terça-feira, 23 de junho de 2020

Pedro Corrêa entrega Lula: "Vi muita corrupção e convivi com muitos corruptos. Mas nunca assisti tanta roubalheira quanto no governo de Lula e do PT. Foi o maior assalto aos cofres públicos da história"

terça-feira, 23 de junho de 2020

O ex-deputado pernambucano Pedro Corrêa teve sete mandatos e está há sete anos no xilindró. Foi figura importante no Mensalão e no Petrolão, escândalos comandados por Luiz Inácio Lula da Silva, o maior ladrão da história do Brasil






Em entrevista exclusiva, rompendo um silêncio de quase sete anos de prisão, o ex-deputado Pedro Corrêa Neto, também ex-presidente nacional do PP, afirma que a prisão de Lula foi a maior afirmação da justiça brasileira. "Tive sete mandatos de deputado desde a época de Figueiredo, vi muita corrupção e convivi com muitos corruptos, mas nunca assisti tanta roubalheira quanto no Governo de Lula e do PT em geral. Foi o maior assalto aos cofres públicos da história", afirmou.
Corrêa não assume, categoricamente, que Lula é ladrão, mas suspeita do seu patrimônio, dando a entender ser fruto das corrupções em seu Governo. "Ele declarou uma poupança de R$ 12 milhões. De onde veio esse dinheiro? Eu não roubei, o dinheiro que arrecadei foi para campanhas, inclusive de Lula, que foi pobre e mudou de vida muito rápido. Eu venho de uma família rica, diferente dele", afirmou.
Corrêa assume que cometeu ilegalidades ao arrecadar dinheiro da Petrobrás, mas que não estava envolvido da arrecadação do mensalão. Entre as declarações do ex-parlamentar, ele também assume que a sua delação premiada foi fundamental para prisão do ex-presidente Lula.
“Eu digo que ele (Lula) sabia de tudo, pois ele sabia que íamos para a Petrobrás para arrecadar recursos, para poder financiar o partido. Ele sabia que o fundo partidário não dava. Na campanha dele de 2006, nós pedimos dinheiro a ele. E ele falou que "Paulinho" (Paulo Roberto, presidente da Petrobrás) tinha dito a ele que a gente estava bem de dinheiro. Mas o José Janene arrecadava sempre dinheiro e passava pro PT através do Delúbio Soares”, disse.
Perguntado sobre a sua relação e o que achava do ex-ministro e ex-juiz Sérgio Moro, Corrêa diz que ele perdeu o seu respeito ao aceitar o cargo. “Ele condenou Lula, que era o principal opositor de Bolsonaro. Ele foi para um governo que não sabia para onde estava indo. Eu não votaria em Bolsonaro porque ele é assim. Eu sei quem ele é. E Moro saiu mal, saiu batendo no presidente”, afirmou. 
Veja abaixo a sua íntegra:

