Documento foi apreendido no apartamento do ex-presidente pela Polícia Federal, no âmbito da Operação Aletheia, desdobramento da Lava Jato em que o petista foi alvo de buscas e condução coercitiva
Luiz
Vassallo e Julia Affonso
21 Fevereiro 2018 | 16h58 ESTADÃO
21 Fevereiro 2018 | 16h58 ESTADÃO
O escrevente João Nicola Rizzi afirmou nesta quarta-feira, 21, em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, ter feito a minuta de escritura de compra e venda do sítio de Atibaia em que o ex-presidente Lula e a falecida ex-primeira-dama Marisa Letícia aparecem como compradores do imóvel. O documento foi encontrado na casa do petista em São Bernardo do Campo. O caso envolvendo o sítio resultou na terceira denúncia contra Lula na Lava Jato. Segundo a acusação, Odebrecht, OAS e Schahin, por meio do pecuarista José Carlos Bumlai, gastaram R$ 1,02 milhão em obras no sítio em troca de contratos com a Petrobrás. O imóvel foi comprado no fim de 2010, quando Lula deixava a Presidência, pelos empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuna.
Rzzi confirmou depoimento que já havia prestado à força-tarefa no âmbito das investigações. Ele diz ter feito o documento em que constavam os nomes de Lula e Marisa a pedido do advogado Roberto Teixeira em 29 de outubro de 2010. A minuta foi lavrada no escritório do defensor e compadre do petista, segundo o escrevente. Nela, consta que a compra seria feita pelo petista em 2012.
Após a primeira tratativa com Teixeira, Rizz afirma o documento ‘teve todo o trâmite no cartório’, mas, depois, ‘estacionou’. “O assunto parou, não falou mais nada”.
O escrevente ainda relatou ter elaborado, posteriormente – quando já havia notícias na imprensa notícias que atribuíam o imóvel a Lula -, atendendo a nova solicitação do advogado, outra minuta, em que o nome dos compradores ficaria em branco. Nesta, a data da transferência constaria como sendo em 2016.
Rizzi disse ter ouvido do advogado que as lacunas da segunda minuta na área destinada ao comprador do terreno seriam preenchidas com o nome do ex-presidente.
O documento em que consta no nome de Lula, que não está assinado, foi apreendido no dia 4 de março de 2016 durante a Operação Aletheia, na residência do petista em São Bernardo.
Oficialmente, o Santa Bárbara pertence aos empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuna. Segundo a defesa de Lula, os empresários compraram a propriedade para oferecer como uma área de descanso ao ex-presidente. Lula afirma que soube do sítio no dia 15 de janeiro de 2011. Ele esteve na propriedade 111 vezes.
Segundo o documento, Lula pagaria R$ 200 mil no ato e R$ 600 mil em três prestações. Chamou a atenção dos investigadores o fato de que o contrato mostra como vendedor apenas Fernando Bittar. O nome de Suassuna não consta do documento.
Para o Ministério Público Federal, ‘menos de 2 anos após a aquisição do sítio por Fernando Bitter em favor de Lula, eles buscaram uma alternativa para consolidar não só de fato, mas também de direito, o acréscimo patrimonial do ex-presidente’, por meio das minutas, que nunca chegaram a ser assinadas.
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