afirmou. "Sei também que a corregedoria não consegue ser uma grande corregedoria", salientou o ministro, ao comentar que o órgão atua em 90 tribunais em todo o País e fiscaliza 18 mil juízes. "Imaginar que um órgão em Brasília vai conseguir supervisionar todo esse trabalho é ser um pouco ingênuo."
Ele admitiu que os integrantes do CNJ tem dificuldades em investigar seus colegas muitas vezes por falhas nas corregedorias regionais. "De fato, o CNJ não tem capacidade de responder a todas as demandas", afirmou. "Ele hoje é um grande Muro das Lamentações. Mas ele repassa as reivindicações."
Para o ministro, os problemas enfrentados no Judiciário estão sendo solucionados graças ao empenho do CNJ. Ele lembrou da sua atuação na presidência do conselho. "Na minha gestão, havia uma plena afinidade entre o meu trabalho e o do corregedor Gilson Dipp", afirmou, evitando ir além disso na comparação com a gestão do sucessor, Cezar Peluso.

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