O senhor se sente injustiçado?
Em relação à prisão da lava jato, sim. Não tenho mais nada a ver com a Lava Jato. Estou preso por conta da minha condenação no Mensalão. Fui condenado a 7 anos, dois meses e sete dia e estou preso há 6 anos, seis meses e 17 dias. Eu já deveria estar solto faz tempo, mas por uma incompreensão do ministro Roberto Barroso, que não quer cumprir uma decisão do colegiado do Supremo, que decidiu que o decreto do ex-presidente Temer era constitucional e que ele tinha autoridade para fazê-lo, que me deu o indulto, apesar de eu não ter podido pagar a multa. A multa era de 900 mil reais. Quando o juiz mandou para a vara de execuções, ele corrigiu para 1,6 milhão e hoje está em 3,5 milhão. Se eu tivesse o dinheiro que dizem que eu tenho eu já teria pago.
O senhor foi acusado de roubar. Mas o senhor roubou?
Eu não vou dizer a você que eu não tenha cometido nenhuma ilegalidade. Eu cometi. Eu era presidente do partido e eu arrecadei muito dinheiro da Petrobrás e etc. O Mensalão eu não fazia parte da arrecadação, eu pedi como sempre pedia aos empresários amigos. O pessoal da Lava Jato diz que nós arrecadamos R$ 400 milhões, que não é verdade. Porque esse dinheiro tinha que ter passado em algum banco, em algum lugar... e na verdade não teve isso. O Youssef, que foi preso, que arrecadava dinheiro da Petrobrás nesse caso. Isso era uma coisa comum. A Petrobrás sempre fez isso, em todos os governos. Por ter ligações com usinas, eu fazia parte da bancada do açúcar, então eu arrecadava dinheiro do Sindicato do Açúcar e usineiros.
Esse dinheiro que o senhor fala – de R$ 400 milhões – foi destinado para a campanha de Lula também?
Claro. Para todos os partidos. O Youssef arrecadava para todos os partidos. No final, Paulo Roberto Costa queria ser presidente da Petrobrás e queria fazer uma bancada. Então se ligou a vários partidos. Quando nós indicamos o nome dele pra diretoria de abastecimento, foi aceito com muita facilidade, com exceção do presidente da Petrobrás. Pois o ex-diretor dizia que dava "1 milhão e tanto" para o presidente da Petrobrás. E isso ficou provado. E teve uma encrenca grande para nomear o Paulo Roberto. O presidente Lula teve que intervir nessa questão.
O PT criou aquela imagem da ética e dos bons costumes. O senhor que conviveu de perto, o que pode dizer?
O PT, como todo partido que foi para a presidência, quis montar uma base aliada para garantir a administração, a partir do Mensalão. O PT não estava preparado para ser Governo. Lula estava, mas o PT, não. Eles acharam que tinham que colocar a companheirada toda deles nos cargos. Aí colocaram gente incompetente. Sindicalistas, gente que não tinha noção de gestão pública. Esse povo gerou essa corrupção tão grande, a maior do País. Se envolveu num mar de lama.
Por que os lulistas acham que Lula não é corrupto?
É essa coisa de achar que ele é a tábua de salvação. Eles sabem que não tem outra liderança. Haddad e esses outros não existem. Lula está velho, sem saúde e não tem outro. Eles estão com medo de Ciro, que Ciro vá ser o novo Bolsonaro da próxima eleição. Eu pensava que pudesse ser Moro. Mas quando Moro foi ministro ele perdeu o respeito a nação, pois não podia ter sido ministro de Bolsonaro, um governo que ele mesmo ajudou a construir.
Dizem que a sua delação premiada foi fundamental para a prisão de Lula. É verdade?
É. Tanto é que se você pegar a sentença da condenação de Lula, o Moro usa a minha delação em 25% dela. E se for pegar o TRF4, os desembargadores citam longamente a minha delação. Eu digo que ele sabia de tudo, pois ele sabia que íamos para a Petrobrás para arrecadar recursos, para poder financiar o partido. Ele sabia que o fundo partidário não dava. Eu conversei diversas vezes com ele sobre isso, fazíamos reunião de 15 em 15 dias. Eu, ele e Zé Dirceu falamos várias vezes. Eu me lembro, por exemplo, que na campanha dele de 2006 pedimos dinheiro a ele. E ele falou que "Paulinho" (Paulo Roberto, presidente da Petrobrás) tinha dito a ele que a gente estava bem de dinheiro. Mas o José Janene arrecadava sempre dinheiro e passava para o PT através do Delúbio Soares.
