quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Em carta, Aécio dá lições de princípios ao PSDB


O PSDB transformou a corrosão do neto de Tancredo Neves num processo de enferrujamento partidário. No escândalo da JBS, Aécio Neves foi apanhado achacando o delator Joesley Batista em R$ 2 milhões. Num enredo decente, filiado que se mete nesse tipo de trapaça deixa o partido que desonrou. Quando isso não acontece, o partido desonra quem acreditou nele.
A três dias da convenção que acomodará o cetro partidário no colo de Geraldo Alckmin, Aécio achou que seria conveniente divulgar uma carta com o balanço de sua presidência. No texto, o encrencado senador fez ao governador de São Paulo o favor de manifestar sua “confiança” na “capacidade” do correligionário.
Em homenagem ao acordão interno que manteve sua cabeça sobre o pescoço, Aécio lecionou: ''Considero que, no processo de sucessão interna ora em marcha, a unidade, a coesão, a firmeza de princípios —nos cobram, por exemplo, posição clara e corajosa em favor da aprovação da reforma da Previdência ora em debate no Congresso— são os valores maiores a serem perseguidos.''
Os dicionários ensinam que princípios são valores morais, sinais de dignidade. Alguém que joga a própria biografia no lixo e continua achando que pode dar aulas sobre esse tipo de matéria está no mundo da Lua ou numa roda de cínicos. Em nenhuma das duas hipóteses, será um personagem digno de atenção.
Aécio também anotou em sua carta meia dúzia de palavras sobre sua rotina criminal: ''Venho me dedicando de maneira integral à minha defesa diante das falsas e criminosas acusações de que sou vítima. Estejam certos de que, ao fim, restará provada a absoluta correção de todos os meus atos”.
O injustiçado tucano dispõe de uma vacina capaz de imunizá-lo contra a maledicência alheia. Aécio alega ter pedido um empréstimo a Joesley, para custear sua defesa na Lava Jato. Basta que exiba um contrato de mútuo e explique à plateia por que diabos trocou a segurança de uma transferência bancária eletrônica pelo transporte interestadual de dinheiro a bordo das mochilas de um primo —“alguém que a gente pode matar antres de fazer delação”.
Josias de Souza

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