Ministério Público do Distrito Federal e ex-ministro da Fazenda haviam fechado acordo para Mantega fornecer informações sobre operações do BNDES. Em troca, MPF não poderia pedir prisão dele.
Por Camila Bomfim, TV Globo, Brasília
O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, negou nesta
segunda-feira (2) homologar o acordo entre o Ministério Público Federal
no Distrito Federal e o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega que
evitaria a prisão de Mantega.
O acordo foi fechado entre o ex-ministro e o MPF no mês passado.
No Termo de Ciência e Compromisso, Mantega se comprometeu a dar
informações sobre operações financeiras do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – leia detalhes sobre as suspeitas mais abaixo.
Supostas irregularidades em operações do banco são investigadas e, em
troca das informações fornecidas por Mantega, o Ministério Público se
comprometeria, pelo acordo, a não pedir a prisão do ex-ministro.
Esse termo é diferente de uma delação premiada, na qual o colaborador
admite o cometimento de crimes em troca de benefícios, como a redução de
pena ou progressão de regime.
Sem a homologação, o acordo não tem validade e a imunidade oferecida a ele, acordada com o Ministério Público, não é autorizada.
Empréstimos do BNDES
Mantega foi ministro da Fazenda nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (2006-2010) e de Dilma Rousseff (2011-2014).
O ex-ministro é investigado na operação Bullish, que apura supostas irregularidades nos empréstimos concedidos pelo BNDES, por meio do BNDES Par, ao frigorífico JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
Em depoimento prestado à Polícia Federal em junho, Joesley disse que
Guido Mantega atuou para beneficiar a empresa JBS nas operações com o
banco público.
O empresário afirmou também que as negociações com o BNDES começaram
quando Guido Mantega era presidente do banco, durante o governo Lula.
Ele disse também que, sem a pressão do ex-ministro, a empresa não teria conseguido o empréstimo para comprar a empresa Swift na Argentina.
Tentativa de acordo
Com o acordo fechado com o Ministério Público, o ex-ministro tenta
evitar uma nova prisão, semelhante à que aconteceu em setembro do ano
passado, quando ele foi preso temporariamente numa fase da Lava Jato.
À época, a prisão foi revogada na tarde do mesmo dia, por determinação do juiz Sérgio Moro.
Na ocasião, o ex-ministro havia sido alvo do pedido de prisão porque o
empresário Eike Batista afirmou ter pago US$ 2,350 milhões, hoje cerca
de R$ 7,3 milhões, ao PT, atendendo a um pedido de Guido Mantega.
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