Com quem o senhor ficou preso e dividiu a cela?
Zé Dirceu, Delúbio Soares, Pedro Henry, Valdemar Costa Neto, Zé Genuíno... vivíamos todos lá dentro. O banheiro era coletivo, tinha uma cortina e pronto. Isso era na Papuda. Depois fui para o Cotel e depois para Canhotinho. Fiquei até abril e depois fui para a Polícia Federal em Brasília. Em seguida parti para da Curitiba, onde estava Marcelo Odebrecht, esse pessoal todo. Na PF, eu dormia na cama e Marcelo no chão. Era um cara que não tinha nada dessa coisa de rico. O negócio era fazer exercício, era oito horas de exercício.
Quando vocês receberam a notícia da prisão de Lula?
Eu estava em Recife. Eu saí no dia 1 de março de 2017 porque eu não aguentava mais ficar em pé. Eu me internei quatro vezes. Mas eu já estava em casa quando vi a prisão de Lula. Acho que ele foi preso um ano depois da eleição. E achei justa a prisão dele, porque ele tinha que pagar. Ia ser diferente dos outros? Ele deixou os amigos dele na mão. Deixou Zé Dirceu, Palocci, todo mundo se lascar. E aí botou Dilma e nada chegava nele. Chegou nele e chegou na Dilma. Quando fui fazer minha delação, eu avisei a todo o pessoal o que eu ia falar. Eles disseram que iam prender meu filho, minha nora e minha filha. Então, eu tinha que falar. Fiz delação e ele sabia de tudo. Eu apresentei todos os documentos que eu tinha, de valores, transferências, projetos aprovados Petrobrás, fotos de reunião com o presidente Lula... e outras coisas.
Lula é um homem rico hoje?
Não sei. Mas certamente ele é mais rico que eu. Ele disse que tem R$ 12 milhões numa conta e eu não tenho nem um tostão. Meu patrimônio todo não é nem R$ 6 milhões. Não sei como o dinheiro dele se multiplica tanto. Acho que todo diz um dinheiro dele dá luz a outra nota de cem. Já os filhos, eu não sei.
Por que o senhor silenciou por tanto tempo?
Talvez eu escreva um livro. Eu fui deputado por 28 anos. Minha vida foi toda política. E acho que o País precisa de pacificação. Não sei para onde o país vai. Antes existia um acirramento na campanha, mas depois parava. Agora, não sei é porque a esquerda não aceita a vitória a direita, mas tem destruído as pessoas e desestabilizado o governo. Hoje, as pessoas tem medo de tomar atitudes no governo e amanhã estar depondo na Polícia Federal, estar com o rosto estampado nas páginas dos jornais.
Nesse governo Bolsonaro tem corrupção?
Eu não sei. Sei que Bolsonaro nunca recebeu nada de Mensalão nem Lava Jato. Jair só recebia uma cota de selo do fundo partidário. O deputado tinha uma cota de 10 mil selos por mês, que naquela época correspondia a R$ 20 mil. Mas Jair queria mandar 500 mil cartas, então não tinha jeito. Mas aí eu arranjava para ele mais 30 mil selos, pelo fundo partidário. Dinheiro vivo, ele não queria. Ele dizia para dar para outra pessoa, pois ele não precisava. A campanha dele era barata, só gastava com selo para mandar santinho.
Então a oposição nunca vai pegar Bolsonaro em caso de corrupção?
Eu não acredito, pois ele nunca recebeu nada, pelo menos no período que estive à frente do PP.
Por qual motivo o senhor está sem a tornozeleira?
Estava ferindo minha perna, pois sou diabético. Tive até que fazer cirurgia. Tem um despacho da juíza autorizando-me a retirar. O dermatologista disse que eu não posso usar em nenhuma das pernas, pois causa ferimento.
O que o senhor diz sobre Supremo não ter dado andamento ao processo de sua liberdade?
