Por Augusto Nunes
Por enquanto, o traço comum entre os grupos fundadores é o inconformismo com a corrupção endêmica. Não houve tempo para a montagem de algum programa que estabeça prioridades consensuais e identifique com nitidez as metas a atingir, os alvos imediatos e o inimigo principal. Faltam slogans e palavras de ordem que façam o resumo da ópera eficácia e objetividade. Ainda não existem líderes reconhecidos por todas as alas, o verde-amarelo se alterna com o preto e o nome oficial não foi definido.
Embora relevantes, são questões que podem esperar.
Os jovens comandantes saberão fazer a melhor opção na hora certa.
Confrontados com o frescor e a independência dos jovens em guerra contra a corrupção, os matusaléns arrendados da União Nacional dos Estudantes Amestrados, a antiga UNE, foram remetidos ao mausoléu dos pelegos.
Alguns integrantes da Juventude do PSDB apareceram com uma faixa. Tiveram de enrolar a má ideia. Três ou quatro devotos do PSTU apareceram com um estandarte. Foram aconselhados a guardá-lo. Cinco ou seis militantes do PT apareceram com uma bandeira vermelha.
Como se recusaram a arriá-la, o pedaço de pano foi queimado ao som de duas palavras de ordem que justificaram o bota-fora de tucanos e socialistas xiitas: Primeira: “Saí daí, otário: o movimento é apartidário”.A segunda começava com o palavrão que rima com o fecho: “Nossa única bandeira é a bandeira do Brasil”. As inscrições nas faixas e as mensagens gritadas em coro reafirmaram que os manifestantes não estão a serviço de ninguém. Exigem a punição dos corruptos, pedem cadeia para os gatunos, fustigam a turma da ficha suja, recomendam que o dinheiro tungado seja investido em saúde e educação, recordam o escândalo do mensalão e informam que as vítimas do roubo em escala industrial são os pagadores de impostos. Nesta quarta-feira, para não serem associados à oposição oficial, hostilizaram apenas três unanimidades: José Sarney, Jaqueline Roriz e José Dirceu.
Um movimento gerado pela ladroagem institucionalizada não conseguiria poupar por muito tempo os mentores da decomposição moral do Brasil.Cedo ou tarde, ficaria evidente que não há como marchar contra a corrupção sem tropeçar nos arquitetos do aparelhamento da máquina estatal e no loteamento das verbas dos ministérios.
Expostos ao Sete de Setembro ensolarado por manifestações que podem moldar um Brasil muito mais luminoso, os porta-vozes do país que parece um grande clube dos cafajestes foram reduzidos a cinzas como dráculas de cinema.
Vampiros de cofres públicos e suas velharias domesticadas não suportam a claridade.
DO BLOG RESIST. DEMOCRATICA
09/09/2011
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