sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Justiça ignorou os apelos e denúncias da juíza assassinada

A primeira mulher a exercer a Presidência da República ainda não deu um pio sobre a primeira juíza assassinada por um grupo de exterminío. Desde 11 de agosto, quando Patrícia Acioli foi abatida por 21 tiros disparados por armas privativas das Forças Armadas e da polícia, Dilma Rousseff não gaguejou uma frase que fosse sobre a emboscada em Niterói.
Quem joga conversa fora todo dia com Ideli Salvatti tem tempo de sobra para pensar na afronta intolerável ao Estado Democrático de Direito. O problema é que Dilma pensa primeiro no governador amigo. Não convém lembrar que Patrícia morreu sem proteção no Rio que Sérgio Cabral pacificou.
“Como cidadão, estou chocado”, concedeu Cabral ao saber do que acontecera do outro lado da ponte. Se o cidadão estava chocado, o governador permanecia tão tranquilo que dispensou a ajuda da Polícia Federal na elucidação do crime.
A Divisão de Homicídios da Polícia Civil saberá cuidar de tudo, garantiu no dia 12 o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. Passados cinco dias, a delegada Marta Rocha, que dirige as investigações, não revela o que descobriu ─ se é que fez alguma descoberta. “Estamos trabalhando em silêncio”, explicou nesta quarta-feira.
Morta, Patrícia Acioli continua extraordinariamente mais eficaz que os sherloques muito vivos. Cópias de cartas que deixou provam que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e a Secretaria de Segurança Pública ignoraram apelos e denúncias que poderiam ter impedido o desfecho terrível.
Num ofício enviado à presidência do tribunal, por exemplo, revelou que o major que a escoltava tinha vínculos com policiais bandidos que havia condenado. Em outro, mostra-se inconformada com a redução da escolta, determinada pelo Tribunal de Justiça. Em vez de três policiais, seria acompanhada por apenas um.
DO BLOG DO AUGUSTO NUNES

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