Um
presidente chamado Temer —assim, sem o acento circunflexo no primeiro
‘e’, como se fosse sinônimo de ter medo— sofre do mesmo problema de uma
mulher chamada Vitória. A qualquer momento os acontecimentos podem
desmentir o nome. Recém saído de sua mais recente internação hospitalar,
Temer falou sobre a reforma da Previdência sem temer o ridículo.
Ao dar posse ao novo ministro Carlos Marun (Coordenação Política), Temer disse não ter “a menor dúvida” de que a reforma previdenciária será aprovada. Acha que a aprovação virá porque o governo tem o apoio dos presidentes da Câmara e do Senado. É apoiado também pelos líderes governistas. Conta até mesmo com “a compreensão oculta'' dos líderes da oposição.
Não é só. Segundo Temer, a reforma é avalizada por ''boa parte da população''. Na sua avaliação, os parlamentares que ainda resistem às mudanças vão perceber a posição favorável do eleitorado no período de recesso parlamentar. E voltarão a Brasília em fevereiro, às vésperas do Carnaval, “muito mais animados” com a perspectiva de dizer “sim” à emenda que mexe com as regras da Previdência.
Tomado pelas palavras, Temer parece acreditar que o problema da Previdência não é com ele, mas com os presidentes das Casas legislativas, com os líderes, com os parlamentares e, no limite, com a própria sociedade. Lorota. É com ele mesmo. Quem vendeu a alma para enterrar duas denúncias criminais na Câmara foi Temer.
Depois de gastar toda sua munição fisiológica para arrematar os votos que mantiveram sua cabeça sobre o pescoço, Temer converteu-se numa espécie de contador de padaria. Precisa dos votos de 308 deputados para prevalecer no plenário da Câmara, enviando a emenda da Previdência para o Senado. E tudo o que tem a dizer é o seguinte:
“Vai ficar para fevereiro? Ótimo! Para fevereiro vocês sabem por quê? Porque nós contamos votos. Enquanto não tivermos os 308 votos, não vamos constranger nenhum deputado. Nem nós queremos nem o Rodrigo [Maia] quer nem o Eunício quer. Ninguém quer isso.”
Em fevereiro, quando os deputados governistas voltarem dos seus Estados ainda mais constrangidos pela proximidade com a impopularidade radioativa do presidente, Temer talvez diga: “Vai ficar para abril, para setembro ou para as calendas? Ótimo. O importante é que eu não tenho a menor dúvida de que a reforma da Previdência será aprovada.”
O Brasil seria um país extraordinário se, de repente, por uma dádiva dos céus, baixasse no Palácio do Planalto um surto de rídículo capaz de impedir Temer de desmentir o próprio nome. Temer faria um enorme bem a si mesmo se voltasse a temer o ridículo.
Ao dar posse ao novo ministro Carlos Marun (Coordenação Política), Temer disse não ter “a menor dúvida” de que a reforma previdenciária será aprovada. Acha que a aprovação virá porque o governo tem o apoio dos presidentes da Câmara e do Senado. É apoiado também pelos líderes governistas. Conta até mesmo com “a compreensão oculta'' dos líderes da oposição.
Não é só. Segundo Temer, a reforma é avalizada por ''boa parte da população''. Na sua avaliação, os parlamentares que ainda resistem às mudanças vão perceber a posição favorável do eleitorado no período de recesso parlamentar. E voltarão a Brasília em fevereiro, às vésperas do Carnaval, “muito mais animados” com a perspectiva de dizer “sim” à emenda que mexe com as regras da Previdência.
Tomado pelas palavras, Temer parece acreditar que o problema da Previdência não é com ele, mas com os presidentes das Casas legislativas, com os líderes, com os parlamentares e, no limite, com a própria sociedade. Lorota. É com ele mesmo. Quem vendeu a alma para enterrar duas denúncias criminais na Câmara foi Temer.
Depois de gastar toda sua munição fisiológica para arrematar os votos que mantiveram sua cabeça sobre o pescoço, Temer converteu-se numa espécie de contador de padaria. Precisa dos votos de 308 deputados para prevalecer no plenário da Câmara, enviando a emenda da Previdência para o Senado. E tudo o que tem a dizer é o seguinte:
“Vai ficar para fevereiro? Ótimo! Para fevereiro vocês sabem por quê? Porque nós contamos votos. Enquanto não tivermos os 308 votos, não vamos constranger nenhum deputado. Nem nós queremos nem o Rodrigo [Maia] quer nem o Eunício quer. Ninguém quer isso.”
Em fevereiro, quando os deputados governistas voltarem dos seus Estados ainda mais constrangidos pela proximidade com a impopularidade radioativa do presidente, Temer talvez diga: “Vai ficar para abril, para setembro ou para as calendas? Ótimo. O importante é que eu não tenho a menor dúvida de que a reforma da Previdência será aprovada.”
O Brasil seria um país extraordinário se, de repente, por uma dádiva dos céus, baixasse no Palácio do Planalto um surto de rídículo capaz de impedir Temer de desmentir o próprio nome. Temer faria um enorme bem a si mesmo se voltasse a temer o ridículo.
Josias de Souza
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