ABUJA, Nigéria, 26 Ago 2011 (AFP) -Um atentado suicida contra a sede das Nações Unidas em Abuja, a capital da Nigéria, deixou ao menos 18 mortos e oito feridos nesta sexta-feira, ao mesmo tempo em que causou graves danos ao edifício, onde vários funcionários da organização internacional se encontravam bloqueados.
O atentado foi imediatamente criticado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, e o presidente Barack Obama.
"Temos 18 mortos e oito feridos", declarou em uma coletiva de imprensa Mike Zuokumor, funcionário da polícia na capital federal da Nigéria. "Foi um carro Honda. O autor do atentado morreu na ação e seu cadáver ficou dividido em três pedaços", disse.
"Um homem chegou dirigindo um carro, forçou a entrada e investiu contra o edifício", explicou sob anonimato um agente de segurança que se encontrava no local do atentado.
Outra testemunha confirmou esta versão. Segundo ela, a explosão ocorreu após um carro suspeito entrar pela porta principal do edifício, que se encontra na zona diplomática da capital nigeriana, perto da embaixada norte-americana.
Por enquanto, o atentado não foi reivindicado, mas uma seita islâmica chamada Boko Haram cometeu vários ataques nos últimos meses na Nigéria, um deles contra a polícia nacional em Abuja, em junho.
Testemunhas, entre elas correspondentes da AFP, contaram que vários feridos foram evacuados da sede da ONU para os hospitais da cidade.
Um funcionário da ONU disse que várias pessoas ficaram presas dentro do edifício. "Não sei o que está acontecendo. Muita gente ainda se encontra bloqueada nos andares do edifício. Precisamos de uma grua para tirar as pessoas", afirmou o funcionário, que não quis se identificar.
O porta-voz da polícia em Abuja, Zuokumor, disse desconhecer quantas pessoas permaneciam dentro da sede da ONU. "As operações de resgate continuam", acrescentou.
Uma porta-voz da ONU em Genebra confirmou rapidamente que a explosão foi provocada por uma bomba. "Conversamos com nossos colegas em Lagos, que confirmaram que a explosão foi causada por uma bomba. Não temos mais informações por enquanto", disse.
A sede da ONU em Abuja agrupa várias agências da organização que operam na Nigéria, como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) ou a Organização Mundial de Saúde (OMS), explicou à AFP uma funcionária da ONU, que também pediu o anonimato.
Segundo um correspondente da AFP, as medidas de segurança em torno do edifício eram normalmente elevadas. Os veículos que não eram das Nações Unidas não podiam se aproximar da entrada do prédio, que se encontrava a uma dezena de metros da rua.
O secretário-geral da Ban Ki-moon condenou o atentado e admitiu que as baixas podem ser consideráveis.
"É uma agressão contra as pessoas que colocam sua vida a serviço dos demais. Condenamos totalmente este ato atroz", afirmou Ban, explicando que o pessoal de 26 agências da ONU se encontrava no prédio no momento do ataque.
Em homenagem às vítimas, o Conselho de Segurança da ONU iniciou um debate com um minuto d3e silêncio.
Já o presidente Goodluck Jonathan condenou o atentado e reiterou o compromisso do país em combater qualquer forma de terrorismo.
"O presidente Goodluck Ebele Jonathan e o governo da República Federal da Nigéria condenam o brutal, absurdo e covarde ataque contra o prédio das Nações Unidas em Abuja", afirma o comunicado oficial emitido.
Obama, por sua vez, criticou o ataque "horrível e covarde" e ofereceu condolências às vítimas e suas famílias.
"A ONU tem trabalhado em parceria com o povo da Nigéria por mais de cinco décadas. Um ataque contra funcionários públicos nigerianos e estrangeiros demonstra a falência da ideologia que levou a este ato hediondo", afirmou.
No dia 19 de agosto de 2003, outro atentado contra a ONU havia deixado 23 mortos em Bagdá, entre eles o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, que se encontrava no Iraque como representante especial do então secretário-geral, Kofi Annan.
A seita Boko Haram realizou atentados principalmente no nordeste do país. Em 2009, os militares acabaram com uma rebelião de membros da seita que deixou centenas de mortos. Seus militantes voltaram a perpetrar atentados a partir de 2010, com o assassinato de agentes de segurança, políticos, assim como líderes religiosos, entre outros.
Na Nigéria, as autoridades temiam que a seita estabelecesse contatos com grupos radicais de outros países, como a Al-Qaeda do Magreb Islâmico (AQMI), que atua mais ao norte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário