Indicados para cargos de 2º e 3º escalões serão técnicos em 'sintonia' com projeto do governo, disse ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil). Ministro da pasta dará palavra final sobre nomeação.
Por Guilherme Mazui e Luiz Felipe Barbiéri, G1 — Brasília
O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, anunciou nesta quinta-feira
(3) após a primeira reunião ministerial do governo Jair Bolsonaro as
seguinte medidas:
- Revisão e "pente-fino" em todos os conselhos que atuam junto à administração direta. Segundo Onyx, há muitos conselhos e em vários casos as atribuições se sobrepõem.
- Preenchimento dos cargos de segundo e terceiro escalões seguirão "critérios técnicos" e terão de respeitar "a afinação com o projeto que representamos", segundo Onyx. Ele disse que o ministro da pasta é que dará a palavra final sobre a indicação após avaliar a "sintonia" do candidato com o projeto do governo.
- Reunir nas capitais as estruturas dos ministérios nos estados, a fim de se permitir a venda de imóveis federais. Será feito um censo dos imóveis para se "racionalizar" a estrutura. Onyx afirmou que a União tem cerca de 700 mil imóveis.
- Revisão de todos os contratos de locação da União. Segundo o ministro, é um "contrasenso absoluto" o governo ter 700 mil imóveis e ainda necessitar alugar.
- Revisão em cada ministério das liberações de recursos e das exonerações realizadas nos últimos 30 dias de 2018. “Houve uma movimentação incomum de exonerações e indicações nos últimos 30 dias, assim como também houve uma movimentação incomum de recursos destinados a ministérios também nos últimos 30 dias”, disse o ministro.
Onyx anunciou as medidas em uma entrevista à imprensa concedida no
Palácio do Planalto, após a reunião do Conselho de Governo, integrado
por Bolsonaro, pelo vice Hamilton Mourão e pelos ministros de Estado.
O primeiro encontro do grupo teve a presença dos 21 ministros
empossados e de Roberto Campos Neto, indicado por Bolsonaro para a
presidência do Banco Central, cargo com status ministerial, mas que
ainda exige aprovação do indicação pelo Senado.
Um novo encontro do conselho está agendado para a manhã da próxima
terça-feira (8). Na oportunidade, segundo Onyx, os ministros deverão
discutir com Bolsonaro as medidas a serem adotadas pelo governo nas
primeiras semanas.
Questionado na entrevista após o encontro sobre os parâmetros que o
governo pretende incluir no projeto de reforma da Previdência, Lorenzoni
não quis dar detalhes e respondeu:
“Só uma palavra: vamos fazer a reforma da Previdência. Ponto.”
'Conselhão' extinto
Onyx ainda afirmou que o governo de Bolsonaro decidiu extinguir o
Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado "Conselhão",
órgão de assessoramento do presidente da República. No governo Temer, o "Conselhão" tinha 96 integrantes.
O órgão foi criado em 2003, no governo Luiz Inácio Lula da Silva, com a
função de assessorar o presidente da República e auxiliar a criação de
políticas públicas. Os integrantes eram escolhidos pelo presidente.
'Despetização'
Onyx afirmou durante a entrevista que, após a reunião, os ministros
ficaram autorizados a exonerar funcionários em cargos em comissão e
funções gratificadas, a exemplo do que fez a Casa Civil.
Onyx anunciou a exoneração de cerca de 320 funcionários da pasta,
medida que, segundo ele, tem por objetivo uma “despetização” do governo.
As exonerações foram publicadas no "Diário Oficial da União" desta quinta-feira.
“Todos os ministros estão autorizados, dentro das suas pastas, a
proceder de maneira semelhante ou ajustadas a cada uma das pastas",
disse o chefe da Casa Civil.
Conforme o ministro, a intenção é "desaparelhar" a administração
federal. Os exonerados interessados em retornar passarão por uma
"avaliação" para aferir perfil e como foi indicado para o cargo.
Onyx disse que a "sociedade brasileira" optou por acabar com "ideias" socialistas e comunistas".
“A sociedade brasileira decidiu por maioria dar um basta nas ideias
socialistas e nas ideias comunistas, que por 30 anos nos levaram a esse
caos que nós vivemos hoje de desemprego, de desestruturação do Estado,
de insegurança das famílias, de má prestação da saúde e de escola que em
vez de educar, doutrina", disse.
O ministro da Casa Civil ressaltou ainda que, durante a reunião, o
presidente reafirmou que o governo não vai interferir na eleição para as
presidências da Câmara e do Senado.
Presidências da Câmara e do Senado
Segundo Lorenzoni, todos os governos que tiveram um “alto grau de
intervenção” nas eleições para as mesas diretoras do Senado e da Câmara
erraram.
“Todos os governos que tiveram grau alto de intervenção nas eleições de
Câmara e Senado erraram. Se alguém tem alguma dúvida, basta acompanhar o
que aconteceu nos meses ou anos subsequentes à intervenção desses
governos na Câmara e no Senado”, disse.
Nesta quinta, o PSL, partido de Bolsonaro, anunciou apoio à candidatura à reeleição do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) à Presidência da Câmara. O partido também lançou a candidatura de Major Olimpio (PSL-SP) para a presidência do Senado.
Em 2015, o governo da ex-presidente Dilma Rousseff apoiou o petista
Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara. Ele acabou derrotado por
Eduardo Cunha, que promoveu uma agenda legislativa alheia aos
interesses do Planalto. No ano seguinte, Cunha aceitou o pedido de
impeachment que levou à queda da petista da Presidência da República.
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