O Supremo não aceita crítica. Acho que essas coisas de dizer que vai estuprar filha de ministro é um absurdo e tem que combater. Mas eles se acham deuses. Ele sequer se adequa ao que decidiram. Eu tive direito a indulto de Dilma e Temer e eles não consideraram. Meu processo foi para as mãos do Barroso, ele perdeu por 7 a 4 no Plenário e mesmo assim ele não cumpre. Ele está sentado em cima do meu processo. Sou diabético, tenho preferência, sou idoso, estou preso e ele não decide. Eu vou entrar com uma medida para mostrar que ele tem que decidir. Isso é abuso de autoridade. Mas aí você vai reclamar do Supremo? Depois do Supremo, só Deus. Os caras são intocáveis.
Depois disso tudo, o senhor pensa em voltar à política?
Eu não sei, o futuro a Deus pertence. Estou com 72 anos e muitos eleitores meus já morreram (risos).
O senhor tem alguma mágoa com o ex-deputado Roberto Jefferson, que incluiu seu nome na Lava Jato?
Eu tinha uma ligação estreita com ele, era meu amigo. E quando ele foi acusado de receber aquele dinheiro do funcionário dos Correios, eu estava indo para Brasília com Severino Cavalcanti e tinha um recado que Roberto Jefferson queria falar comigo. E aí fui à casa dele, e ele me pediu pra eu falar com Severino para dar mais tempo a ele, pois ele iria se defender. E eu falei que Severino ia dar esse tempo. Mas eu disse para ele: "Roberto, vê bem o que você falar. Só diga o que você tiver certeza de que é verdade." E ele disse: "Esse filho da p*** do José Dirceu quer me jantar e antes de ele me jantar eu vou almoçar ele". Ele estava com muita raiva do PT. Eu até falei com Zé Dirceu, mas Dirceu disse: "Se der o governo a Roberto, mesmo assim ele não fica satisfeito". E aí estava nessa confusão. Quando foi no outro domingo, eu vi no jornal que Roberto tinha colocado meu nome. Eu quebrei todos os meus sigilos, mas não adiantou. Joaquim Barbosa não aceitou e me meteu na história. Imaginou que eu tivesse uma relação obscura com o PT e foi isso. Então, fiquei com mágoa de Roberto Jefferson e não quero conversa com ele.
O senhor foi condenado e preso por Sérgio Moro. É verdade que o senhor fazia ele descontrair e até rir com suas reações inusitadas?
Sim. Eu sou um sujeito brincalhão e todo mundo diz que sou simpático. Todo gordinho é simpático. E eu tive duas passagens com Moro. Uma foi em relação a testemunha que era de Limoeiro, um negociante de gado. Só que ele tinha morrido e eu não sabia. Aí chegou na audiência e Moro reclamou do advogado, pois o cara estava morto. Só que eu disse que a testemunha era muito importante para mim. Eu disse que em Pernambuco tinha um pai de santo que iria fazer uma sessão de materialização e a gente ia ouvir a testemunha (risos). Aí Moro deu uma risada que nunca tinha dado. Ele perdeu a compostura. E sempre passou a me cumprimentar. E a outra vez foi que ele mandou um recado dizendo que poderia fazer a audiência com Lula, quando fui ser testemunha contra ele. Foi muita confusão, o advogado me chamava de "meia testemunha" e eu pedi a palavra e disse que não ia aceitar isso e chamei o advogado de "um quarto de advogado". E aí foi o carnaval maior do mundo. Então, o Moro sempre conversava comigo. Agora, perdeu o meu respeito quando ele aceitou ser ministro da Justiça. Ele condenou Lula, que era o principal opositor de Bolsonaro. Ele foi para um governo que não sabia para onde estava indo. Eu não votaria em Bolsonaro porque ele é assim. O pessoal está achando que Jair vai abrir contra o Supremo, mas não vai. Pode vir um trem carregado de dinamite, mas ele não abre. Eu sei quem ele é. E Moro saiu mal, saiu batendo no presidente... tiraram o COAF dele pois os parlamentares não gostam dele. Ele não conseguiu agradar. Ele não aprovou os projetos dele. Não acredito que o futuro político dele tenha sucesso. Pode ser deputado ou senador pelo Paraná, mas mais do que isso, não.J.TOMAZ

Com Blog do Magno Martins

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