PPS, PSDB e DEM vão se unir para protocolar ação contra o ministro da Agricultura na Justiça Federal e pedir apuração do MPF
Adriana Caitano
Os líderes de oposição no Congresso Nacional preparam para o início da semana uma sequência de atos como reação aos desmandos cometidos pelo ministro da Agricultura, Wagner Rossi, revelados por VEJA. Na segunda-feira, PPS, PSDB e DEM devem se unir para apresentar um pedido de investigação sobre Rossi ao Ministério Público Federal (MPF), e uma ação por crime de responsabilidade, na Justiça Federal.O grupo já preparava a ação contra o ministro por causa de suas declarações no Senado, quando disse saber de irregularidades na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), da qual foi diretor, mas não ser responsável por elas. Agora, com a revelação de que não tomou providências quando foi informado de que uma doação de feijão feita pela Conab seria utilizada como moeda eleitoral em João Pessoa (PB), o caso fica mais grave. “Ao transferir a culpa ou não tomar providências, ele incorre em crime de responsabilidade”, afirma o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias.
Para os parlamentares da oposição, a presidente Dilma Rousseff não deveria pensar duas vezes antes de afastar Wagner Rossi. “A permanência dele contamina o próprio governo, afeta a imagem da própria presidente, que acaba desautorizando os governistas a falarem de limpeza ética”, considera o tucano. “A regra geral de um governo sério é afastar a pessoa que é alvo de denúncias graves para evitar influência sobre as investigações.”
O líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres, destaca que a reação de Dilma neste momento demonstrará sua verdadeira face. “Poderemos perceber se ela é uma caçadora de corruptos ou se contemporiza quando o caso ocorre com uns e outros”, argumenta. “Se ela não tomar uma providência, vai se revelar uma fraude”.
O Palácio do Planalto informou que não pretende se manifestar sobre a reportagem de VEJA desta semana. Os líderes governistas não foram encontrados para comentar o assunto. O ministro Wagner Rossi também informou, por meio de sua assessoria, que não se pronunciaria antes de segunda-feira. Limitou-se a divulgar nota no site do ministério.
Movimento - Por outro lado, um grupo que integra a base está se organizando para sair em defesa da presidente. Estão marcados para esta segunda-feira no plenário do Senado vários discursos de quem, a pedido do senador Pedro Simon (PMDB), decidir contrariar a onda de fogo amigo que tem se espalhado no Congresso. Já estão inscritos para falar os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Ana Amélia Lemos (PP-RS), Paulo Paim (PT-RS), Marcelo Crivella (PRB-RJ), Pedro Taques (PDT-MT), Wilson Santiago (PMDB-PB), Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e Eduardo Braga (PMDB-AM), Luiz Henrique (PMDB-SC), Casildo Maldaner (PMDB-SC) e Roberto Requião (PMDB-PR)
De acordo com Simon, o objetivo é demonstrar que, apesar das falhas de gestão e falta de tato para lidar com a base, Dilma está no caminho certo ao promover uma “faxina” nos órgãos em que há indícios de corrupção. “A tese é dar força à presidente da República para que ela faça um governo com integridade moral e ética. Vários parlamentares virão aqui dizer o seguinte: presidente, conte conosco”, explicou o senador na sexta-feira.
A reação do grupo deve também pressionar os demais parlamentares da base, que resolveram obstruir as votações na Câmara por conta da demora do governo em liberar emendas parlamentares, da limpeza feita no Ministério dos Transportes e das prisões ocorridas durante a Operação Voucher da Polícia Federal, que fez uma devassa no Ministério do Turismo.
FONTE: REV VEJA
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