A reunião dos “blogueiros progressistas” serviu de canal para que Lula atacasse a mídia e solicitasse, publicamente, ao ministro Paulo Bernardo que colocasse para aprovação o marco regulatório dos meios de comunicação. O ex-presidente, quando oposição e líder sindicalista, usou e abusou da mídia em proveito do seu projeto político.
Não se deve tirar os méritos de Lula, mas se chegou onde chegou foi porque a mídia sempre esteve ao seu lado para fazer eco às suas postulações como o principal nome das oposições. Como não existe oposição no Brasil de hoje, nada mais incomoda os atuais donos do poder do que uma mídia livre e independente.
Os últimos acontecimentos relevantes de apropriação do dinheiro do contribuinte - por políticos e funcionários inescrupulosos - chegaram ao público pela iniciativa do jornalismo investigativo. O mensalão e a quadrilha que dele fez uso veio à tona porque alguns repórteres não se conformaram com a tese fajuta, propagada pelo governo federal, da existência de caixa dois ou, como disse o “nosso” Delúbio, de dinheiro não contabilizado.
Eufemismo para esconder da opinião pública que, na verdade, o dinheiro do mensalão saiu dos caixas dos órgãos públicos. Segundo a visão estreita de Lula, jornalistas e intelectuais críticos do seu governo não passam de “falsos formadores de opinião”.
Ainda na opinião do messiânico botocudo e na leitura rasteira que faz dos estratos sociais do país, o povo brasileiro está maduro o suficiente para entender o que se passa nos escaninhos da política nacional. Qualquer pessoa com um mínimo de informação sabe da complexidade onde se escora a sociedade brasileira, com as suas diversas classes sociais e frações de classe, em luta constante por demandas básicas como saúde, educação e trabalho.
Lula desconhece a diferença entre políticos que usam da função pública para obter concessões dos meios de comunicação, de empresários que construíram seus negócios ligados à mídia com muito trabalho e risco financeiro. Aqueles se utilizam de uma concessão estatal em benefício próprio e dos seus, regra geral bajulando os que lhe podem ser úteis. Esses, cujos compromissos são com os espectadores, leitores e ouvintes, estão interessados em bem informar, mesmo que para isso corram o risco de ter suas concessões anuladas pelo poder público.
Para gente como Lula, cujo ego é maior do que quem o carrega, notícia boa é a que elogia, pouco importando se nela estão contidas honestidade intelectual e ética jornalística.
Não vejo qualquer tipo de problema, seja de que ordem for, se blogueiros assumam uma ou outra candidatura a cargo público. Agora, me incomoda e tenho desprezo por blogueiros que assumem candidatos ou governos em troca de patrocínio com dinheiro público, quase sempre saído dos caixas das estatais. O que Lula pretende é usar do marco regulatório da mídia para censurar a livre expressão do pensamento.
Por Nilson Borges Filho
DO BLOG DO ALUIZIO AMORIM
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