quinta-feira, 7 de julho de 2011

Governo federal ainda nem moralizou o Ministério dos Transportes, e acomodação já começou. É o “presidencialismo de coalizão com a lambança”

A presidente Dilma Rousseff queria Paulo Sérgio Passos, secretário executivo dos Transportes, como titular da pasta. Ele substituiu Nascimento quando este se afastou no ano passado para disputar uma vaga no Senado. É ligado ao PR, mas não é considerado um homem de confiança de gente como Valdemar Costa Neto e assemelhados. Por isso mesmo, o partido não aceita a sua efetivação em nome da cota que lhe cabe na Esplanada. Se é do PR e se a cúpula não o reconhece como um de “seus”, é claro que isso, por si, conta a seu favor moralmente. Por isso mesmo, sua efetivação é difícil, entenderam?
O Planalto já começou o trabalho de acomodação. Ideli Salvatti, ministra das Relações Institucionais, ensaiava hoje seus trôpegos passos na “dialética do Paço”, afirmando que o próprio Alfredo Nascimento, o demitido, pode interferir na escolha de seu sucessor:
“O ministro Nascimento prestou serviços que sempre foram levados em consideração pela presidente. Tanto que, na segunda-feira, tinha ficado bastante claro que ele estava na condição de conduzir os processos de apuração das denúncias. Então, não há, eu acredito que não há, da parte da presidenta, nenhuma situação que coloque o ministro sem condições de fazer sugestões, indicações, dar opinião, inclusive como presidente do partido.”
Ah, bom!
Ideli só não disse por que aquele que “estava na condição de conduzir os processos de apuração” foi defenestrado. Escrevi ontem aqui, às 18h16:
“A questão, agora, é saber que método será empregado para nomear seu [de Nascimento] substituto. Essa primeira chacoalhada nos Transportes certamente servirá para economizar alguns milhões de reais. Mas há duas questões essenciais: a) é preciso punir os bandidos que enfiaram as mãos nos cofres públicos; b) é preciso criar um método que impeça a continuidade da sem-vergonhice. Nesse caso, a primeira providência seria, sim, tirar o Ministério dos Transportes das mãos do PR. É evidente que, nesses anos, o partido criou, assim, uma hiperplasia só para cuidar desses assuntos. Ora, se a pasta ficar com esses patriotas, de onde aparecerá o nome para conduzi-la? Justamente do abscesso.
Dilma acomode o PR onde bem entender se considera vitais os votos do partido. Uma coisa é certa: caso mantenha o Ministério dos Transportes na cota desses patriotas, estará combatendo os corruptos, mas não a corrupção.”
Tudo o mais constante, a canalha só vai tomar um susto e depois voltar aos costumes. Não é o patriota Valdemar Costa Neto — processado pelo Supremo por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva — que diz que “tudo passa”?
Por Reinaldo Azevedo

Nenhum comentário:

Postar um comentário