Em relação aos meninos de Kentucky, a inversão dos fatos não incomodou a
imprensa, que estava mais preocupada em encaixar a coisa em sua
narrativa ideológica. Artigo de Rodrigo Constantino, via
Gazeta do Povo:
Há quase meio século, logo após a polêmica decisão Roe v Wade, que
liberou o aborto, centenas de milhares de pessoas se reúnem todo ano na
famosa Marcha Pela Vida. Mesmo sob o intenso frio de Washington, a
marcha atrai multidões. Trata-se da maior manifestação americana,
pacífica, e por uma causa que não afeta diretamente aqueles envolvidos,
mas sim os bebês que ainda nem nasceram. Em 2019 ela se deu no dia 18 de
janeiro, e uma vez mais foi sucesso de público.
A mídia prefere ou ignorar a marcha, ou dar-lhe um destaque bem
tímido, ainda mais se comparado ao tipo de cobertura de outros eventos,
como as marchas feministas. Quando jornalistas falam da marcha,
normalmente o fazem com desdém e lançando mão de caricaturas, como se
fosse um movimento predominantemente masculino, com velhos conservadores
religiosos e alienados. Na verdade, a imensa maioria do público
presente é jovem, e também feminino. Mas relatar isso vai contra a
agenda da imprensa, alinhada ao feminismo radical.
Outra tática da mídia é a famosa “cortina de fumaça”. Para desviar a
atenção do evento, faz-se necessário encontrar algum factoide qualquer
para substituir as polêmicas debatidas na imprensa. E foi justamente o
que fez a mídia mainstream. Um caso insignificante, que jamais mereceria
destaque nacional, ganhou as manchetes dos principais jornais e canais
de televisão americanos. E pior: de forma totalmente mentirosa,
manipuladora, falsa.
O episódio ocorreu com alunos de uma escola católica do Kentucky.
Vale ressaltar que estamos falando de adolescentes, com seus 16, 17
anos. No sábado, dia 19, um vídeo se tornou viral ao mostrar um grupo de
alunos católicos supostamente confrontando um manifestante indígena. Um
dos garotos aparece sorrindo na imagem, o suficiente para diversas
acusações de insensibilidade e racismo por parte desses brancos
cristãos.
Rapidamente a imprensa farejou a sua oportunidade. O nativo americano
deu uma entrevista à CNN em que contou apenas mentiras, distorcendo
tudo o que acontecera. O “jornalismo” da emissora comprou sua história
sem qualquer crítica ou curiosidade para averiguar os fatos.
Ironicamente, eles estavam disponíveis para quem quisesse conhecê-los. A
versão integral do vídeo fora publicada na internet, e tem cerca de
duas horas. Lá fica claro o que realmente se passou, e não foi nada
parecido com a narrativa divulgada pela mídia.
Não houve qualquer agressão. O garoto que sorri na imagem estava
tentando manter a calma e evitar justamente o acirramento dos ânimos. O
manifestante indígena é que caminhou na direção dos alunos – que
participavam de outro protesto pacífico e vinham sendo ofendidos
pesadamente por um terceiro grupo – e começou a bater um tambor diante
de seus rostos e acusá-los de exploradores, alegando que suas casas
tinham sido construídas com o sangue de escravos. Havia com ele
companheiros filmando tudo. Ou seja, o intuito era óbvio: provocar uma
reação violenta e pegar tudo em vídeo.
Não foi possível. Os meninos católicos se mantiveram relativamente
calmos, à exceção de um ou outro que gritou palavras de volta. O rapaz
que mereceu os ataques mais nefastos nas redes sociais, e cuja família
chegou a ser ameaçada de morte depois, tentava impedir o escalonamento
da confusão. Ele e seu irmão mais velho publicaram textos na internet
explicando o que aconteceu de fato, condenando a inquisição apressada
das redes sociais, e realçando seus valores cristãos, rechaçando
qualquer racismo.
O teor das escritas mostra que estamos diante de jovens decentes, não
de líderes de uma nova KKK prontos para apedrejar minorias. Não
obstante, esse foi justamente o tom das reações, incluindo lideranças
democratas. Teve gente “progressista”, que prega a “tolerância”,
promovendo uma campanha de linchamento dos alunos. E claro: Trump era o
alvo verdadeiro, e foi mencionado por vários também. Todo o episódio
ganhou uma proporção absurda, e a inversão dos fatos não incomodou a
imprensa, mais preocupada em encaixar a coisa em sua narrativa
ideológica. Um índio “agredido” por alunos brancos católicos é um prato
apetitoso demais para se resistir...
Bastava ver o vídeo, porém, para derrubar as mentiras do manifestante
nativo. Ele diz que foi impedido de avançar em direção ao Memorial
Lincoln, e nas imagens está claro que nada disso aconteceu. Foi ele quem
procurou a confusão, que partiu para ofensas, e a reação dos alunos foi
até um tanto civilizada diante da provocação. Faz tempo que a mídia
mainstream não liga mais para a verdade. Sua obsessão em atacar Trump e o
que ele supostamente representa é maior do que qualquer compromisso com
a ética jornalística.
Mas a estratégia funcionou, ao menos para o público que ainda consome
“informação” nessas fontes. A Marcha Pela Vida, com quase meio milhão
de pessoas, foi ignorada sem maiores constrangimentos, pois havia uma
pauta mais “relevante”. A Marcha das Mulheres, com tom feminista radical
e que não atrai nem a décima parte da manifestação contra o aborto,
também foi destacada para abafar o grito conservador, e sem mostrar o
claro viés antissemita que tomou conta dela, com a presença de
muçulmanas extremistas.
Recentemente, o fato de a esposa do vice-presidente Mike Pence ter
aceitado dar aulas numa escola cristã também mereceu a atenção da mídia,
com duras críticas. Pence foi uma das estrelas na Marcha Pela Vida,
entrevistado ao vivo por Ben Shapiro. Karen Pence foi a vida inteira
dedicada a essa causa, estudou em escola cristã, o casal professa
abertamente a fé cristã, mas pelo visto tudo isso é novidade e motivo de
espanto para os jornalistas.
O destaque foi o fato de que a escola não encoraja ou aceita
professores e alunos assumidamente homossexuais. As manchetes todas
chamavam a atenção para esse fato: “mulher de Pence vai dar aula em
escola que veta comunidade LGBT”. Mascarar o preconceito ao
cristianismo, a intolerância para com a fé cristã, com o discurso de
luta pela inclusão e tolerância foi uma jogada canalha da turma, mas é o
que sempre vemos.
O que se espera de uma escola cristã, comprometida com os valores e
crenças do cristianismo, é justamente isso: que tais valores sejam
transmitidos com rigor naquele ambiente particular. Se nem isso é
permitido mais, se a “segunda-dama” dos Estados Unidos é vítima de
ataques nefastos só porque é cristã e age como tal, então estamos muito
perto de o cristianismo ser banido pelo “Estado laico”. É o desejo
inconfesso dessa gente que quer mudar essencialmente a religião mais
importante do Ocidente. DO O.TAMBOSI
Diante de tudo isso, cabe perguntar: até onde vai a podridão ideológica da mídia?
Rodrigo Constantino, economista e jornalista, é presidente do Conselho do Instituto Liberal.