Após a ocupação do Bope, os manifestantes foram levados de ônibus para a polícia
Foto: Luiz Gomes/Futura Press
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Pedro Faustini
Um dos líderes do movimento de protesto do Corpo de Bombeiros, o cabo Benevenuto Daciolo, afirmou na tarde deste sábado ao Terra, por telefone, que o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, "é omisso, tem muitos adjetivos, mas não poderia ser governador". Segundo o bombeiro, que está entre 439 detidos, a corporação vive "um problema ditatorial em pleno século XXI". Com a voz bastante rouca, ele afirmou que os bombeiros foram colocados em ônibus e levados à corregedoria da polícia, onde muitos ficaram deitados "no chão frio".
No início da tarde desde sábado, Cabral fez um pronunciamento sobre a invasão dos manifestantes ao quartel central dos Bombeiros na noite de sexta-feira. Ele afirmou que a invasão foi um ato abominável e intolerável. "Não há negociação com vândalos, não negocio com vândalos", disse Cabral, que afirmou várias vezes que os 439 manifestantes detidos responderão criminalmente e administrativamente pelos seus atos. O processo administrativo já foi aberto por sua determinação enquanto o processo criminal depende do Ministério Público.
O Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar entrou no quartel por volta das 6h deste sábado. Em torno das 8h, os manifestantes que passaram a madrugada dentro do quartel deixaram o local. Grande parte foi presa pela Polícia Militar. Até as 15h, segundo Daciolo, os bombeiros não haviam recebido comida ou água. Além disso, o cabo disse que os líderes foram separados dos demais. "Sem água, salas frias, sem ventilação, ninguém recebeu alimento, cadê os direitos humanos?", disse ele.
Em seu pronunciamento, Cabral afirmou que foram investidos mais de R$ 120 milhões em melhores condições de trabalho, em novos equipamentos e instrumentos à corporação. No entanto, Daciolo afirmou que "é tudo mentira" e que a os bombeiros do Rio de Janeiro "tem os piores salários do País".
Daciolo também afirmou que por enquanto não houve diálogo com o governo. A respeito da troca no comando no Corpo de Bombeiros anunciada por Cabral - o comandante da Defesa Civil da capital, coronel Sérgio Simões, para o cargo do coronel Pedro Machado -, Daciolo afirmou que nãos sabia da troca. No entanto, disse que "qualquer outro é melhor do que o coronel Pedro".
Manifestação e invasão de quartel
Parte dos cerca de dois mil manifestantes que invadiram o quartel dos Bombeiros na sexta-feira fizeram um escudo humano com as mulheres que participaram do protesto para impedir a entrada da cavalaria da PM no local. Um carro que estava estacionado no pátio do quartel foi manobrado para bloquear a entrada.
Na noite de sexta-feira, o comandante do Batalhão de Choque, coronel Waldir Soares Filho, foi foi ferido na perna. "Agora a briga é com a PM", avisou o comandante-geral, Mário Sérgio Duarte, ao saber da agressão. Ele foi ao pátio da corporação com colete a prova de balas e bloqueou com carro a saída do QG. Por volta das 22h, alertou que todos seriam presos se não deixassem o quartel. Mário Sérgio prendeu o ex-corregedor da PM coronel Paulo Ricardo Paul, que apoiava o protesto. O secretário de Saúde e Defesa Civil do estado, Sérgio Côrtes, decidiu antecipar a volta dos EUA ao Rio.
Os bombeiros espalharam faixas, a maioria pedindo "socorro" para a categoria. Relações públicas da corporação, o coronel Evandro Bezerra afirmou que caberia à Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil decidir o que seria feito. A manifestação teve início por volta das 14h, na escadaria da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Mais de 4 mil pessoas participaram do protesto, que seguiu pela área central de vias como a rua Primeiro de Março e a avenida Presidente Vargas. Os manifestantes soltaram fogos de artifício e foram acompanhados por policiais militares, mas o protesto seguiu de forma pacífica. De acordo com estimativas dos líderes da manifestação, mais de 5 mil pessoas participaram da passeata.
Os protestos de guarda-vidas começaram no mês passado, com greve que durou 17 dias e levou cinco militares à prisão. A paralisação acabou sendo revogada pela Justiça. Eles voltaram às ruas com apitaço e fogos de artifício. À tarde, pelo menos três mil protestaram na escadaria da Assembleia Legislativa (Alerj). Um dos líderes do movimento, cabo Benevenuto Daciolo, explicou que eles voltaram às ruas porque até agora não teriam recebido contraproposta do estado sobre a reivindicação de aumento do piso mínimo para R$ 2 mil. Segundo ele, os guarda-vidas recebem cerca de R$ 950.
DO TERRA
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