Josias de Souza
Ao formalizar sua candidatura
à presidência do PSDB, Tasso Jereissati pronunciou um belo discurso.
Prometeu um programa partidário novo e um Código de Ética remodelado.
Embrulhou tudo para presente ao declarar coisas assim: “Não adianta
ficarmos unidos aqui e distantes do povo.” Ou assim: “É possível fazer
política com alta decência, ética e moralidade.” Evocou Mário Covas:
“Podemos até estar longe das benesses do poder, mas não podemos estar
moucos aos ruídos das ruas.” Será?
No mês passado, sob a presidência interina de Tasso, o tucanato do Senado distanciou-se do povo, esqueceu a decência e achou razoável meter-se num conciliábulo interno para salvar Aécio Neves, devolvendo-lhe o mandato e a liberdade noturna. De resto, o PSDB discute há quase seis meses a hipótese de desembarcar do governo de Michel Temer. Nesse período, fingiu-se de surdo e manteve-se grudado às benesses do poder como coral na rocha.
No momento, o que falta ao PSDB não é novo programa, outro código de ética ou palavras bonitas. Falta à legenda perceber que a sociedade já não é capaz de enxergar no ninho a alegada “alta decência”. E o ninho não é capaz de demonstrá-la. O tucanato consolidou-se como um aglomerado partidário que nunca deixa para amanhã o que pode deixar hoje.
Aécio carrega um rastro pegajoso de nove inquéritos. E faz ao PSDB o favor de conservar o título de presidente licenciado do partido. Repete-se o fenômeno de Eduardo Azeredo, um ex-presidente tucano que, a despeito de já arrostar uma condenação criminal, mantém incólume sua ficha de filiação. Em Brasília, o velho e bom centrão está quase convencendo Temer a expurgar tucanos da Esplanada. E não há sinal de uma revoada voluntária de ministros emplumados.
Tasso chama de autocrítica o movimento que lidera. Simultaneamente, estufa o peito como uma segunda barriga para declarar: “Nos três últimos anos, o que nós vimos foi uma imensa onda escândalos de corrupção envolvendo políticos e empresários em todos os partidos. O nosso, com certeza, foi o que menos sofreu. E menos sofreu porque o nosso partido tem os melhores quadros políticos no Brasil. São aqueles quadros que fazem política com ética, decência, moralidade e espírito público.”
A pretexto de renovar, Tasso moderniza o léxico. Inventa a autocrítica a favor. Além de Aécio, estão enroscados na Lava Jato grão-tucanos do porte de José Serra, Aloysio Nunes Ferreira e até o presidenciável Geraldo Alckmin. O partido saiu da disputa sucessória de 2014 como principal força da oposição. Parecia fadado a retornar ao Planalto em 2018. Hoje, o frequenta a cena política como força auxiliar do PMDB. E Tasso acha que o prejuízo foi módico.
Com os olhos voltados para gramado vizinho, Tasso sataniza o antigo rival: “O PT está acomodado em seus erros, fingindo que não viu ou dizendo que não errou. Isso é grave.” Ainda não se deu conta de que o grande adversário do PSDB é o seu próprio rabo. O partido adia para dezembro providências que deveria ter tomado anteontem. Esqueceu que sua obrigação é oferecer exemplos, não discursos.
No mês passado, sob a presidência interina de Tasso, o tucanato do Senado distanciou-se do povo, esqueceu a decência e achou razoável meter-se num conciliábulo interno para salvar Aécio Neves, devolvendo-lhe o mandato e a liberdade noturna. De resto, o PSDB discute há quase seis meses a hipótese de desembarcar do governo de Michel Temer. Nesse período, fingiu-se de surdo e manteve-se grudado às benesses do poder como coral na rocha.
No momento, o que falta ao PSDB não é novo programa, outro código de ética ou palavras bonitas. Falta à legenda perceber que a sociedade já não é capaz de enxergar no ninho a alegada “alta decência”. E o ninho não é capaz de demonstrá-la. O tucanato consolidou-se como um aglomerado partidário que nunca deixa para amanhã o que pode deixar hoje.
Aécio carrega um rastro pegajoso de nove inquéritos. E faz ao PSDB o favor de conservar o título de presidente licenciado do partido. Repete-se o fenômeno de Eduardo Azeredo, um ex-presidente tucano que, a despeito de já arrostar uma condenação criminal, mantém incólume sua ficha de filiação. Em Brasília, o velho e bom centrão está quase convencendo Temer a expurgar tucanos da Esplanada. E não há sinal de uma revoada voluntária de ministros emplumados.
Tasso chama de autocrítica o movimento que lidera. Simultaneamente, estufa o peito como uma segunda barriga para declarar: “Nos três últimos anos, o que nós vimos foi uma imensa onda escândalos de corrupção envolvendo políticos e empresários em todos os partidos. O nosso, com certeza, foi o que menos sofreu. E menos sofreu porque o nosso partido tem os melhores quadros políticos no Brasil. São aqueles quadros que fazem política com ética, decência, moralidade e espírito público.”
A pretexto de renovar, Tasso moderniza o léxico. Inventa a autocrítica a favor. Além de Aécio, estão enroscados na Lava Jato grão-tucanos do porte de José Serra, Aloysio Nunes Ferreira e até o presidenciável Geraldo Alckmin. O partido saiu da disputa sucessória de 2014 como principal força da oposição. Parecia fadado a retornar ao Planalto em 2018. Hoje, o frequenta a cena política como força auxiliar do PMDB. E Tasso acha que o prejuízo foi módico.
Com os olhos voltados para gramado vizinho, Tasso sataniza o antigo rival: “O PT está acomodado em seus erros, fingindo que não viu ou dizendo que não errou. Isso é grave.” Ainda não se deu conta de que o grande adversário do PSDB é o seu próprio rabo. O partido adia para dezembro providências que deveria ter tomado anteontem. Esqueceu que sua obrigação é oferecer exemplos, não discursos.
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