segunda-feira, 18 de março de 2019
Coluna de estreia de Alexandre Garcia no jornal Gazeta do Povo:
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) está em Washington, nos Estados
Unidos, onde vai se encontrar com o homem mais poderoso da terra que é o
presidente americano.
Brasil e Estados Unidos são aliados tradicionais. Tanto que essa é a
primeira viagem ao exterior do presidente da República. E isso tem um
significado. Ele antes não podia viajar porque estava com uma bolsa de
colostomia depois de ter sido esfaqueado numa tentativa de assassinato.
Depois teve que tirar a bolsa e ficou um tempo no hospital. Mas na
primeira viagem internacional, depois do Carnaval, ele está lá com
Donald Trump, o presidente americano, falando sobre Brasil.
Eu disse que Brasil e Estados Unidos são aliados tradicionais,
inclusive em guerras. O Brasil participou ao lado dos Estados Unidos da
Grande Guerra e na Segunda Guerra Mundial, cedendo até a Base de
Guaramirim, no Rio Grande do Norte, para fazer o trampolim à vitória. Um
voo por aquele estreito do Atlântico Sul que une o saliente nordestino
ao Senegal, na África. E de lá pela África Ocidental e Setentrional que
foi quando os países aliados retomaram dos alemães o Norte da África.
Foi uma grande contribuição. Nem por isso o Brasil perdeu território ou
teve soberania invadida.
Eu estou contanto isso porque um dos assuntos do encontro entre
Bolsonaro e Trump será a Base de Alcântara, no Maranhão. Por estar perto
da Linha do Equador, a base brasileira tem uma vantagem sobre Cape
Kennedy, na Flórida, um dos centros de lançamento da Nasa. Da base
brasileira, é possível ter 30% de economia de combustível para jogar um
satélite em órbita. Vai haver um acordo de preservação da tecnologia e
isso vai ser importante.
Um outro assunto que será tratado no encontro é o comércio. Há 20
anos a gente perdeu a oportunidade de se integrar num mercado comum que
iria do Alasca à Patagônia. Os governos daquela época tiveram medo de
ter como sócio um país mais poderoso como os Estados Unidos. O Chile
também não acreditou muito e fez muitos acordos com países asiáticos,
por exemplo. E nós ficamos presos ao Mercosul.
O Brasil ficou dentro de si próprio, preocupado com o seu próprio
mercado e não deu uma olhada para fora para fazer como fazem outros
países. Cingapura, por exemplo, cresceu, ficou um país moderníssimo e
riquíssimo por causa das negociações e acordos internacionais que
possibilitaram o livre comércio com outros países.
O Brasil, por exemplo, pode ficar mais ligado à Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O Brasil vai sim negociar
bastante com a China, ao contrário do que muita gente acha.
Mas o Brasil cometeu erros até aqui. E até a Inglaterra, que tem toda
a experiência, cometeu um erro ao sair da União Europeia. E o que
acontece de fato é que a União Europeia é quem está saindo da
Inglaterra. Imagina os bancos, as indústrias, os capitais que vão deixar
a Inglaterra e vão para a França e para a Alemanha.
A gente não pode deixar de lado as oportunidades que o mundo nos
oferece. E o mundo está olhando para a gente. Vejam só: nós não sabemos,
mas o mundo já sabe que está caindo a insegurança pública no Rio de
Janeiro. Vejam os números do ano passado, graças à intervenção federal:
latrocínio caiu 62%, quase dois terços; o roubo de veículo caiu quase um
terço, 29%; o roubo de carga caiu 19%. E, agora, neste último Carnaval
os homicídios dolosos caíram cerca de um terço, 32%.
Os maiores capitalistas e investidores estão olhando para o Brasil.
Estão vendo que o Brasil é uma oportunidade. Os Estados Unidos e o
Brasil foram colonizados quase que na mesma época, só que eles são o
“primeirão do mundo” e nós ainda continuamos como terceiro mundo, só que
agora com outro nome: economia em desenvolvimento.
Temos que aproveitar as oportunidades. E como aproveitar? Fazendo a
reforma da Previdência que é necessária, mas também reformando essa
burocracia, essa tributação, essa Justiça que a gente não sabe para que
lado vai. Temos o problema de déficit público interno, mas não temos
problema de dívida externa e não temos problemas com nossas contas
correntes externas.
Um sinal da boa vontade dos investidores é que na sexta-feira passada
(15), pela primeira vez, o índice Bovespa bateu 99 mil pontos. No tempo
do caos, do governo Dilma Rousseff, estava em 43 mil pontos. Ou seja,
as ações das companhias brasileira mais que duplicaram nesse período.
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