Em 2005, quando o mensalão mineiro do PSDB escalou as manchetes nas pegadas do mensalão do PT, o tucanato passou a mão na cabeça de Eduardo Azeredo, que presidia a legenda. Nessa época, como agora, os tucanos preferiam apontar os erros alheios. Criticavam a tesouraria petista de Delúbio Soares, anabolizada pelas mágicas financeiras de Marcos Valério, o mesmo operador da caixa Azeredo. A complacência tucana transformou o calvário penal de Azeredo num espetáculo de desmoralização partidária. Agora, condenado em segunda instância, Azeredo roça as grades. Irá para a cadeia com a ficha de filiação ao PSDB intacta, levando a legenda junto com ele.
Ao adular Azeredo, o tucanato não se deu conta de que, assim como o PT flertava com o risco da desmoralização ao tolerar Delúbio, o PSDB também comprometia o seu futuro ao tratar com “consideração” quem merecia punição. Ficou entendido que não havia inocentes na legenda. Condenado, na primeira instância, Azeredo continou filiado ao partido. Nenhum correligionário jamais ousou representar contra ele no conselho de ética da legenda.
O tempo passou. Gravado num diálogo vadio com Joesley Batista, delatado por Marcelo Odebrecht e Cia., investigado em nove inquéritos no Supremo, Aécio Neves também recebeu dos correligionários muita “consideração”. Na semana passada, Aécio virou réu. Na próxima semana, pode perder o foro privilegiado. Descobriu-se que há apenas dois tipos de tucanos: os culpados e os cúmplices.
Candidato à Presidência, o tucano Geraldo Alckmin esqueceu seu próprio contencioso judicial para sustentar, na semana passada, que Aécio já não exibe condições para ser candidato a qualquer cargo eletivo em 2018. Alckmin decerto pregará a expulsão de Azeredo. Contudo, chutar cahorro morto a essa altura é o pior tipo de oportunismo. O PSDB, como o PT, perdeu todas as oportunidades que a história ofereceu para demonstrar que possui uma noção qualquer de ética.
Josias de Souza
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