sábado, 4 de junho de 2011

‘Posso cair, mas não revelo nomes dos clientes’

Vera Rosa, de O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Na UTI política há 20 dias, o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, afirma que não vai exibir os clientes da empresa de consultoria Projeto, mantida por ele de 2006 a 2010, mesmo que o silêncio lhe custe o cargo. "Eu posso até cair, mas não revelo os nomes dos clientes", insistiu Palocci, em mais de uma ocasião, nos últimos dias.
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Na entrevista desta sexta-feira, 3, ao Jornal Nacional, da TV Globo, o chefe da Casa Civil bateu na mesma tecla, sob o argumento de que há cláusulas de confidencialidade a cumprir. Auxiliares da presidente Dilma Rousseff avaliam, porém, que o sigilo mantido por Palocci pode ter consequências para seu destino dentro do governo.
A estratégia adotada pelo chefe da Casa Civil até aqui - adiando as explicações o máximo possível com o objetivo de desidratar as denúncias de enriquecimento ilícito e tráfico de influência - só fez com que ele perdesse capital político. Pior: Palocci conseguiu irritar Dilma.
"Nós precisamos sair dessa agenda de crise. Você precisa se pronunciar", disse a presidente ao seu principal ministro, na quarta-feira à noite. Algumas horas antes, naquele mesmo dia, Dilma já havia proibido Palocci de ir ao almoço com o vice-presidente Michel Temer e senadores do PMDB.
Com o chefe da Casa Civil sangrando, ela teve receio de que os aliados do PMDB gravassem, com seus celulares, algum comentário reservado para "vazar" à imprensa. Preparado para se reaproximar dos peemedebistas - após o áspero bate-boca que tivera por telefone com Temer, na semana anterior -, Palocci caiu em depressão quando a presidente vetou sua presença no almoço.
A partir daquele dia, a situação de Palocci só piorou. Vários sinais foram dados pelo governo de que ele estava nas cordas. Para completar, a cúpula do PT o abandonou à própria sorte.

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