sexta-feira, 9 de setembro de 2011

51 bilhões de reais em maracutaia

Numa estimativa conservadora, essa é a quantia anual que a corrupção rouba dos cofres públicos — e do crescimento econômico do Brasil

Polícia Federal/Divulgação
Brasão da Polícia Federal
Um Brasil obscuro: denúncias de corrupção envolvendo servidores e políticos do governo e da oposição agitam diariamente a crônica política­­ — e a policial
São Paulo - as imagens de maços de dinheiro público sendo escondidos por servidores em caixas de papelão, meias e cuecas, os flagrantes de lobistas usando salas de ministérios e as conversas telefônicas que explicitam maracutaias são os sinais mais debochados e patéticos de um problema que parece ter se transformado em epidemia no Brasil.
Nesse curto período de tempo, dois ministros caíram, An­tônio Palocci, ex-Casa Civil, e Alfredo Nascimento, ex-Transportes, que levou con­sigo dezenas de funcionários do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Há alguns dias, Frederi­co Silva da Costa, secretário executivo de Tu­rismo, foi preso pela Polícia Federal com mais 34 suspeitos de repassar verbas a ­ONGs fantasmas. Apesar de ninguém saber o que cresceu mais — se as falcatruas ou as denúncias sobre elas —, a sensação é que nunca se roubou tanto.
Num país com enormes carências — que vão do saneamento básico ao transporte coletivo, das escolas e hospitais aos aeroportos, portos e estradas —, o desvio de dinheiro público para a corrupção é a mais deplorável e abjeta praga que enfrentamos.
É bom lembrar: o dinheiro da corrupção é fruto de uma das mais vorazes cargas tributárias do mundo, capaz de engolir cerca de 40% de tudo o que é produzido.
Cada centavo de imposto desviado é prejuízo para o contribuinte tanto pelo que ele deixa de receber em forma de serviços quanto pelo impacto que tem sobre o crescimento da economia. “A corrupção está na raiz do atraso brasileiro”, diz Marcos Fernandes da Silva, professor da Fundação Getulio Vargas de São Paulo.
Criação de dificuldades
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) produziu um estudo que calcula os custos econômicos da corrupção. “Numa estimativa conservadora, as perdas representam cerca de 1,4% do PIB a cada ano”, diz Renato Corona Fernandes, coordenador do estudo.

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