O pedido foi feito pelo MPF no âmbito da Operação Integração, da Lava-Jato, que investiga um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na concessão de rodovias federais
postado em 25/01/2019 08:44 / atualizado em 25/01/2019 12:04
O ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) foi preso
por agentes da Polícia Federal, nesta sexta-feira (25/1). O tucano foi
detido por volta das 7 horas.
A prisão
preventiva de Richa foi decretada pelo juiz Paulo Sérgio Ribeiro, da 23ª
Vara Federal de Curitiba. O magistrado também determinou a prisão do
contador Dirceu Pupo Ferreira, homem de confiança do tucano.
O
pedido foi feito pelo Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da
Operação Integração, da Lava-Jato, que investiga um esquema de corrupção
e lavagem de dinheiro na concessão de rodovias federais no Estado do
Paraná que fazem parte do "Anel da Integração".
Pupo
foi investigado por promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate
ao Crime Organizado (Gaeco) em setembro de 2018 por suspeitas de tentar
atrapalhar as investigações que levaram Richa à prisão naquela ocasião.
São
apurados pagamentos de propinas para agentes do Departamento Nacional
de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do Departamento de Estradas de
Rodagem (DER) do Paraná e da Casa Civil do governo do Estado do Paraná.
A
integração foi a primeira fase da Lava-Jato em 2018. Por ordens do
então juiz federal Sérgio Moro, a PF prendeu o diretor-geral do DER,
Nelson Leal Júnior, e o diretor-presidente da Econorte, Helio Ogama.
Ambos
se tornaram delatores meses depois. Na oportunidade, Leal Júnior contou
que participou de um 'encontro sobre propina', no qual Richa estaria
presente, no Palácio Iguaçu, sede do Executivo paranaense. O irmão do
tucano - que é candidato ao Senado -. José Richa Filho, o Pepe Richa,
foi preso na Operação Integração II, fase 55 da Lava-Jato.
Em
fevereiro de 2018, o gabinete da Casa Civil de Richa, localizada na
sede do governo estadual, foi alvo de busca e apreensão da 'Integração'.
O tucano, que se candidatou ao Senado nas eleições 2018 e recebeu
377.872 votos, entrou novamente na mira da Lava-Jato mais duas vezes em
setembro, nas fases 'Piloto' e 'Integração II'.
Richa
foi preso em setembro em outra operação, a 'Radiopatrulha', conduzida
pelo Gaeco. Ele foi solto quatro dias depois pelo ministro do Supremo
Tribunal Federal Gilmar Mendes.
Proprina de 2,7 milhões
A
força-tarefa da Lava-Jato do Ministério Público Federal (MPF) no Paraná,
responsável pelo pedido que levou à prisão preventiva de Beto Richa
(PSDB), nesta sexta-feira (25/1), acusa o ex-governador de ser o
beneficiário de pelo menos R$ 2,7 milhões em propinas pagas por
concessionárias de pedágio no Estado. Os pagamentos teriam sido
realizados em espécie.
Os procuradores apontam a
existência de evidências de que, do montante total, R$ 142 mil foram
lavados por meio de depósitos feitos para a Ocaporã Administradora de
Bens. A acusação é que, apesar de estar no nome da esposa e dos filhos
de Richa, a empresa era controlada pelo ex-governador.
A
maior parte dos recursos, cerca de R$ 2,6 milhões, teriam sido lavados
por Richa por meio da compra de imóveis com a ajuda do contador Dirceu
Pupo Ferreira, que também teve a prisão preventiva decretada pelo juiz
Paulo Sérgio Ribeiro nesta sexta.
De acordo
com a força-tarefa da Lava-Jato, os bens foram comprados com propinas e
colocados em nome da Ocaporã. Pupo, segundo a acusação, pedia que os
vendedores dos imóveis lavrassem escrituras por um valor abaixo do
montante real. A diferença, era paga em espécie. Emails apreendidos na
investigação comprovariam que Richa tinha a última palavra nas
negociações.
Os procuradores identificaram pelo menos três imóveis pagos em espécie por Pupo.
Um
deles é um apartamento em Balneário Camboriu, Santa Catarina, adquirido
adquirido oficialmente por R$ 300 mil, mas que o vendedor reconheceu
ter recebido outros R$ 300 mil "por fora".
Outro
imóvel, um terreno de luxo em Curitiba avaliado em R$ 1,9 milhão, teve a
aquisição declarada por R$ 500 mil, correspondentes a uma suposta
permuta com outros dois lotes. O vendedor reconheceu que Pupo pagou R$
930 mil por fora. O mesmo terreno foi vendido por R$ 3,2 milhões pela
família Richa.
A terceira transação foi
identificada na compra de conjuntos comerciais também em Curitiba na
qual, segundo o corretor que intermediou o negócio, contou com o
pagamento de R$ 1,4 milhão não declarados.
Beto
Richa também é investigado na operação Radiopatrulha, que o levou para
prisão por quatro dias e vasculhou a casa de sua mãe em 2018.
A reportagem busca contato com Beto Richa, Dirceu Pupo Ferreira e os demais citados. O espaço está aberto para manifestação.
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